Por Marinna Protasiewytch
A construção de um novo empreendimento no Porto de Paranaguá poderá levar à população mais impactos na circulação pelas vias da cidade. No mês passado, a prefeitura assinou a autorização e entregou o alvará para a construção do PAR-01, da empresa Klabin S.A. O local será utilizado para a operação do empreendimento, que receberá cargas por meio do transporte ferroviário, com a necessidade de construção de mais trilhos e mais vagões transitando pela cidade.
Quem usa um dos principais cruzamentos com a linha férrea, na passagem de nível na Avenida Roque Vernalha, diz que, hoje, o trânsito dos trens já é altamente prejudicial. “Atrapalha todo dia. Na verdade, tem que ser mudada. Assim como fizeram com o viaduto do Rocio ali, tem que tentar jogar lá para o lado da Vila Guarani né. Um viaduto seria a solução. Passo três quatro vezes por dia aqui”, contou Aldo Silva, que mora atrás da loja de materiais de construções Garoto, próximo ao cruzamento.
Já Thais Gonçalves revela que o tempo de espera causa atrasos no trabalho, já que ela sai do Jardim Iguaçu e precisa cruzar a linha para chegar à área central de Paranaguá. “O trem atrapalha muito, por causa do horário de serviço. Quando passo aqui, às vezes, o trem tá em manobra, às vezes a gente chega a esperar até meia hora. Acho que um viaduto ajudaria bastante”, revelou.
Em entrevista ao JB Litoral, Sandro Ávila, diretor de Planejamento Operacional, Logística e Suprimentos explica que “atualmente o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) está em fase de aprovação do Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) para promover obras de melhoria sobre passagens de nível no município. A Klabin, por meio do seu Termo de Compromisso, aportará com a elaboração do projeto funcional para passagem de nível no cruzamento da linha férrea com a Avenida Prefeito Doutor Roque Vernalha. A previsão de conclusão do estudo é de 365 dias, após aprovação do EVTEA do DNIT”.
O trecho que deve ser atendido pela companhia é o de maior movimento e também de trânsito gerado pela passagem e pela manobra dos vagões. Contudo, a empresa não especificou qual é o projeto para a passagem de nível. Moradores pedem a construção de um viaduto, o que geraria a necessidade de obras bilionárias.
A prefeitura cobra, por intermédio do Termo de Compromisso Urbanístico (TCU), que a empresa cumpra com as obrigações baseadas no Estudo de Impacto de Vizinha (EIV).
O que diz o EIV entregue pela Klabin?
Segundo o relatório apresentado para a prefeitura, cada composição que transita pela linha férrea de Paranaguá contém uma média de 70 vagões. O número causa uma paralisação do trânsito entre 5 minutos e 30 minutos, variando conforme o tráfego do trem e também das manobras necessárias para o desmembramento de cada unidade para a sua respectiva empresa.
Além do trânsito de mais vagões, a Klabin será responsável pela implantação de uma nova linha férrea que cortara o canteiro e o cruzamento das Avenidas Governados Manoel Ribas e Portuária. “Neste ponto não há, hoje, a existência de linha férrea, porém a Klabin irá instalar uma nova linha no canteiro central da Rua, a qual irá ligar-se à linha já existente da Rua Soares Gomes. Assim, foi realizado o levantamento neste cruzamento a fim de estimar o tráfego formado para esse cruzamento, que será utilizado para realizar a manobra da Klabin. Os números que obtivemos foram relativamente baixos comparados aos de grandes interferências”, diz o texto de EIV.
Portanto, na análise feita pela empresa, apesar de existirem várias passagens de nível que cortam a cidade, apenas a que compreende a Avenida Roque Vernalha ganhará uma obra, já que as demais não possuem impacto direto causado pela empresa ou o trânsito não tem grandes sequelas. “Comparado ao número de veículos na Av. Roque Vernalha, foi verificado que o fluxo na Av. Santa Rita é bem menor. Por essa razão, é um local escolhido pela Rumo para a realização de manobras. Dessa maneira, observa-se que a interrupção da passagem na Av. Santa Rita não é tão impactante”, diz o estudo.
No caso da Avenida Portuária, uma passarela será implantada para não prejudicar o trânsito a pé de aproximadamente três mil trabalhadores. “Além da passarela na Avenida Portuária, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a Companhia vai trazer para Paranaguá o programa socioambiental Caiubi, que trabalha junto às escolas para promover conscientização sobre a conservação ambiental para alunos e docentes”, disse o diretor da Klabin.