Câmara Municipal abre CEI contra DFF para investigar o transporte de balsa


Por Redação JB Litoral Publicado 04/04/2015 às 08h09 Atualizado 14/02/2024 às 06h53

  Denunciado pelo JB desde 2009, o descumprimento do contrato nº. 4/2008 – firmado entre a prefeitura e a Operações Marítimas Luzia Silva- que havia garantido a empresa mais 20 anos para prosseguir na prestação do transporte de veículos para a Ilha dos Valadares fez com que em dezembro de 2011 a empresa DFF Serviços Técnicos, Construção Civil e Naval assumisse a travessia do Rio Itiberê.
  Após prestar um serviço em caráter emergencial na cidade, a empresa renovou seu contrato trimestral por mais duas vezes.
  Mesmo neste período emergencial, a empresa mostrou não ter condições e estrutura suficientes para atender a demanda de serviço aos moradores e comerciantes da Ilha dos Valadares.

  Em abril de 2012, com quatro meses de operação, a balsa apresentou problemas por três vezes seguidas, inclusive encalhando perigosamente na margem do rio.
  Em dezembro do ano passado, houve um dos maiores protestos pelas condições precárias do serviço de balsa, liderado pela atual presidente da Associação dos Moradores da Ilha dos Valadares (AMIV), Mirian Alaferdoglou, que resultou na promessa da prefeitura de concluir o trapiche nas margens do Rio Itiberê em 40 dias, ou seja, até janeiro deste ano, o que não aconteceu.

  Porém, depois de vencer a concorrência pública e garantir um contrato para a execução dos trabalhos de travessia para a Ilha dos Valadares por um prazo de 15 anos, os problemas não pararam.
  Em julho do ano passado, uma tentativa do vereador Arnaldo Maranhão (PSB) de fazer com que os responsáveis pela empresa DFF comparecessem à Câmara para prestar esclarecimentos sobre a prestação do serviço, foi derrubado pelos vereadores Benedito Nagel (PSD) e Sandra Neves (PDT) que votaram contra a vinda da empresa na sessão para prestar esclarecimentos.
  A motivação para que a empresa viesse até a Câmara, segundo Maranhão, foi o péssimo serviço prestado aos moradores e usuários que necessitam se locomover do continente até a ilha.
  Na época, ao defender a empresa, a vereadora Sandra Neves disse que, em recente reunião, dos vereadores da Comissão que integra, juntamente com os responsáveis pela DFF e o prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), a empresa pediu mais 60 dias para por a nova balsa no Rio Itiberê e atender aos usuários. Disse ainda que 80% dos serviços que a DFF deve prestar estavam encaminhados. Mais uma vez, mesmo com a balsa nova, os problemas não acabaram.

Aprovação sem votos das duas Sandras

  Na quinta-feira (26), a reportagem do JB esteve no ponto de embarque da empresa DFF, ou melhor, no amontoado de brita na margem do Rio Itiberê e constatou que a nova balsa não estava em funcionamento desde a segunda-feira (23). Trabalhadores estavam usando uma bateira para levar mais de 180 sacos de cimento do continente para ilha.
  Diante desta situação, a Câmara Municipal aprovou na terça-feira (24) a criação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) proposta pelo vereador Jacir Moraes de Oliveira (PSL) e aprovada por todos os vereadores que estavam no plenário, uma vez que as vereadoras Sandra Neves e Sandra Luzia Lopes dos Santos Souza (PP), a Sandra do Dorinho, deixaram o plenário e permaneceram na sala de espera retornando somente após a aprovação da CEI. Vale destacar que a vereadora Sandra Neves é uma das três representantes da Ilha dos Valadares na Câmara Municipal.
O vereador Nagel que no ano passado acompanhou a vereadora Sandra Neves no voto contrário ao pedido para vinda da DFF para prestar esclarecimentos na Câmara, desta vez, votou pela investigação da empresa.

As vereadoras Sandra Neves e Sandra Luzia Lopes dos Santos Souza (PP), a Sandra do Dorinho, deixaram o plenário e permaneceram na sala de espera retornando somente após a aprovação da CEI

  Além da precariedade no atendimento aos usuários do transporte de balsa, a CEI pretende investigar a denúncia do não pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS), lembrado pelo vereador Waldir Leite (PSC) em julho do ano passado, aonde ele chegou a sugerir ao vereador Maranhão que incluísse no seu pedido de explicações a vinda do Secretário Municipal da Fazenda para falar sobre este assunto na Câmara Municipal.