Corujão da Vacinação iluminou a madrugada e trouxe esperança de dias melhores a Paranaguá
Redação JB Litoral
“É em casa, depois de um dia inteiro de trabalho, que me vem à cabeça a emoção. Saber que estou ajudando a salvar vidas é muito gratificante”. É assim que define a professora Patrícia Martins da Graça, 40 anos, que atua como voluntária na vacinação contra a Covid-19, em Paranaguá.
Na sexta-feira (16), a cidade fez história vacinando a população que varou a madrugada de sábado (17), com o ‘Corujão da Vacinação’ trazendo à Estação Ferroviária o que todos esperamos após um ano: a esperança de que dias melhores virão.
Até sábado, Paranaguá vacinou 16.668 pessoas contra a Covid-19 com a primeira dose, desde o começo da campanha de vacinação. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, são 7.109 pessoas que receberam a segunda dose.
Atuando como voluntária desde o começo da campanha de vacinação, Patrícia contou ao JB Litoral que tem aprendido muito nesse período.
“Passei por todos os setores que eu poderia: do cadastro no computador, até a organização da fila. Me chamam de coringa. Até agora, a única coisa que eu não fiz foi aplicar a vacina, mas se precisar eu aprendo também, viu?”, brincou a professora.
Da mesma forma que Patrícia, atuam vários voluntários que fazem a engrenagem da vacinação rodar a todo o vapor, sempre que as vacinas estão disponíveis. Jaqueline Gomes Bonini, 26 anos, que era do setor de licitações da prefeitura, tem trabalhado no registro das carteirinhas.
“É muito gratificante saber que a gente está fazendo parte dessa história. Depois de um ano de pandemia, que está longe de acabar, tudo que mais queríamos era que esse momento chegasse”.
A jovem contou que a emoção está presente em todos. “Quem vai receber a vacina sempre vem emocionado, mas as pessoas nem imaginam o quanto faz bem para nós sabermos que estamos dando um pouco de esperança para as pessoas. Ver essa alegria é demais e fortalece a gente todos os dias”.
Vanessa Franfozi, 40 anos, que atua na agência reguladora de água e esgoto, se afastou momentaneamente do trabalho para se dedicar ao atendimento na vacinação. Ela contou que Paranaguá adotou um sistema moderno, que impede fraudes.
“Foi criado um sistema para a vacinação. Ficou bem mais fácil e mais rápido o trabalho, mas também muito mais seguro, porque não tem chance de alguém, que não poderia tomar a vacina no momento, furar a fila”, explicou Vanessa.
Ela disse que essa sensação de gratidão tem sido diária entre todos os envolvidos na vacinação. “É muito importante saber que vamos participar da vacinação dos nossos familiares, amigos, e amores de muitas outras pessoas. Trabalhamos na exaustão, por dias os profissionais andam muito, mas é uma emoção muito grande saber que estamos contribuindo para salvar vidas”.
Entre os voluntários, até o secretário municipal do Trabalho, João Lozano, resolveu fazer parte dessa construção na história de Paranaguá. “Para mim é muito gratificante, nesse momento tão delicado que passamos, vejo que se todos contribuirmos um pouco, as coisas tendem a dar certo no menor tempo. Ajudo de coração, e sempre ajudarei, pois fazer o bem é sempre gostoso, uma sensação que engrandece e traz felicidade interior”.
João Lozano disse que seu coração tem se enchido não só de felicidade, mas de esperança em ver, aos poucos, as pessoas sendo imunizadas. “É imensurável, vou levar por toda minha vida o carinho que nos é retribuído por cada pessoa que ajudamos”.
Corujão da Vacinação
A edição do Corujão da Vacinação, que encheu de luz a Estação Ferroviária, aconteceu graças ao novo lote de vacinas que chegou no final de semana. Ao todo, entre sexta e sábado, foram aplicadas 2.400 doses de imunizantes contra a Covid-19.
Na sexta-feira, a cidade praticamente não dormiu, com a vacinação acontecendo das 19h às 3h da madrugada. “Vacina boa, é vacina no braço da população, e é isso que nós estamos fazendo”, disse o prefeito Marcelo Roque (PODE).
Conforme o prefeito, Paranaguá saiu na frente e mostrou a todo o Paraná que não tem preguiça. “As vacinas chegaram às 18h30, por causa de um acidente que aconteceu na rodovia, mas isso não mudou a nossa logística. Nada do que estava programado para o dia saiu do prumo”.
Conforme a prefeitura de Paranaguá, a sequência na vacinação contra a Covid-19 depende da chegada de mais vacinas. O objetivo é manter o ritmo e continuar imunizando a maior quantidade de parnanguaras que for possível a cada novo lote que chega.
Gratidão no olhar
As máscaras esconderam os rostos, mas a voluntária Vanessa Franfozi revelou que todos os dias tem se emocionado com os olhares de quem recebe a vacina contra a Covid-19. “A gente passa por dois extremos. Algumas trazem o sorriso no olhar, outras trazem a emoção”, disse ela.
Vanessa contou que algumas pessoas chegam emocionadas demais e outras felizes demais. “Quem perdeu parente ou amigo, chega muito triste por essas pessoas não terem tido a chance. Mas, de modo geral, percebemos a felicidade no olhar de todos, por saberem que chegou o momento tão esperado, rumo a uma busca por voltarmos ao normal aos poucos”.
Apesar da vacinação, a voluntária alerta que os cuidados devem continuar. “Todos nós estamos cansados de usar máscara e ficar sempre preocupados com distanciamento, mas ainda não é o momento de relaxar. O melhor, para todos nós, é manter a prevenção”.
Jaqueline, a mais jovem das voluntárias que conversou com o JB Litoral, disse se sentir mais segura, mesmo em meio a todo o caos que estamos vivendo, em poder proteger outras pessoas. “É cansativo, mas é gratificante. A gente comemora junto com cada um que recebe a vacina. Está longe de acabar, mas é um pequeno passo”.
A professora Patrícia Martins da Graça, definiu tudo o que tem vivido como doação.
“Muita gente pergunta se nós, os voluntários, já estamos vacinados, mas não estamos, não somos do grupo prioritário. Essa é a nossa maior prova de amor e de doação, pois estamos ali justamente para ver todos nós sairmos desse momento juntos”.
Patrícia avaliou que o vírus veio trazendo uma avassaladora tristeza, mas também com um papel importante: mudar a sociedade. “Tem feito a gente refletir muito e ter empatia com o próximo”.
Assim como todo bom professor, a mulher deixa o recado: continuem se cuidando. “Esse vírus mexe demais com nosso psicológico. Quem pega sente medo de morrer a todo o instante. Por isso, as pessoas precisam acreditar no perigo. Quem está se vacinando, tem que ter a consciência de que precisa manter a prevenção, por si mesmo e pelos outros”.
O secretário do Trabalho agradeceu os parnanguaras e disse ter a certeza de que tudo vai passar. “Logo esse pesadelo ficará no passado. Mas fica a lição para refletirmos. Vamos agradecer a Deus por mais um dia de vida a todo o momento, e não reclamar por tudo ou achar culpados pelos nossos erros”.