Casos de dengue e mortes deixam prefeitura de Paranaguá em alerta


Por Redação Publicado 01/03/2021 às 20h24 Atualizado 15/02/2024 às 20h16

Por trás da pandemia da Covid-19 há uma outra doença que vem assustando, mais uma vez, a maior cidade do litoral paranaense. Composta por 156.174 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Paranaguá registra, desde agosto de 2020, pouco mais de 190 casos de dengue. Desses, uma morte foi confirmada, e, a outra, apesar de ter sido divulgada pelo portal da prefeitura, como decorrente da doença, está sendo investigada pelas autoridades de saúde.

A primeira vítima de 2020 foi Evellyn Rocha, de 23 anos, a qual era portadora do diabetes e estava internada desde o dia 17 de fevereiro. O óbito por dengue, ocorrido no dia 18, foi confirmado por familiares e pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

Evellyn Rocha tinha 23 anos e morreu no dia 18 de fevereiro.

Já a outra morte, tratada como suspeita da doença, foi registrada no dia 25 do mesmo mês. Peterson Poleti, de 36 anos, teve o seu falecimento anunciado na página da Secretaria Municipal de Educação e Ensino Integral (Semedi). Ele era servidor público municipal e atuava como motorista da rota escolar. A coordenação da sala de situação de Paranaguá informou à imprensa que aguarda o laudo para poder divulgar a verdadeira causa do óbito.

Essas situações acenderam um alerta na prefeitura. De acordo com o órgão, foi possível perceber, por meio dos casos contabilizados na região, que a manifestação da dengue está mais severa.


Peterson trabalhava na prefeitura e sua morte é tratada como suspeita de dengue. 

Sendo assim, desde o dia 24 do mês passado, vários bairros estão recebendo um mutirão de limpeza realizado pelas Secretarias de Meio Ambiente, Obras, Segurança, Governo, Comunicação e demais pastas. Além disso, segundo o órgão municipal, uma estrutura foi montada para efetuar essa ação de prevenção. No espaço, é possível encontrar maquinários que operarão na retirada de entulhos.

Decreto publicado pela prefeitura

No dia 25 de fevereiro, a administração municipal editou um decreto que dispõe sobre a eliminação de recipientes ou ornamentos que acumulem água ou sirvam de criadouros para o mosquito Aedes aegypti nos Cemitérios Municipais e demais lugares. O documento, composto por sete artigos, proíbe resíduos plásticos, plantas plásticas, ornamentais, de metal, as quais possam acumular água. Além de outros produtos que facilitem a entrada de líquido, como as embalagens plásticas, por exemplo.

O não cumprimento dessas regras, conforme a prefeitura, acarretará remoção dos materiais, sem direito a qualquer tipo de indenização. Os cemitérios públicos do município fixaram placas com avisos e orientações aos familiares dos falecidos. Essas regras são baseadas nas características de risco à saúde pública.

O JB Litoral tentou contato com o responsável pela sala de situação da prefeitura, Gianfrank Tambosetti, por meio da Secretaria de Comunicação, para saber se há a possibilidade de uma nova epidemia na cidade. Até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

Número de casos por município

De acordo com o boletim municipal, a cidade de Paranaguá, até o dia 26 de fevereiro, registrou 196 casos de dengue por critério clínico e/ou sorológico. Esses exames foram realizados de outubro de 2020 a fevereiro de 2021. Somente por análises sorológicas, de dezembro do ano passado até o mês de fevereiro, são 48 confirmados.

Já os outros municípios, segundo o último informe divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), apenas Guaratuba e Morretes apresentam casos da doença. Cada localidade computou um caso de infecção pelo Aedes aegypti.

Vale lembrar que, em 2016, Paranaguá desenvolveu uma epidemia da doença. Naquele período, 16.392 moradores foram infectados e 30 morreram por conta da dengue.

Procriação e sintomas

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o vírus da dengue possui quatro sorotipos, sendo o Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4. Eles são classificados como arbovírus, o que significa que são propagados por mosquitos. No Brasil, a fêmea é a responsável por transmitir a enfermidade. Ela vive em ambientes baixos, escuros e úmidos, procriando em temperaturas que variam entre 24ºC e 28ºC.

Conforme os estudiosos da Fiocruz, o mosquito, o qual vive cerca de 30 dias, alimenta-se da seiva das plantas. Ele pica os seres humanos em busca de sangue para amadurecer os seus ovos, que podem chegar a 200 a cada ciclo, variando de 4 a 5 dias.

Os principais sintomas são: febre, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, fraqueza, dor nos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos. As formas mais graves podem evoluir para dor abdominal, vômitos constantes, acúmulo de líquidos, sangramento pelo nariz e gengiva.

O recomendável, segundo as autoridades médicas, é buscar atendimento médico para analisar as manifestações. Não há medicamentos para combater o vírus. Sendo assim, casos que não apresentam gravidade devem ser tratados por meio da ingestão de líquidos, além de repouso.

Segundo especialistas, a melhor forma de prevenção é evitar o acúmulo de água em ambientes propícios, assim como manter o quintal e outros locais limpos, sem a presença de entulhos e recipientes.