Cemitério Nossa Senhora do Carmo está com suas gavetas mortuárias quase lotadas


Por Redação JB Litoral Publicado 25/03/2020 Atualizado 15/02/2024

Com quase 98% das gavetas mortuárias do Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo ocupadas, de acordo com um levantamento feito pelo diretor de Serviço Funerário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), Wanderson Neves Santos, o Laco, a falta de local para a realização de enterros públicos é um problema que afeta a população mais carente de Paranaguá.

Dessa forma, a SEMMA instituiu a norma de fornecer o espaço onde o corpo será enterrado, em um compromisso firmado com a família, pelo período de três anos e, após, liberar o lugar para outro sepultamento. “Quando a família não tem túmulo, ela enterra na gaveta da prefeitura e assina um termo de responsabilidade, sabendo que depois de três anos, caso a gaveta seja necessária para outra família, o morto é exumado, identificado e colocado no ossário”, explica o diretor.

Procurada pelo JB Litoral, a Secretaria de Meio Ambienteinforma que, atualmente, o cemitério central possui 842 gavetas, divididas em três blocos, incluindo as para natimortos. No entanto, o servidor explica que, dessas, 289 são administradas por concessionários particulares, 62 são utilizadas como ossário, e somente 424 são usadas para o sepultamento dos munícipes, incluindo as 44 para os natimortos.

Além disso, existem mais 85 ossários construídos – local usado para armazenar os restos mortais que saem das gavetas municipais.  Essa divisão de gavetas informada é inferior ao número total indicado pela secretaria.

Conhecido pelos belos túmulos, capelas e jazigos, além das personalidades parnanguaras famosas que estão enterradas no local, o cemitério é referência no Estado. A maioria dos túmulos é particular, e foi adquirida há muitos anos, por meio de concessão. O local divide espaço com as gavetas públicas, que não têm custo para o usuário. 

Este é um dos ossários localizados no espaço, dentro, estão guardados os restos mortais dos sepultados

Terreno vazio e sem uso desde 2011

Em 2008, o ex-prefeito José Baka Filho (PDT) iniciou um projeto de ampliação da área do cemitério, com o intuito de aumentar as vagas para novos sepultamentos. Para isso, o antigo “Beco da Balbina”, que ficava na parte lateral, ao lado da Rua dos Expedicionários, foi desapropriado, e as últimas famílias foram retiradas em 2011. Desde então, a área de cerca de mil metros quadrados está vazia.

Mais adiante, em 2014, o ex-prefeito Edison Kersten (MDB) informou que as obras para ampliação ainda não haviam sido iniciadas porque existia uma discussão administrativa entre a prefeitura e os desapropriados.

Local que foi desapropriado para aumento do espaço de sepultamento continua vazio até hoje

Discute-se, agora, questões administrativas entre a prefeitura e os indenizados, para que o depósito seja feito e as obras possam ser realizadas”, disse. No ano seguinte, ele reforçou que o processo de indenização não havia sido concluído, até 2015, por ter sido realizado de “modo incorreto pela gestão passada”.

Para saber como, atualmente, se encontra o processo indenizatório, iniciado há cinco anos, o JB Litoral procurou o secretário de Meio Ambiente, Vinicius Yugi Higashi. No entanto, a resposta repassada foi de que a SEMMA não tem informações no que diz respeito à expansão.

Esta é uma questão que foi judicializada, saindo da alçada da SEMMA”, diz.

O diretor de Serviço Funerário do cemitério comenta que, hoje, o único espaço vazio é o Beco da Balbina. “Quando as pessoas veem perguntar se tem algum terreno para vender, nós orientamos que elas preencham uma ficha de inscrição, com os dados pessoais, e protocolem na SEMMA. Já existe uma listagem grande de gente aguardando, e, caso um dia a prefeitura libere aquela área, os terrenos serão loteados para quem já fez a inscrição”, explica.

Como conseguir uma gaveta

Caso haja alguma morte e a família não tenha condições de enterrar o ente em um cemitério particular ou, então, não tenha um terreno em um dos cemitérios municipais, Laco informa que é necessário que um responsável vá até o cemitério fazer o cadastro. “Com certeza ele será enterrado, caso não haja gaveta disponível no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, a prefeitura encaminhará para outro que tenha vaga. Vale destacar que a família não paga nada para realizar o enterro no cemitério municipal, nem taxa no decorrer dos anos”, afirma.

O JB Litoral questionou a respeito da quantidade de corpos enterrados no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, entretanto, ele revelou que é impossível saber o total. “Não há como saber quantos mortos tem. O problema é que no computador temos apenas registros recentes, os antigos foram roubados”, diz.