Agrupamento de raias surpreende banhistas em Guaratuba


Por Luiza Rampelotti
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O registro do fenômeno foi feito por Rodrigo Reis, professor de Biologia da Universidade Federal do Paraná. Foto: Reprodução/Rodrigo Reis

No último fim de semana (6), uma cena chamou a atenção na Praia Central de Guaratuba. Um agrupamento de raias foi avistado em uma área rasa do mar, onde aparentemente os animais estavam se alimentando. O registro do fenômeno foi feito por Rodrigo Reis, professor de Biologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de Educação Ambiental do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar).

Rodrigo estava acompanhado de sua família no momento do avistamento, que ocorreu durante o horário do almoço. Seus filhos foram os primeiros a perceber o movimento na água. “Meus dois meninos estavam entrando na água e voltaram correndo, dizendo que havia um monte de peixes. Ao me aproximar, vi que eram centenas de raias. Eu morei quase uma década em Guaratuba e nunca tinha visto nada assim”, relatou o professor. A presença dos animais foi uma surpresa para todos, e a primeira preocupação de Rodrigo foi orientar os filhos a não mexerem nas raias, respeitando a presença dos animais.

A cena, captada em vídeo, mostra as raias parando sobre a areia como se estivessem sugando algo do fundo do mar. Segundo a avaliação de Rodrigo, é possível que estivessem se alimentando de pequenos moluscos ou microconchas. A praia estava praticamente deserta, o que, na visão do professor, pode ter contribuído para o comportamento mais tranquilo dos animais.

Comportamento das raias e orientações de segurança

De acordo com Eloísa Pinheiro Giareta, pesquisadora especializada em raias e tubarões e integrante do Rebimar, a espécie avistada na Praia de Guaratuba é popularmente conhecida como raia-ticonha ou raia-cachorro. A pesquisadora explica que duas espécies desse gênero podem ser encontradas na região: Rhinoptera bonasus e Rhinoptera brasiliensis. No entanto, a diferenciação precisa entre elas é complexa, exigindo análise das placas dentárias, o que não pode ser feito apenas com observação externa.

Eloísa também acrescentou que, pelo comportamento observado, as raias eram juvenis e provavelmente estavam se alimentando. “É comum que essas raias formem grandes grupos, especialmente em momentos de alimentação“, afirma. As raias vistas na praia estavam próximas da linha da água, o que, embora incomum, não é um comportamento considerado perigoso, desde que seja mantida uma distância segura.

A pesquisadora faz um alerta importante para os banhistas. Embora as raias não sejam naturalmente agressivas, possuem um espinho ou ferrão na cauda que pode causar ferimentos, especialmente se os animais se sentirem ameaçados. “Para garantir a segurança, é fundamental que as pessoas evitem qualquer tipo de contato ou manuseio com as raias. Mantendo a distância, elas não representam perigo“, orienta.

Fenômeno relacionado ao ambiente

O comportamento registrado pode estar associado a fatores naturais e às condições locais da praia naquele momento. A ausência de movimentação humana intensa pode ter contribuído para que os animais se sentissem mais à vontade para se alimentar próximo à areia. Fenômenos como esse destacam a importância de preservar os ecossistemas marinhos e de manter uma relação de respeito com a fauna local, especialmente em áreas costeiras.

O Programa Rebimar, do qual Rodrigo Reis e Eloísa Pinheiro Giareta são colaboradores, é um conjunto de ações socioambientais coordenado pela Associação MarBrasil, que têm como base a utilização de Recifes Artificiais para auxiliar a recuperação da biodiversidade marinha, dos estoques pesqueiros e a conservação dos ambientes costeiros.

*Com informações da Assessoria de Imprensa

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