Criança autista de 5 anos foge de escola e caso é denunciado na Câmara de Paranaguá
O caso aconteceu no dia 14 de novembro, na Ilha dos Valadares. A criança de 5 anos é um aluno da Escola Municipal Iracema dos Santos, que sumiu da escola sem que os servidores percebessem. O fato veio à tona durante a sessão plenária da segunda-feira (18) passada, na Câmara de Vereadores de Paranaguá.
“Essa criança é autista não verbal, que não fala. Ela estava na Escola Iracema, no Valadares, e simplesmente evadiu da escola. Ninguém viu, ninguém sabe e a Guarda Municipal a achou na rua, quase uma hora depois da evasão”, disse o vereador Irineu Cruz (União).
O parlamentar também criticou a ausência de porteiro na instituição e destacou que o caso foi denunciado ao Conselho Tutelar.
“O colégio é na beira do rio, foi um milagre, foi Deus guardando essa criança para ela não cair na maré. Não tem porteiro nas escolas, não tem segurança. Doutor Adalberto [Adalberto Araújo/Republicanos] acabou de defender um requerimento para que haja segurança na frente das escolas. A mãe, que está aqui conosco, foi ao Conselho Tutelar e ninguém libera o B.O para ela, nem as imagens das câmeras da escola para saber que horas essa criança realmente saiu”, afirmou.
“Nós vamos ter que entrar com pedido urgente de providências para ver o que a gente consegue fazer para ajudar essa família”, completou Cruz.
APOIO DA UFA
A mãe do aluno portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi à Câmara acompanhada por Danielle Rosa, cofundadora da Associação UFA (União De Famílias Pelo Autismo de Paranaguá). Segundo Danielle, a família está abalada e decepcionada.
“Porque ela tinha confiança na escola, uma boa professora, uma boa tutora com o filho, os amiguinhos que acolheram bem. A gente quer justiça e que se acerte a questão do procedimento, do protocolo de segurança para as crianças, para todos, não somente para o filho dela, porque já aconteceu e hoje a gente poderia estar falando de uma tragédia. A família, e nós, queremos, sobretudo, que não aconteça jamais com outra criança”, pontou Rosa.
A ativista também afirmou que, passada uma semana do ocorrido, a família não havia sido procurada pela Administração Municipal.
“A escola não chamou a mãe e o pai para falar, para se explicar e se desculpar. O sentimento da mãe é de desamparo por ter perdido a confiança e ninguém explicar, de fato, o que aconteceu”, finalizou.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Procurada pelo JB Litoral, a Prefeitura de Paranaguá se manifestou por meio de nota, em nome da Secretaria Municipal de Educação e Ensino Integral (Semedi), lamentando e reconhecendo a fuga da criança da escola.
“Desde o momento em que o caso chegou ao nosso conhecimento, iniciamos uma apuração rigorosa para entender os fatos e tomar as medidas cabíveis. Ressaltamos que o estudante é atendido com os cuidados necessários à sua condição, incluindo o acompanhamento de um profissional exclusivo, conforme estabelecido pela legislação”, afirmou.
Quanto à alegação de falta de suporte à família, a Semedi informou que não procede.
“Esclarecemos que a equipe da Secretaria de Educação atendeu os responsáveis pelo estudante e vem dando continuidade as apurações do ocorrido. Reforçamos nosso compromisso com o bem-estar e a segurança de todas as crianças da Rede Municipal de Ensino e estamos à disposição para dialogar com a comunidade e esclarecer quaisquer dúvidas”, completou a nota.