Um caso ocorrido em 2011, envolvendo um ônibus da Viação Graciosa e uma passageira, pode ter desdobramentos quase dez anos depois. Na época dos fatos, Leonilda Westphalem Barba, que tinha 78 anos, embarcou no coletivo da companhia para fazer o trajeto Paranaguá sentido Antonina e, após uma arrancada brusca, a idosa acabou caindo e fraturando a costela, arcos costais e tendo traumas no tórax.
Após decisão judicial da juíza Louise Nascimento e Silva, da Vara Cível de Antonina, a passageira ganhou um valor de R$30.789,67 para custear o tratamento e uma indenização pelo acidente ocorrido, valor pago pela Viação Graciosa. Porém, em 2018, Leonilda começou a apresentar problemas respiratórios. Segundo o laudo, lavrado pelo doutor Ruy Fernando Kuenzer Caetano da Silva, especialista em cirurgia torácica, a idosa tem que fazer acompanhamento ambulatorial e após investigação, por meio de exames, “há a hipótese da relação direta ao trauma torácico prévio ocorrido”.
A Viação Graciosa se manifestou no novo processo por intermédio de seu advogado, que afirmou que há divergência nos laudos apresentados e que Leonilda poderia ter sofrido nova queda e os problemas de saúde poderiam ser em decorrência desse fato. “Questiona-se a divergência entre o lado do tórax que apresentou fratura em 2011 (6º, 7º, e 8º arcos costais direito) e o lado que apresenta fratura atualmente (4º ao 9º arcos costais direito e 6º e 7º arcos costais esquerdo), assim como a existência de processos infecciosos prévios a 2019. Destaca-se que tais questionamentos poderão ser sanados apenas com a realização de perícia médica”, descreveu na petição.
Em análise, a juíza Emanuela Costa Almeida Bueno, da Vara Cível de Antonina, definiu que um perito do município ou do estado deverá analisar a causa e tirar a dúvida se Leonilda Westphalem Barba, hoje com 88 anos, está com sequelas do acidente ocorrido em 2011 ou de nova queda.
Mudança de vida
O filho da idosa, João Luís Barba, afirma que desde que ela sofreu o acidente em 2011 a vida da família mudou. “Tivemos que nos mudar para Curitiba devido ao tratamento da minha mãe, gasto com home care, fisioterapeuta, enfermeira, nutricionista e vivo em função dela”, disse o filho. Leonilda respira por meio de uma traqueostomia e recebe cuidados 24 horas por dia, além de precisar de uma cama de leito e medicamentos.
O advogado da família, Marcelo Melo, esclareceu que “Leonilda recebe uma pensão de cerca de R$16.500,00 por mês paga pela Graciosa para custear o seu tratamento, mas a empresa pediu para que o pagamento seja revisto. A idosa solicitou que a pensão seja vitalícia. O que acontece é que há uma manipulação do processo da empresa para que não haja um custo por um dano causado por eles mesmos”.
João Luis ainda afirma que a mãe sofre com as consequências do acidente, está acamada e inclusive teve o diagnóstico de depressão após ter sido avaliada pelo geriatra Mauro Roberto Piovezan, que “atesta para fins jurídicos que Leonilda é portadora de CID F32, em tratamento, estando incapacitada de exercer suas atividades de vida diária”.
A decisão da juíza Emanuela Costa Almeida Bueno, responsável pelo caso, só deverá ser tomada após a avaliação do perito convocado e o laudo pericial divulgado.