Aumento de preços em itens da cesta básica, principalmente do arroz, causa revolta


Por Luiza Rampelotti Publicado 09/09/2020 às 22h21 Atualizado 15/02/2024 às 15h28

Os alimentos, especialmente aqueles de primeira necessidade, como os itens da cesta básica, estão custando mais caro no mercado e o consumidor brasileiro já sente a diferença no bolso. Desde o início da pandemia do coronavírus, esses aumentos sucessivos seguem pressionando o consumidor, principalmente, das famílias mais pobres, as mais atingidas pelo desemprego e perda de renda devido aos impactos econômicos da doença.  

Em Paranaguá, a população se revoltou e foi para as redes sociais protestar contra os valores considerados “abusivos” por muitos. Na ocasião, moradores registraram, por meio de vídeos compartilhados no Facebook, os preços do saco de 05 quilos (kg) do arroz, R$ 19,90; 01 kg de feijão, R$ 5,70, e da caixa de um litro de leite, R$ 4,39. Eles pediam a intervenção dos órgãos públicos contra as redes de supermercados.  

No início deste mês, integrantes do Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor), do município, foram registrados vistoriando mercados da região. No mesmo dia, a Associação Paranaense de Supermercados (Apras) divulgou uma nota afirmando que o aumento dos preços de alimentos como o arroz, feijão, leite, carne e óleo estão acontecendo devido aos reajustes das indústrias fornecedoras desses itens. “A justificativa deste aumento é, principalmente, pelo crescimento das exportações destes produtos e de suas matérias-primas. Como o dólar está alto, a exportação acaba sendo mais lucrativa para as empresas e, infelizmente, a política fiscal brasileira incentiva esta prática”, diz.  

Além do aumento das exportações, a entidade também explica que a alta está relacionada à queda das importações e elevação no consumo interno, após início do isolamento social, com a população passando a se alimentar mais em casa.  

Aumento de 20% em Paranaguá 

Segundo o coordenador de índices de preço do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, o grupo de produtos formado por arroz, farinha de trigo, açúcar refinado, açúcar cristal, frango em pedaços, carne bovina, carne suína e óleo de soja acumula alta de 28,98% no atacado em 12 meses, até agosto. Ao consumidor, essa mesma cesta de itens subiu 23,8% no mesmo período.  

Na última semana de agosto, o administrador do mercado Tio João, em Paranaguá, Thiago Kruger, se viu obrigado a também aumentar os preços dos itens já citados. “Esse aumento já está acontecendo há alguns meses, mas o maior foi na última semana de agosto. A razão, eu acho, é porque a exportação cresceu muito, é o que dizem os meus fornecedores. Além disso, por causa da pandemia, tem pouca gente produzindo e muita gente em casa, o que ocasionou o aumento no consumo”, diz.  

Porém, Thiago afirma que, apesar do aumento, o consumidor continua comprando, já que são produtos de primeira necessidade. “Além disso, o público que tem a menor renda está contando com o Auxílio Emergencial, então ele acaba comprando, porque não tem como não comprar. O único item que caiu a venda por causa do preço foi a carne de porco, que pode ser substituída”, avalia.  

Arroz Buriti é plantado em Paranaguá 

No litoral do Paraná, existem alguns produtores de arroz. Em Paranaguá, na Colônia Maria Luiza, o produtor Rodrigo Maciel Campregher planta o grão desde o ano 2000. Associado à Cooperativa Juriti, que industrializa e comercializa o arroz de marca Buriti, ele faz a plantação em 38 hectares e colhe, anualmente, cerca de 05 mil sacos de arroz de 50 quilos. 

Na última semana, a população ficou indignada com o preço do arroz

A cooperativa beneficia o arroz, cujo processo envolve as etapas de secagem, armazenamento, industrialização e comercialização da produção recebida dos seus 780 associados, produtores em vários Estados. “Além de Paranaguá, existem outros produtores em Antonina, Morretes, Guaraqueçaba e no Cubatão, em Guaratuba. A Juriti compra esses sacos e lá realiza todo o processo para o Buriti chegar aos mercados”, informa Rodrigo.  

Natural de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, ele conta que desde criança sempre atuou no cultivo do arroz e continuou seguindo os passos de seu pai, que ainda vive e produz no Estado vizinho. Porém, decidiu vir a Paranaguá em 2000, quando percebeu uma boa oportunidade para começar o seu próprio negócio.