Chá das Top: mulheres de Paranaguá se reúnem para descontrair e esquecer os problemas


Por Redação JB Litoral Publicado 28/12/2018 às 00h00 Atualizado 15/02/2024 às 06h15

Depois de descobrir uma artrose e conviver com tantas outras mulheres que também tinham algum problema de saúde, a servidora municipal Bernadete Correia de Carvalho decidiu criar um grupo de amigas para se reunir e ter momentos de descontração.

No início deste ano nasceu o Chá das Top, nome criado para designar este encontro quando se reúnem a fim de conversar sobre tudo, exceto sobre doenças. São 15 mulheres que, mensalmente, participam da reunião, na casa de uma das integrantes, e realizam bingos, festas e muita diversão entre si. “Começamos em fevereiro, após criarmos um vínculo de amizade com aquelas que têm alguma enfermidade. Mas a diferença é que, nessas reuniões, não falamos sobre nada que nos deixe para baixo, a não ser que a mulher tenha a necessidade de desabafar, no momento”, diz a idealizadora. Entre elas, existem mulheres portadoras de diabetes, câncer e HIV, algumas, inclusive, perderam a batalha contra a patologia. “É muito doído quando perdemos alguém, isso nos abala bastante. Mas tentamos lembrar delas nos momentos de descontração com o grupo”, lamenta.

Fé como aliada na saúde

Baseadas na religião, em todos os encontros são ministradas palestras e apresentados testemunhos para auxiliar na fé de cada uma, visando uma conexão espiritual. De acordo com a pediatra Ana Escobar e o oncologista Fernando Maluf, em recente entrevista ao Portal de Informação G1, a fé pode ser uma grande aliada da saúde, pois faz bem para a imunidade, melhora a resposta a processos de quimioterapia ou radioterapia, e ainda pode ajudar a combater depressão, ansiedade e problemas de sono.

Para comprovar a teoria, um estudo do Instituto Dante Pazzanese, com cerca de 250 artigos de todo o mundo, concluiu que a prática regular de atividades religiosas pode reduzir o risco de morte em 30%. O trabalho mostrou, também, que a religião contribui para reduzir a carga viral em pacientes com HIV, além de diminuir as mortes por AVC e problemas cardíacos.

Durante os nossos encontros a gente faz um bingo, temos uma palavra de fé, muitas guloseimas, tiramos fotos, damos muita risada. Sempre vira uma festa completa”, declara Bernadete. Como forma de manter a ligação entre todas as mulheres, ela decidiu realizar a Feira das Tops, que tem o objetivo de que cada uma, ao vender seus próprios produtos, entre eles o artesanato e a gastronomia, possam arrecadar dinheiro para o tratamento, que muitas vezes é realizado em outra cidade.

Fizemos a feira no final de semana passado, mas muitas não puderam participar devido às complicações. A intenção era obter recursos para as viagens que elas sempre realizam até Curitiba, para o tratamento, ou para os remédios e outras necessidades da doença. A gente também fez a arrecadação de fraldas geriátricas destinadas ao asilo. Aqueles que não doaram na feira, podem ir até lá, porque eles precisam muito”, convida.

Segundo a participante Mari Lucia do Pilar Gonçalves de Oliveira, o grupo ajuda muito a descontrair e pensar em outras coisas. “É uma diversão em um encontro de amigas, quando a gente se conhece melhor e conhece novas pessoas. É sempre muita gargalhada, uma coisa muito gostosa que fazemos. Não queremos que ninguém se sinta sozinha”, diz.