Após divulgação de áudio, Adriano Ramos pede afastamento do vereador Nagel


Por Luiza Rampelotti Publicado 06/05/2020 às 11h12 Atualizado 15/02/2024 às 09h50

No início de abril, um áudio atribuído ao vereador Benedito Nagel (PSL), da Câmara Municipal de Paranaguá, passou a circular nas redes sociais, gerando indignação em seus eleitores e demais parnanguaras. Na gravação, ele convida um professor de educação física, não identificado, para ser candidato a uma cadeira no Poder Legislativo, afirmando que essa atitude o ajudaria a se reeleger, devido à legenda eleitoral. Além disso, Nagel deixa a entender que se o professor o “ajudasse”, poderia se beneficiar, uma vez que sua equipe “está toda colocada, empregada”.

Em um trecho, a voz que parece ser do vereador afirma que o partido, do qual ele era presidente, possuía vagas e teria recursos para ajudar os candidatos. Em outro, ele comenta que precisa de legenda para poder se reeleger, pois também está “dentro dessa chapa”.

Em seguida, a conversa toma um rumo diferente, que foi classificada pelos internautas como imoral. “Estou há 20 anos na política diretamente, com três mandatos, posso dizer para você que minha equipe nunca deixei na mão. Hoje estou com a minha equipe, não 100% dela como deveria, porque ainda estou na dependência de alguns cargos no porto (…), mas tá toda colocada, empregada”, diz.

Em outro momento da conversa, é informado ao professor que a candidatura o aproximaria do prefeito Marcelo Elias Roque (Podemos). “Conheço uma pessoa que saiu candidata na eleição retrasada comigo, e fez menos de 200 votos, e já está por dois mandatos empregada, porque ela teve oportunidade de estar ao lado do prefeito, conversar (…), saiu candidata, esteve no dia a da e depois conseguiu uma colocação”, afirma a voz.

Vereador protocolou uma representação contra Nagel na Câmara

Representação na Câmara de Vereadores

Para verificar a veracidade do áudio, o vereador Adriano Ramos (Republicanos) protocolou uma representação contra Nagel, que é, também, residente da Comissão de Ética na Câmara de Vereadores, requerendo seu afastamento do cargo.

O Conselho de Ética da Câmara Municipal é encarregado de julgar e aplicar penalidades aos vereadores, nos casos de descumprimento das normas relativas ao decoro parlamentar. No caso do vereador Nagel, a Comissão de Ética tem a obrigação, se assim entenderem, de analisar o referido áudio e determinar se abrem uma sindicância ou não”, explica Adriano.

Segundo ele, com relação ao áudio, não há nada ilegal em convidar pessoas para se filiar a partidos ou serem candidatos a vereador. “Mas, da forma que o Nagel colocou, é, no mínimo, imoral, e deve ser apurado, pois o exercício do mandato de um parlamentar exige conduta digna”, diz.

Adriano conclui afirmando que o capítulo III do Código de Ética e Decoro Parlamentar, determina, em seu artigo 7º, que são procedimentos incompatíveis com a postura parlamentar, puníveis com a perda de mandato, o abuso de prerrogativas asseguradas ao vereador. “No áudio, dá a entender que se o professor surpreender na eleição pode garantir um cargo comissionado. Isso é abuso das prerrogativas”, finaliza.

Cabe destacar que a representação não é votada pelo plenário. O presidente da Câmara, Waldir Turchetti da Costa Leite (PSC), será comunicado por meio dela, e a encaminha justamente para a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que analisa a possibilidade de uma abertura de sindicância.

Procurado pelo JB Litoral para dar sua versão dos fatos, até o fechamento desta reportagem, o vereador Nagel não se manifestou.