Aldeia indígena em Guaraqueçaba deve receber, em breve, unidade de saúde


Por Luiza Rampelotti Publicado 28/04/2022 Atualizado 17/02/2024

A comunidade indígena Kuaray Guatã-Porã, localizada em Guaraqueçaba, irá ganhar uma Unidade de Saúde dentro da aldeia Cerco Grande, que é onde eles vivem. A decisão foi tomada na quarta-feira (27), quando o secretário municipal de Saúde, Alcendino Ferreira Barbosa, a chefe do núcleo da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Paranaguá, Caroline Willrich, o promotor de Justiça Antonio Cezar Quevedo Goulart Filho, e demais representantes do Município estiveram reunidos com os indígenas residentes na aldeia.

Atualmente, aproximadamente 50 indígenas vivem na Cerco Grande e aguardam há anos a construção de uma Unidade de Saúde no local. Os investimentos para a obra serão realizados com recursos remanescentes do Programa Saúde Indígena, que desde 2011 tem cerca de R$ 154 mil na conta. Como o valor da obra deve passar a quantia existente, os demais recursos serão garantidos pelo Município, aproximadamente R$ 60 mil.

De acordo com a prefeita Lilian Ramos Narloch, a reivindicação é antiga e, agora, deverá finalmente sair do papel. “Os povos originários residentes em Guaraqueçaba esperam, há muito tempo, a construção dessa Unidade de Saúde que atenderá as famílias indígenas. Isso dará mais dignidade e saúde para eles e fico feliz que isso esteja acontecendo na minha gestão, porque não deixamos ninguém de lado”, diz.

Já o secretário de Saúde, Alcendino Barbosa, mais conhecido como Thuca da Saúde, explica que já havia um plano de aplicação para os recursos remanescentes, porém, nunca havia sido executado. “Isso fazia tempo que havia sido aprovado, desde 2014, mas a gestão anterior não concluiu o projeto e iremos finalizar agora”, comenta.

Obras devem começar em 90 dias

Segundo a engenheira civil da prefeitura, Andressa Berno Benetti, a Unidade de Saúde será construída no projeto-padrão tipo 1, que compreende uma equipe do Programa Estratégia Saúde da Família. A expectativa é que as obras sejam iniciadas em até 90 dias.

O cacique Felipe Silva aponta que, atualmente, há várias dificuldades de atendimento médico no local. “Já recebemos tratamento ríspido por cidadãos da cidade quando precisamos ir até o posto de saúde, dizendo que não era para nós irmos até lá porque temos atendimento próprio. Então, uma unidade na comunidade nos ajudaria muito. Porém, também precisamos de um barco para transportar os indígenas em situações de emergência”, diz.

Sobre o barco, Thuca da Saúde explica que existe um pertencente à FUNAI que está “jogado”, mas que há viabilidade de reforma e que o Município já pediu cessão à Fundação, a fim de utilizá-lo para a comunidade. No entanto, até hoje não foi respondido.

Carolline Willrich explica que é a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) a responsável pela Atenção Básica em Saúde, mas as consultas são de responsabilidade do Município. “O médico da SESAI encarregado da comunidade Cerco Grande alega que não comparece até a aldeia por falta de posto de saúde no local, então, com a construção de uma unidade esperamos que a situação melhore”, comenta.

A partir de agora, o Poder Executivo deve enviar à Câmara de Vereadores um pedido de autorização para crédito suplementar para a construção da unidade de saúde. Assim que for aprovado, as obras devem ser iniciadas.