Candidatos a deputado do PMDB poderão subir ao palanque com Richa e Gleisi


Por Redação JB Litoral Publicado 23/07/2014 às 21h00 Atualizado 14/02/2024 às 00h54

A Executiva Estadual do PMDB do Paraná aprovou uma resolução que poderá permitir aos candidatados do partido a deputado estadual e federal que subam no palanque ao lado do candidato a governador do PSDB, governador Beto Richa, e da candidata do PT, senadora Gleisi Hoffmann. Segundo interpretação do texto da resolução do partido, há a possibilidade de que candidatos participem de eventos políticos de adversários do candidato a governador do próprio PMDB, o senador Roberto Requião.

O único impedimento seria o de pedir voto a favor dos adversários do candidato peemedebista. Tal fato é defendido principalmente pelo deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), aliado de Richa. “Havendo coincidência de agendas, aos candidatos a deputado estadual e federal do PMDB que sejam apoiados por lideranças de outros partidos/coligações, diversos do PMDB, ficará assegurada a participação em eventos políticos, comícios, reuniões e afins, promovidos por essas lideranças, ainda que os mesmos contem com a presença de candidatos às eleições majoritárias que não sejam do PMDB, desde que o candidato a deputado estadual ou federal não peça votos para aquele”, afirma a resolução, criando uma resolução para que os deputados apoiem candidatos que não sejam do PMDB.

Um dos argumentos defendidos, principalmente por Romanelli, é de que as dobradinhas com candidatos de outros partidos poderiam facilitar a eleição dos candidatos, visto que, com a aliança atual na proporcional do PMDB, o coeficiente eleitoral para eleição deverá exigir um alto número de votos. “Eu, por exemplo, tenho ‘dobrada’ com o Ênio Verri (candidato a deputado federal, atualmente deputado estadual e presidente do PT-PR)”, defende Romanelli.

Segundo entendimento do deputado estadual, há agora a liberdade para que os candidatos possam subir em palanques ao lado de Beto Richa ou Gleisi Hoffmann, assim como qualquer outro candidato ao governo estadual. O único impedimento é o de pedir voto publicamente aos candidatos do PT e PSDB, algo que somente é permitido ao candidato do PMDB, Roberto Requião. Romanelli afirma que poderia subir ao palanque ao lado de Beto Richa, seu aliado político nos últimos anos, desde que não peça votos a ele.

A resolução do PMDB escancara o “racha” dentro do partido, que coloca em confronto os peemedebistas defensores da candidatura própria de Requião, que saíram vencedores na convenção do dia 20 de junho, com os membros do PMDB que defendiam a coligação com o PSDB de Richa, que perderam a convenção partidária do último mês. A maioria da bancada peemedebista na Assembleia Legislativa era a favor da coligação com PSDB, 11 deputados estaduais eram pró-Richa, enquanto somente dois queriam candidatura própria. O argumento dos deputados pró-aliança com o PSDB era de que a candidatura própria diminuiria o número de cadeiras do PMDB na ALEP, algo que deverá ocorrer, pois, sem aliados na chapa proporcional, há previsão de que o PMDB eleja somente oito deputados estaduais, diminuindo consideravelmente o número da bancada, que atualmente é a maior da ALEP.

Possível infidelidade

Desde 2010 o PMDB vem sendo rachado, na época o senador Roberto Requião (PMDB) defendeu uma aliança do partido com o candidato a governador, Osmar Dias, algo que não foi defendido por parte dos deputados e dos convencionais, que inclusive fizeram campanha na época por Beto Richa. Com isso, há a possibilidade de que nessas eleições novamente se repita o “racha” no PMDB, algo reforçado com a resolução que permite que os candidatos a deputado subam ao palanque com adversários de Requião.

Apesar disso, o coordenador da campanha de Roberto Requião, o ex-presidente da ALEP, Hermas Brandão, defende que qualquer infidelidade na campanha política não será tolerada, afirmando que os candidatos a deputado do PMDB que subirem ao palanque, apoiando candidatos adversários do partido, correm o risco de serem enquadrados na Lei da Fidelidade Partidária, com ameaça inclusive de perder legenda e a chance de concorrer no pleito. Apesar disso, Brandão acredita que isso não irá ocorrer, aguardando agora como os candidatos irão se comportar no pleito que deverá se intensificar já nessa semana, com a final da Copa do Mundo.

No contexto do litoral paranaense, a resolução do PMDB permite que candidatos a deputado do partido subam em palanques de adversários poderá ser uma boa alternativa para o candidato a deputado estadual, vereador Marquinhos Roque (PMDB). O presidente da Câmara de Paranaguá, que teve candidatura confirmada em ata do PMDB na última semana, é desafeto público de Requião, e defendia a aliança com Beto Richa (PSDB). Com a resolução há a possibilidade então de Marquinhos subir ao palanque ao lado de Richa.

Além de permitir com que candidatos a deputado do PMDB subam ao palanque ao lado de Richa, a resolução também autoriza que o apoio para Gleisi Hoffmann (PT). O PT e o PMDB são aliados nacionalmente, inclusive na disputa pela presidência da República, visto que a presidente Dilma Roussef (PT), possui como vice-presidente justamente o presidente nacional do PMDB, Michel Temer. Tal coligação poderá fazer com que candidatos peemedebistas subam ao palanque petista. Resta saber agora como será na prática tal resolução, com o início dos comícios e intensificação da campanha eleitoral.

*Com informações do Bem Paraná e Roseli Abraão