Após demolição do albergue, município não tem onde abrigar população de rua


Por Redação JB Litoral Publicado 09/09/2016 às 15h12 Atualizado 14/02/2024 às 16h04

Marquise da Casa China é a mais nova ocupação em área privada. Foto: JB

Dando sequência na reportagem da semana passada, onde o JB mostrou o aumento da população de rua ocupando espaços públicos e privados na cidade, a Secretária Municipal de Ação Social, Karina Rodrigues Policarpo, admite que o município está sem local onde abrigar pessoas em situação de rua em Paranaguá.

De acordo com a secretária, a demolição do albergue municipal acabou com o serviço de acolhimento na cidade e o atendimento da população de rua, agora, vem sendo realizado pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro POP, Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), de acordo com a condição de cada indivíduo.
 

“O Centro POP não é um abrigo e sim um espaço adequado para atender tecnicamente à população que vive em situação de rua e auxiliá-la a sair dessa situação”, sintetiza Karina.
 

A secretária disse que pretende trazer o Centro POP para um imóvel público, diante da dificuldade de encontrar proprietários interessados em locar seus imóveis para esta finalidade. Segundo, Karina Policarpo, um dos imóveis públicos que poderá receber o Centro POP é o Palácio Visconde de Nácar.
 

Secretária Karina acena com instalação do Centro POP no Visconde de Nácar. Foto: JB

Um levantamento feito pela Secretaria de Ação Social mostrou que, no mês de julho, o Centro POP realizou 1965 atendimentos, envolvendo um total de 125 pessoas moradoras de rua, com ações que vão desde o café, almoço, banho, documentação, orientação e até mesmo a oferta de curso, como de panificação.

Questionada sobre o uso das calçadas, públicas e privadas, Karina explica que o morador de rua tem a garantia de exercer seu direito e ir e vir e afirma que a grande maioria da população de rua é de pessoas da própria cidade.
 

Suspeitos de droga

No mês passado, próximo das 13h, o JB fez um vídeo de dois rapazes e uma mulher que se dirigiam até o Centro POP para receberem atendimento. Ao passarem pelo veículo da reportagem, um deles acendeu um cigarro de maconha e depois dividiu com um colega. A mulher, desconfiada do carro de reportagem, alertou os usuários que não se importaram com a situação. Após algumas tragadas, ambos entraram para serem atendidos, antes, porém, um deles jogou o que sobrou do cigarro.

Informada sobre o flagrante, Karina Policarpo disse que não é possível detectar uma situação desta natureza e assegurou que pessoas com visível estado de embriaguez ou sintomas de uso de drogas não recebem atendimento no Centro POP. Ela explica ainda que, este tipo de situação, cabe o atendimento da Secretaria Municipal de Saúde, além dos casos de pessoas com transtornos mentais.

Vale destacar que a presença e o acúmulo de pessoas com este tipo de atitude tem sido motivo de revolta dos moradores da Rua Roberto Barroso, no Bairro do Alto Sebastião, onde está localizado o prédio usado pela Secretaria de Ação Social.

Em maio, uma reportagem do JB mostrou o drama vivido pelas famílias, obrigadas a conviverem diariamente com moradores em situação de rua. A situação chegou num ponto de alguns proprietários colocarem suas casas à venda, decididos a deixarem o local por medo e constantes furtos. Até mesmo um abaixo-assinado, na época, foi entregue ao Prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB).