Casario no centro de Paranaguá é demolido do dia pra noite


Por Redação JB Litoral Publicado 03/06/2014 às 21h00 Atualizado 14/02/2024 às 01h47

Na última semana de maio, um prédio histórico localizado no centro de Paranaguá, mais precisamente na rua Marechal Deodoro, ao lado da Loja Maxi Mundial, foi demolido do dia para a noite, causando revolta por parte dos moradores nas redes sociais que entenderam o ato como uma agressão à história parnanguara. O local, no início do século passado, foi um cassino, tendo como vizinho o ilustre Dr. Roque Vernalha. Apesar disso, a Prefeitura ressalta que a demolição foi legal, pelo local não estar no setor histórico do município e sim no de proteção do município.

O primeiro a noticiar tal fato foi o fotógrafo Iroze Benck Picanço, que fotografou o local à noite no dia 18, data em que foi demolido. Em sua postagem, a discussão “fervilhou”. O historiador Florindo Wistuba, lamentou nas redes sociais a demolição do local, frisando a importância histórica do local, que já foi uma casa de jogos e shows, afirmando que “Mais um prédio histórico, que se encontrava na área envoltória do tombamento, neste final de semana não conseguiu resistir. Para quem não sabe, o prédio era um hotel cassino, com shows e criou uma grande discórdia com o vizinho, o Dr. Roque Vernalha e que, infelizmente, gerou a morte do Prefeito Dr. Roque Vernalha”, informou o historiador. Ainda segundo Wistuba, “para uma cidade que deseja ter turismo, não é derrubando prédios históricos que um dia vai conseguir”.

Quem comentou o fato também na grande rede foi o proprietário da Loja Giramundo, Márcio Furtado Niwa, que informou que o imóvel seria de propriedade de Mário Abe e teria sido vendido para o proprietário da Loja Planeta Jeans, algo que não foi confirmado oficialmente. Outro que comentou tal fato foi o ex-vice-prefeito de Paranaguá, Fabiano Elias, que afirmou: “Como podem demolir uma fachada dessas, em área protegida?!”, completando ainda que aguardaria uma resposta por parte da Prefeitura quanto ao zoneamento urbano do local.

Não só críticas foram feitas a demolição, outros cidadãos fizeram questão de elogiar tal fato, afirmando que isso é decorrente do progresso, afirmando ainda que o local, estava abandonado, torne-se novamente ativo. O usuário Silvio Renato Pereira de Mello afirmou que na mesma quadra do local haviam outros prédios antigos que também foram demolidos: “Eu morei nesta rua, tinha a casa da família Vernalha, a casa da família do Caetano Munhoz da Rocha, a casa do Dr. Anibal Ribeiro, agora um prédio que estava abandonado há mais de 20 anos que foi demolidos fazem estes comentários? Isso se chama progresso”. No mesmo sentido, a usuária do facebook, Eloise Santos, ressaltou “tinha que demolir mesmo, naquele terreno abandonado o paredão podia cair a qualquer momento em cima de alguém, estava horrível e era habitat de morcegos”. “Acho que este local seria bom se todos os pontos comerciais fossem bares, cafés, restaurantes, um grande centro gastronômico.O turista iria gostar”, completa a usuária Dalgisa Bonaldi.

Prefeitura diz que demolição foi legal

Sobre a questão da demolição do casario da Rua Marechal Deodoro, a Prefeitura informou ao JB, que “por meio da Secretaria Municipal de Planejamento informou que os técnicos, baseados na Lei Complementar 62/2007 que institui o Zoneamento de uso e ocupação do solo do Município de Paranaguá, na seção II, artigo 113, inciso 1º diz que é considerado unidade de interesse de preservação todo imóvel no setor histórico e área envoltória”.

Sobre a questao do imóvel ser pertencente ao centro histórico, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), a assessoria responde que, de acordo com a Lei exposta anteriormente, “o imóvel em questão está no setor de proteção, e não no setor histórico. Além disso, todo o processo relacionado ao imóvel em questão ocorreu conforme os procedimentos requeridos pela Prefeitura de Paranaguá, passando pela análise e verificação necessárias”, finaliza.