Cães e gatos das ilhas do litoral podem ser castrados gratuitamente


Por Redação JB Litoral Publicado 03/06/2021 às 12h03 Atualizado 16/02/2024 às 04h16

Por Karla Brook com informações da Sedest

Cerca de 500 animais de estimação, entre cães e gatos, das ilhas do litoral do Paraná, poderão ser castrados gratuitamente. Essa é uma das propostas do edital do Programa Saúde Única, lançado pela Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) e Superintendência Geral de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, com recursos da Fundação Araucária. Ele destina cerca de R$ 1 milhão a projetos dentro do conceito de saúde animal, humana e ambiental, em todo o Brasil.

O projeto de esterilização de animais, no litoral, nasceu de uma ação voluntária, realizada na Ilha das Peças, na cidade de Guaraqueçaba, em 2018, com a castração de 40 cães, gatos e porcos da índia. A iniciativa atende o conceito de saúde integrada.

Com o Programa Saúde Única, a coordenadora da ação e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Claudia Turra Pimpão, viu a oportunidade de expandir as cirurgias para o município e demais ilhas da região.

“Quando chegamos à Ilha das Peças, em 2018, praticamente todos os animais tinham carrapatos, pulgas e bicho-de-pé ou, ainda, uma carga pesada de parasitas. A área da saúde única estuda a interface entre o animal e o meio ambiente, atingindo também os humanos. Então, esse edital veio exatamente para suprir essa demanda nas ilhas do nosso litoral”, afirmou Cláudia.

Projeto recebe recursos estaduais para esterilização de animais em ilhas no Paraná. Foto: SEDEST

Para desenvolver as castrações, o grupo de alunos e professores, que atua no projeto, recebeu o montante de R$ 94 mil. Neste momento, os animais indicados à castração pelo programa estão sendo cadastrados, com o auxílio das associações de moradores das ilhas, e as ações aguardam que a situação da pandemia da Covid-19 esteja mais controlada para que, enfim, possam operar os animais cadastrados.

A realidade dos pets na ilha

A superpopulação de cães e gatos, abandonados nas ilhas do litoral paranaense, é uma realidade antiga, de acordo com o defensor da causa animal e vereador da cidade de Paranaguá, Thiago Kutz (PP). “Hoje, temos mais animais do que pessoas interessadas em cuidar deles. Então, essa superlotação acaba causando uma série de maus-tratos, os quais também podem ser evitados com a castração”, relatou.

Para o secretário da Associação dos Nativos da Ilha do Mel (Animpo), de Paranaguá, Felipe Andrews Gonçalves, o programa é bem-vindo e chega em boa hora no litoral. “Esse projeto é muito importante para nós ilhéus, há anos estávamos pedindo por isso. Temos parcerias com algumas instituições, mas sendo um projeto gratuito do Estado fica mais acessível, principalmente porque, além dos animais abandonados, poderemos atender cães e gatos da maioria das famílias que não têm condições de bancar uma castração”, destacou.

Para os profissionais da saúde animal, uma cirurgia na região insulana é mais desafiadora, devido às limitações do deslocamento. “Precisamos levar muitos materiais em barcos e ter um local adequado para realizar os procedimentos. Na Ilha das Peças, fechamos um local de festas e isolamos com tecido TNT em três áreas: pré-cirúrgico, cirúrgico e pós-cirúrgico”, explicou Cláudia. Ainda de acordo com ela, por mais que tudo esteja esterilizado, o próprio solo de areia facilita a contaminação e todo cuidado é pouco.

Além da castração, que propicia o controle populacional de animais e previne zoonoses, evitando que sejam repassadas aos humanos, o projeto também faz a coleta de amostras sanguíneas para análise clínica. As principais doenças que podem ser transmitidas de animais aos seres humanos são raiva e leptospirose.

Chamada pública

As linhas temáticas da Chamada Pública do Programa de Pesquisa aplicada à Saúde Única foram elaboradas pela Sedest. Envolvem diagnóstico de ações voltadas à gestão populacional de cães e gatos no Paraná, análise de risco de doenças para vida selvagem, manejo populacional de cães e gatos em ilhas, castração química e pediátrica de animais, maus-tratos de animais e violência doméstica, e medicina de abrigos e acumuladores.

Projeto recebe recursos estaduais para esterilização de animais em ilhas no Paraná. Foto: SEDEST

O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, lembra que boa parte das doenças e zoonoses, que acontecem no mundo, estão associadas ao estreito relacionamento entre o homem e o animal, não só domésticos, mas também silvestres e de criação.

“Nosso objetivo é apoiar projetos de pesquisas que contribuam para a resolução de problemas prioritários da população, no âmbito da saúde única, para o fortalecimento da gestão das políticas públicas ambientais, visando o desenvolvimento científico na área do meio ambiente do Estado. Por isso, é fundamental nosso apoio para que as soluções dos problemas venham das universidades”, afirmou.

A Chamada Pública vem ao encontro da implantação do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) da Saúde. “O Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná, com os nossos ativos, está a serviço da sociedade. E essa parceria é mais uma ação que coloca esses pesquisadores como bem comum da população, na busca por soluções para as demandas e necessidades do Estado e, em específico, aos desafios da saúde”, disse o diretor Científico, Tecnológico e de Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

Nesta semana, o vereador Thiago Kutz e a coordenadora Claudia Pimpão devem reunir-se em videoconferência para alinharem as melhores formas de cadastramento dos animais, junto às associações de moradores das ilhas.