Como lidar com a saudade e aceitar o luto? Especialista explica ao JB


Por Maisy Pires Publicado 01/11/2024 às 19h08
Cemitério Nossa Senhora do Carmo
Apesar da morte trazer dor, saudade e tristeza, se a pessoa sente isso, foi porque o outro ou o que ela perdeu foi importante” (Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral)

No dia de Finados, 2 de novembro, a saudade daqueles que partiram tende a se intensificar, trazendo à tona a reflexão de que o luto faz parte da vida. Porém, é necessário respeitar e compreender que cada pessoa precisa do seu tempo.

Mas como podemos compreender esse processo? O JB Litoral conversou com a psicóloga Daiane Cardoso, que explicou as fases e a importância de procurar ajuda profissional nesse momento. Quando falamos a respeito de luto, nos referimos a uma perda significativa para a pessoa, podendo ser pela morte de alguém próximo, a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento”.

Ela ressaltou ainda que muitas referências bibliográficas se referem ao luto como o custo de amar  alguém ou algo. “No momento em que a pessoa se encontra enlutada, quando o cérebro tem a percepção de que algo mudou em sua rotina, devido a perda, ele começa pela busca de tentar resolver esse  problema”.

Quanto tempo dura um luto?


O luto é um processo único para cada pessoa, mas será que há um tempo exato para o fim dele? Segundo a psicóloga, não há como estipular um tempo exato para o fim da dor. “Devido ao luto ser algo particular, não conseguimos estipular um tempo exato, pois nesse período as emoções oscilam”.

Com o tempo, a pessoa enlutada precisa se reencontrar e realizar atividades do cotidiano. “Com o passar dos meses, a vida da pessoa que teve essa perda precisa começar a ter movimento, como trabalhar, ter momentos de lazer, atos de autocuidado, o esperado de desenvolvimento na vida, claramente, ressaltando que por ela se encontrar em luto, esse ritmo vai ter alterações”, ressalta.

Fases do luto


Sobre as fases dessa experiência, ela citou cinco períodos:

  • Negação – a pessoa não aceita o que aconteceu ou o que acontece;
  • Raiva – reações emocionais em função da perda e da mudança na vida como consequência;
  • Barganha – uma tentativa de “pedido ao sagrado”, como orações e promessas;
  • Depressão – redução da interação social e sensação de desamparo;
  • Aceitação – abertura aos acontecimentos.

“Não significa que o indivíduo enlutado passa por essas fases nessa ordem”, salienta.

Afinal, como agir nesse momento?


“Importante reconhecer que se trata de uns dos momentos mais difíceis da vida, a percepção de que a vida e a  morte não se encontram sobre o nosso controle. Quando falamos de morte, de perda, estamos falando sobre vida, uma se encontra ligada a outra”.

Por mais dificil que seja, ter uma rede de apoio nesse momento se torna essencial. “Alguém para conversar, compartilhar os momentos dessa vivência que traz uma mistura de emoções. Estar com pessoas importantes que lembrem o indivíduo de que ele não se encontra sozinho”.

Além disso, ir ao cemitério ajuda a tornar esse momento real. “Em casos de falecimento, rituais como velório, enterro, ficar com algum objeto  da pessoa que se foi, ir ao cemitério, ajuda a tornar esse momento real, auxiliando para a fase de aceitação do luto”.

Ela lembra que nem todos os dias serão iguais. “Nossos dias naturalmente são diferentes uns dos outros, mas no luto as mudanças de humor, de um dia para outro, são evidentes. Um dia a pessoa tem motivação para se reerguer, no outro dia essa motivação pode não existir, mas isso faz parte do processo. Tem dias que a saudade vai ser sentida de uma forma mais intensa, em outros teremos compreensão para lidar com ela”.

Quando procurar ajuda profissional?

daiane cardoso
Daiane Cardoso atende em Paranaguá. (Foto: reprodução/redes sociais).

Independente da fase, buscar ajuda profissional é o mais recomendado para lidar com as mudanças. “A pessoa que vive um luto, seria recomendado que realizasse psicoterapia desde o início da perda, devido ser um processo de muitas mudanças, por não ter a pessoa mais em  sua vida e as consequências disso”.

Realizar acompanhamento psicológico auxilia para o enlutado trazer uma ressignificação para  essa dor. “Apesar da morte trazer dor, saudade e tristeza, se a pessoa sente isso, foi porque o outro ou o que ela perdeu foi importante, trouxe em vida, em presença, coisas boas para ela.  Essas emoções e sentimentos são consequências de algo que se foi, mas que também foi bom. A ajuda profissional nesse momento auxilia para que se possa ver uma nova direção. Ao longo da vida, vínculos são criados e quebrados, é o movimento natural das relações  humanas”.

Para finalizar, ela citou uma frase do poeta Thomas Carew. ““Então voem logo, porque somente conquistam o Amor aqueles que se vão”.    Thomas Carew (1595-1640)”.

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