Médico ginecologista é acusado de importunação sexual por paciente, em Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 04/05/2022 às 19h38 Atualizado 17/02/2024 às 07h42

Não são raros os casos de médicos homens acusados de abusar de pacientes mulheres nos consultórios ou hospitais do país. Uma das últimas situações mais famosas e polêmicas foi a do médico ginecologista obstetra Renato Kalil, acusado de violência obstétrica, assédio moral e abuso sexual por, ao menos, 6 mulheres de Salvador (BA).

Em Paranaguá, uma situação semelhante foi registrada, por meio de Boletim de Ocorrência (BO), na 1ª Subdivisão Policial (SDP), contra o médico ginecologista obstetra e servidor público aposentado do Instituto Médico Legal (IML), Amauri Bilieri, de 63 anos, na tarde de terça-feira (3). Uma mulher de 25 anos afirmou aos policiais que sofreu importunação sexual pelo profissional em sua clínica particular.

Segundo ela, ao chegar na clínica e entrar na sala do médico para realizar um exame de manutenção do dispositivo intrauterino (DIU), seu método contraceptivo, ele trancou a porta, o que acendeu um alerta. Ao longo da consulta, Amauri teria pedido para que a jovem se deitasse e retirasse a parte de baixo da roupa para iniciar o exame e, a partir daí, começou a agir “de forma estranha em relação às suas partes íntimas”, conforme consta no BO.

Em seguida, o médico teria pego um gel lubrificante e dado início ao exame com suas mãos e, na sequência, teria realizado gestos estranhos como de masturbação com uma de suas mãos na vítima”. De acordo com o Boletim de Ocorrência, a situação se repetiu por duas vezes.

Segundo o relato, na segunda vez, a mulher enviou uma mensagem de texto para o marido, que a aguardava na parte de fora da clínica, se vestiu rapidamente e pediu para que o médico destrancasse a porta do consultório e a deixasse sair. Fora da sala, o casal fez contato com a Polícia Militar via 190.

O BO destaca que Amauri chegou a pedir desculpas sobre o ocorrido e implorar para que eles não acionassem a polícia. Diante da negativa da jovem, ele teria se evadido do local antes da chegada dos policiais.

Amauri disse que desconhece o BO

Amauri é médico ginecologista obstetra e atualmente atende em sua clínica particular. Foto: Reprodução/WhatsApp

O JB Litoral procurou o médico Amauri Bilieri, que afirmou desconhecer o registro do BO contra a sua pessoa. Ele ainda tentou impedir o jornal de noticiar o caso, afirmando que não autorizava a veiculação de qualquer notícia sobre tal fato.

Desconheço qualquer Boletim de Ocorrência registrado contra a minha pessoa, razão pela qual impede que eu exerça de forma adequada o direito ao contraditório, o qual se trata de um direito fundamental previsto na Constituição Federal. Assim, só posso me manifestar de acusações da qual eu tenha ciência do seu inteiro teor. Portanto, não autorizo a veiculação de qualquer notícia sobre tal fato, vinculando a minha pessoa ou minha clínica, sob pena de responderem civil e criminalmente pela leviana conduta”, disse.

A jovem, que prefere não se identificar, também foi procurada, mas afirmou que só se pronunciará sobre o assunto após a orientação de seu advogado.

O JB Litoral ressalta que ainda não houve qualquer investigação sobre o caso, uma vez que se trata apenas de um BO. A equipe de reportagem também procurou o delegado de Polícia Civil, Nilson Diniz, para comentar a respeito de quais procedimentos serão tomados a partir de agora. Até o fechamento desta reportagem não houve retorno.