A Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é celebrada anualmente no início de agosto com o objetivo de desmistificar o diagnóstico e promover a inclusão de crianças e adolescentes que convivem com a condição. Para comemorar a data, o Centro de Avaliação Educacional Multiprofissional (CAEM) Professora Nadja Marli Plaisant da Paz e Silva Pinho, de Paranaguá, realizou um evento de orientação e sensibilização para a comunidade na última terça-feira (6).
Fundado em 2009, o CAEM desempenha um papel importante na avaliação de crianças e adolescentes da Rede Estadual de Ensino com dificuldades de aprendizagem. Localizado na Travessa Correia de Freitas, nº 274, no Centro Histórico, o centro é um ponto de apoio para os estudantes que enfrentam desafios relacionados ao TDAH e outros obstáculos educacionais.
Para os alunos da Rede Municipal de Educação, o Centro Municipal de Avaliação (CMAE), criado em 2018, é responsável pela avaliação das crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental até o 5º ano. Ambos os centros desempenham papéis complementares na identificação e suporte a estudantes com dificuldades de aprendizagem.
Diagnóstico: um processo multidisciplinar
Ana Carla Sal, médica psiquiatra que atende no CAEM, esclarece que o diagnóstico do TDAH é predominantemente clínico e não depende de um exame específico. “É essencial observar os sintomas em diferentes ambientes, como na escola e em casa, e analisar relatórios detalhados. A avaliação deve considerar a exclusão de outros quadros, como ansiedade, depressão e transtornos de aprendizagem”, explica.
No CAEM, além das avaliações clínicas, são realizadas avaliações neuropsicológicas para analisar funções cognitivas. “O papel das famílias é fundamental não apenas para o diagnóstico, mas também para o acompanhamento e tratamento. O TDAH pode se manifestar de formas diferentes ao longo da vida, com hiperatividade e impulsividade na infância e desatenção durante o período escolar”, acrescenta a psiquiatra.
Impacto emocional na aprendizagem
Já a psicóloga Claudia Boizan, com 13 anos de atuação no CAEM, discute a relação entre o funcionamento cognitivo e o aspecto emocional dos estudantes. “O emocional está intimamente ligado à aprendizagem. Muitas crianças chegam até nós desmotivadas, inseguras e com dificuldades de concentração. A impulsividade e a hiperatividade são características do desenvolvimento cerebral e não devem ser confundidas com falta de disciplina”, afirma.
Ela ressalta a importância de desmistificar a relação entre o TDAH e a falta de educação ou preguiça. “Nosso trabalho inclui conscientizar as famílias sobre o diagnóstico e orientá-las sobre a importância da psicoterapia e de atividades que promovam o desenvolvimento da criança. Reconhecer e nutrir as potencialidades de cada estudante é essencial”, completa.
O papel da escola na identificação e apoio
Rita de Cássia Oliveira do Carmo, pedagoga da Rede Estadual de Educação, destaca a importância das escolas na identificação do TDAH. “Observamos o comportamento dos alunos em sala de aula e, caso haja suspeita, aplicamos testes indicativos que ajudam na elaboração de um relatório e parecer pedagógico. Esse material é então encaminhado ao CAEM, que realiza as avaliações e fornece feedback para a escola”, detalha.
Ela enfatiza que o TDAH não impede a aprendizagem e que a colaboração entre família e escola é vital para o desenvolvimento da criança. “O CAEM atua como um elo fundamental nesse processo, oferecendo suporte e orientação tanto para os pais quanto para as escolas”, conclui.
Um olhar humanizado para o desenvolvimento integral
Selma Camargo Meira, presidente do CAEM, reforça a importância de um atendimento abrangente. “Nosso objetivo é auxiliar o desenvolvimento integral, oferecendo atendimento individualizado com uma equipe multiprofissional que inclui psicólogos, pedagogos, psiquiatra e neurologista. Buscamos promover a inclusão e o desenvolvimento de cada estudante, oferecendo suporte tanto para a escola quanto para a família”, finaliza.