88% das mortes por Covid no HRL, em 2022, foram de pessoas sem vacina ou com imunização incompleta


Por Luiza Rampelotti Publicado 16/02/2022 às 12h46 Atualizado 17/02/2024 às 02h02

Apesar de não existir nenhum levantamento do Ministério da Saúde sobre o impacto da vacinação na prevenção dos casos graves e mortes por coronavírus, os especialistas em saúde alertam: o Brasil vive, hoje, a epidemia dos não vacinados ou que não têm a vacinação completa. Eles são a maioria das vítimas pela doença nesta atual fase da pandemia.  

No Paraná não é diferente. Segundo a secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o número de pacientes entre 12 e 59 anos que morreram vítimas da Covid-19 é 23 vezes maior entre os não vacinados do que entre aqueles que se imunizaram contra a doença.

Já entre os idosos, a taxa é 27,6 vezes maior. Isso significa que as pessoas não vacinadas têm mais chances de desenvolver a forma grave do coronavírus. Os dados levam em consideração os casos registrados entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, e apontam que vacinados têm uma chance 22 vezes menor de morrer pela doença.

Quando a vacina finalmente chegou ao Brasil, trazida pelo Governo Federal, em janeiro de 2021, as pessoas acreditavam que logo a pandemia acabaria e que poderiam retornar à vida normal, com menos luto e tristeza, como vinha acontecendo há tantos meses. Apesar de, em certo momento, os casos de coronavírus realmente terem diminuído, bem como as mortes, não demorou muito para que voltasse a se registrar novos picos altíssimos.

O rápido aumento de casos, que já bateu o recorde de infecções registradas em 24 horas, em janeiro deste ano, está relacionado à propagação da variante ômicron, do novo coronavírus. No Litoral do Paraná, as festas de final de ano também influenciaram na elevação dos números, segundo o diretor da 1ª Regional de Saúde, Leovaldo Bonfim Pinto.

Aumento dos casos no Litoral

“A partir do dia 9 de janeiro deste ano, tivemos uma elevação significativa nas notificações de casos na região litorânea, muito influenciada pelas festas de final de ano e fortemente ligada à variante ômicron, de maior transmissibilidade”, diz Leovaldo.

Diretor da 1ª Regional de Saúde alerta para a importância de se completar o ciclo vacinal.

De acordo com ele, os últimos três meses de 2021 vinham sendo de declínio nos casos confirmados. Dezembro, por exemplo, foi o mês com o menor número de pacientes internados por coronavírus no Hospital Regional do Litoral (HRL), com 48 pacientes para o litoral todo. 

Atualmente, o HRL, unidade referência no atendimento a pacientes em estado grave das sete cidades da região, possui 32 pessoas internadas devido à Covid-19 – este número é três vezes maior se comparado à primeira quinzena do mês passado, quando havia 10 internados.

Além disso, até a conclusão desta reportagem, 30 pessoas já haviam falecido por conta da doença em 2022.  A maioria desses indivíduos não tinha completado o esquema vacinal.

Maioria dos mortos não tinha completado o esquema vacinal

“88% dos óbitos estavam com esquema vacinal incompleto, ou seja, não haviam tomado a dose de reforço. Desses, 35% tomaram apenas uma ou nenhuma dose”, explica Leovaldo.

Ele conta que a maioria dos internados também não completaram o ciclo vacinal. Cerca de 86% dos internados na UTI Covid não tomaram todas as doses das vacinas disponíveis, e 29% sequer chegaram a primeira etapa.

O diretor da 1ª Regional de Saúde destaca a importância da vacinação contra o coronavírus: “É muito importante que seja completado o esquema vacinal com a aplicação do reforço, levando-se em consideração o elevado número de óbitos e internamentos em UTI de pessoas que não tomaram a dose de reforço. Além disso, após decorridos aproximadamente 6 meses da 2ª dose recebida, acontece uma diminuição gradual da resposta imunológica no combate ao vírus pelo organismo, deixando a pessoa mais suscetível a adquirir a doença na forma mais grave”, reforça.

Vale destacar que os especialistas enfatizam que a vacina não é capaz de barrar completamente a infecção, mas, em seu esquema completo, previne os casos mais graves e mortes. Por isso, a recomendação é de que as pessoas procurem a dose de reforço.

Estudos já mostraram que os imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca, por exemplo, têm perda de eficácia contra a nova variante, mas mantêm significativo grau de proteção quando tomadas as três doses. Já a vacina de dose única, Janssen, também precisa de um reforço após dois meses da primeira aplicação.