Após reunião com Governo do Paraná, professores mantêm greve


Por Redação JB Litoral Publicado 19/02/2015 às 16h00 Atualizado 14/02/2024 às 06h08

Após reunião realizada na tarde desta quinta-feira (19) entre representantes do governo estadual e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a categoria mantêm a greve, que já dura 11 dias. Entre as exigências para o fim da greve, estão o pagamento de benefícios atrasados e a reabertura dos turnos fechados no fim de 2014. Outra reunião foi agendada para as 10h de sexta-feira (20).

Funcionários e professores da rede estadual entraram em greve no dia 9 de fevereiro, quando iniciaria o ano letivo de mais de 950 mil estudantes. Desde então, os servidores estão acampados no Centro Cívico de Curitiba, onde fica a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual.

O encontro ocorreu no Palácio Iguaçu. Participaram da reunião: o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra; o secretário de Educação Fernando Xavier Ferreira; a secretária de Administração, Dinorah Nogara; e o líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB). Já os educadores tiveram nove representantes.

Depois da reunião, Sciarra afirmou que a negociação foi produtiva. “Conversamos sobre o pagamento dos atrasados, ou seja, aquela indenização dos professores temporários e também o terço de férias. Fizemos uma programação, um calendário de pagamentos. Nós teremos uma outra reunião amanhã entre a área da Educação e a APP-Sindicato para que a gente possa discutir questões que foram levantadas pelos professores. São temas administrativos e que, no nosso entender, podem ter o avanço necessário para que os professores, enfim, o comando de greve possa se reunir e decidir pelo fim da greve”, relatou.

De acordo com Sciarra, as questões relacionadas à previdência dos servidores passarão por um debate antes de o projeto, que trata do assunto, voltar à pauta da Alep – mudanças na previdência estavam previstas no pacote de medidas de austeridade apresentado pelo governador Beto Richa (PSDB). O “pacotaço”, como ficou conhecido, gerou uma série de manifestações, além da ocupação da Assembleia Legislativa na semana passada.

A promessa do governo é de que os itens do “pacotaço” relacionados à Educação vão ficar fora dos projetos, que estão sendo revisados e voltarão a ser apresentados à Alep na próxima semana.

Pelo calendário, o terço de férias vai ser pago em duas parcelas, nos meses de março e abril. Já os contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS), que tiveram o contrato encerrado em dezembro, serão pagos no dia 24 deste mês. Quanto às progressões e às promoções, será feito um estudo para, então, uma proposta ser apresentada.
Na reunião de sexta, serão tratados os temas relacionados às contratações de funcionários e de professores concursados e às distribuições de aulas e projetos.

A categoria não confia mais na fala do governo. Existe um descrédito absoluto, disse o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão. Ele afirmou que, no sábado (21), uma assembleia pode definir os rumos da greve.

Milhares de professores e funcionários da rede estadual de ensino passaram o dia reunidos em frente à sede do governo.

Entenda o “pacotaço” apresentado pelo Governo do Paraná

A ocupação aconteceu logo depois de os deputados aprovarem, com 34 votos favoráveis e 19 contrários, o requerimento que instituiu Comissão Geral para a apreciação do pacote de medidas. Comissão Geral é um mecanismo previsto no regimento interno da Casa que permite os deputados votarem em um projeto de lei, em um único dia, sem que a proposta passe por comissões específicas.

A retirada do pacote foi realizada depois de os manifestantes invadirem, no dia 12, o pátio da Alep no momento em que uma sessão ocorria no restaurante da Casa, já que o Plenário estava ocupado pelos servidores. Apesar de policiais isolarem a Assembleia Legislativa, os manifestantes invadiram o local. Houve confronto com a polícia, que usou bombas de efeito moral e balas de borracha, deixando feridos.

Nesse mesmo dia, alguns deputados entraram na Alep dentro de um caminhão da Tropa de Choque porque manifestantes impediram o acesso deles. Nessa sessão, os deputados pretendiam votar o novo requerimento para a formação da Comissão Geral, que foi apresentado pelo líder do governo na Alep, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), no dia anterior, em sessão também realizada no restaurante da Casa, para a análise do “pacotaço”. O requerimento precisou ser apresentado novamente, já que a sessão do dia 10 foi cancelada devido à ocupação.

“Aprender com os erros”
Após a manifestação que tomou conta da Alep, Romanelli disse que, enquanto for o líder do governo na Casa, não vai mais requerer Comissão Geral.

Com os erros, nós temos que aprender e não repetí-los. Então, obviamente, eu, inclusive, assumi um compromisso. Enquanto eu for líder, eu não vou requerer mais Comissão Geral de Plenário”.

Esse modelo de querer, de fato, mudar ou aprovar as coisas a toque de caixa, sem debate, acaba dando no que deu”, completou o líder do governo.

Já o govenador classificou como “absurda e violenta” as manifestações dos servidores. Em nota, Richa afirmou que o tumulto foi provocado por “um grupo de baderneiros infiltrado no movimento dos professores”.

Série de greves

Durante a semana passada, várias categorias se juntaram aos protestos, como o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindsaúde) e o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen).
Os trabalhadores da saúde chegaram a deflagrar greve no dia 12, porém, a paralisação foi suspensa no dia seguinte. A decisão foi tomada após o pacote de medidas do governo estadual ser retirado da pauta de votações.
Servidores de universidades estaduais continuam a greve iniciada na semana passada.
Na quarta-feira (18), os servidores do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) retomaram a greve da categoria, que havia sido suspensa em dezembro de 2014. Os trabalhadores decidiram se unir aos professores e funcionários estaduais contra o “pacotaço” do governo estadual.