Editorial: A conta que não fecha e os postos que lucram; a nova era Mad Max


Por Redação Publicado 26/01/2022 Atualizado 17/02/2024
postos de gasolina, postos fechados, locko

Que o brasileiro é um povo trabalhador, criativo, que nunca foge à luta, isso a gente sabe e sente na pele. Mas, enquanto tem essa parcela da população, também existe a turma da malandragem, que leva vantagem, a turma da corrupção, do toma lá, dá cá. Vivemos tempos sombrios, não apenas pelo inimigo microscópico que ceifou milhares de vidas por aqui e milhões pelo mundo, mas pelas consequências econômicas e de como a parcela podre da humanidade se comporta diante delas.

Em terras tupiniquins, o que nós, meros mortais trabalhadores já sabíamos (e projetavam economistas renomados) se confirmou, a inflação explodiu e fechou 2021 em 10,06%, a maior dos últimos seis anos. Obviamente, não existe apenas um fator para isso, mas lá, no topo da lista, está o que move esta nação, que tão pouco investe em outros modais, além do rodoviário, os combustíveis. Na gasolina, a absurda alta acumulada de 47,49% no ano, e o etanol? O branquinho, que batíamos no peito e dizíamos que era o combustível brasileiro, com o acúmulo de 62,23%. Nem precisa mais fazer aquela conta dos 70%, já não é mais vantajoso abastecer apenas com etanol, mas ele também compõe a mistura que hoje chamamos de gasolina.

E o povo, que já ia improvisando, comendo ovo, com os preços astronômicos da carne, substituindo alguns gêneros alimentícios, quando outros itens da mesa viravam artigo de luxo, agora faz como sem poder se locomover? Quem pode e consegue, tem reduzido o uso do carro, mas os preços dos combustíveis afetam de uma maneira tão generalizada a nossa vida, que não tem como fugir, pagamos o pato e, muitas vezes, sem ter nem como escolher a cor do bichinho.

E quem mora em Paranaguá sabe disso. Não dá para optar ou substituir, os postos da região central vêm deixando os motoristas sem ter o que escolher, porque o peso no bolso será igual, os preços são iguais. O sindicato coloca na conta da Petrobras “de um ano para cá, a Petrobras elevou os preços nas refinarias em 76%”, “não podemos comprar direto das refinarias e ficamos à mercê das distribuidoras”, “não há tabelamento de preços e cada empresa forma seu preço conforme os custos que tem”, tá “serto”… E nós ficamos aqui, com o único poder de escolha que é comer, ou pagar a passagem de ônibus, pagar a conta de luz ou abastecer o carro, pagar a escola do filho ou a conta na peixaria do Zé, e, cada vez mais, nos aproximando do lendário Mad Max, que tornou o Mel Gibson conhecido no mundo (e garantiu a ele dinheiro suficiente para não se preocupar com o preço cobrado nas bombas). Quem não chega hoje em um posto e pensa no “Só vim pela gasolina”?