E-commerce cresce na pandemia, mas fraudes assustam usuários


Por Redação Publicado 18/06/2021 às 21h34 Atualizado 16/02/2024 às 05h33

Por Brayan Valêncio

A pandemia de Covid-19 acelerou o processo de entrada no universo digital de diversas marcas famosas do varejo nacional e internacional. Além do aumento de atendimento on-line das grandes empresas, estabelecimentos locais também tiveram que se adaptar à nova forma de consumo e atendimento, seja ampliando o contato via rede social ou distribuindo conteúdo por meio de sites e app’s terceirizados.

Segundo dados consolidados de vendas durante o ano de 2020, o Paraná teve aumento acima de 100% no e-commerce e representa 4,5% de todas as operações no ambiente virtual do Brasil. O padrão de crescimento é considerado muito superior a qualquer outro período, principalmente durante o início das medidas restritivas, que fizeram com que as pessoas ficassem mais tempo em casa optando por comprar o máximo possível pelas redes.

Mas, com o aumento da demanda on-line, também foram criados novos medos, tanto nos vendedores, que muitas vezes acabam tendo que oferecer produtos às cegas, como nos compradores, que não sentem segurança em expor informações pessoais em um espaço de fácil manipulação de dados. Com isso, acabou que indivíduos criaram receios na hora de fazer negociações por redes sociais, principalmente pessoas que não têm costume de realizar operações assim. Uma dona de loja de roupas em Paranaguá, que prefere não se identificar, ressalta que, devido ao momento, precisa atender clientes pelo sistema remoto, mas que prefere a venda pessoalmente. “Infelizmente, como as pessoas não estão saindo muito de casa, não está havendo muitas vendas de roupas. A internet me ajuda na divulgação e eu faço vendas on-line, mas tenho medo de ir nos locais e sofrer algum tipo de assalto”, diz a empresária, que, apesar de precisar vender, não é consumidora de produtos que vê nas redes. “Eu também não compro pela internet porque tenho medo de não vir o produto que eu espero, tenho medo de cair em golpes também. Hoje em dia, infelizmente temos que ficar atentos a sites que clonam cartões e também que não enviam o produto”, explica.

A opinião da dona da loja no bairro São Vicente é um ponto de vista comum entre consumidores, principalmente quando acontecem casos como o de um suspeito de lucrar R$ 1 milhão com falsificação nas vendas de produtos digitais em todo o Paraná. O homem, que usava um site de uma empresa nacional para divulgar os seus produtos eletrônicos, que não eram enviados após o pagamento dos clientes, foi preso em Curitiba na quinta-feira (10) e deve ser acusado de estelionato, com pena de um a cinco anos de prisão.

Especialista recomenda ter desconfiança e prevenir-se

Sendo um dos segmentos que mais cresceu nos últimos anos, o e-commerce demonstrou ser uma das grandes apostas na retomada da economia, após a grave crise provocada pelos casos do novo Coronavírus, como comenta Igor Castanho, especialista do Olist, empresa focada em soluções de vendas e serviços on-line. “Tivemos um grande salto no e-commerce, desde o início da pandemia. No lado da demanda, estudos de mercado falam em mais de 13 milhões de novos compradores digitais, só em 2020. No lado da oferta, estima-se que chegamos a 1,5 milhão de lojas on-line ativas no país, no mesmo período. Isso sem falar no crescimento de outras formas de e-commerce, como os marketplaces que também são destaque”, explica Igor, que também é professor em cursos de Mídias Digitais.

Para o especialista, é positivo aderir ao modelo de vendas digital. “No contexto da pandemia, a vantagem é praticidade e segurança: as pessoas buscaram formas de consumir, evitando ter que sair de casa e/ou interagir presencialmente com outras pessoas. Então, quem passou a vender no e-commerce consolidou uma nova forma de atender e satisfazer os consumidores. Da mesma forma, lojistas que tiveram que fechar as lojas físicas, em momentos de maior restrição, conseguiram encontrar no e-commerce uma alternativa para manter o negócio ativo e gerando receita”, diz Igor Castanho.

Fraudes podem ser evitadas

Mas, nem tudo é positivo quando se trata da utilização da internet para os negócios. A pousada Hakuna Matata, em Morretes, passou por uma tentativa de fraude no final de fevereiro. Uma página fake, com as mesmas informações da conta original, pedia dados dos seguidores para que o usuário participasse de um sorteio de estadias no local. “Olá. Sr(a), analisamos que você segue nosso Instagram de publicidade. Por favor, nos informe seu NOME COMPLETO e NÚMERO COM DDD. Você está concorrendo a três dias de estadia grátis com tudo incluso (sic) em todo o hotel. Caso tenha interesse nos informe os dados pedidos”, diz a mensagem fraudulenta enviada aos seguidores. A direção do hotel confirmou a tentativa de obter dados de pessoas interessadas em se hospedar no local, mas não quis se manifestar sobre o teor das ações realizadas para combater o perfil falso, apenas avisou, à época, os clientes e pediu para denunciarem a página clone.

Para Igor Castanho, o risco de golpes existe e, por isso, é necessário manter atenção e cautela. “Como qualquer segmento que prospera, o e-commerce infelizmente acaba sendo alvo de fraudes. Isso pode acontecer do lado do vendedor, que pode ter sua conta invadida por usuários que visam roubar o saldo financeiro disponível. Já o comprador pode ficar exposto a golpistas que anunciam produtos e/ou descontos extremos, mas não honram os pedidos, por exemplo. Nos dois casos a dica é dupla: prevenção e desconfiança. Utilize senhas fortes e seguras, bem como recursos avançados, como verificação em dois fatores. Ao receber e-mails de empresas, verifique o remetente e o aspecto visual do e-mail para ter certeza que é algo verídico. Nunca informe dados estritamente pessoais, como senhas. E sempre investigue a reputação e o histórico da loja em que está comprando”, analisa o especialista em e-commerce.

Com a atenção aos detalhes apresentados pelo expert na área, a comerciante de Paranaguá pretende se aprofundar mais no seguimento. “Vou seguir todos os cuidados e atuar melhor na venda dos meus produtos, porque temos aluguéis e outras despesas que não esperam. A gente precisa ver que o futuro do comércio está nos celulares e computadores. Com os cuidados devidos, me sinto mais segura e preparada para vender e, quem sabe, até comprar”, conclui.