Famosas ostras de Guaratuba podem ganhar registro de Indicação Geográfica


Por Redação JB Litoral

Foto: Rafael Soveral/ JB Litoral

Quem nunca ouviu falar do caminho das ostras de Guaratuba, não sabe o que perde. Considerado um prato típico da região, os moluscos ficaram ainda mais conhecidos depois que Kikuo Yamamoto, historiador Japonês e degustador de ostras, provou a iguaria guaratubana e declarou “já provei ostras praticamente do mundo inteiro, mas seguramente posso dizer que as ostras de Guaratuba estão entre as três mais saborosas do mundo”.

Não precisou muito para que a fama espalhasse e o Caminho das Ostras, localizado na região do Cabaraquara, próximo ao ferry-boat entre Caiobá e Guaratuba, passasse a ser parada obrigatória para aqueles que apreciam frutos do mar. Anos após a visita de Yamamoto, a prefeitura do município e os maricultores começaram a trabalhar para que a iguaria seja reconhecida como produto com registro de Indicação Geográfica, certificação concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“A prefeitura tem interesse em conseguir o registro de Patrimônio Histórico Cultural Imaterial do cultivo da ostra nativa de Guaratuba. Já foram iniciadas as visitas de pesquisa junto com os produtores e a Associação Guaratubana de Maricultores (AGUAMAR). O prefeito Roberto Justus, o secretário da Pesca Cidalgo Chinasso e o procurador Renan Caldeira estiveram na última semana no Cabaraquara visitando os produtores e conhecendo a técnica. Vamos arcar com as custas do processo para que isso possa ocorrer”, informou em nota a assessoria da prefeitura de Guaratuba, que montou uma equipe para que as documentações em relação à certificação sejam produzidas de forma correta e precisa.

Por que é a melhor do Brasil?


Depois da avaliação dos especialistas, as ostras de Guaratuba passaram a ser consideradas as melhores do país. No entanto, os motivos que fazem com que as mariculturas do litoral sejam consideradas tão boas vão além da qualidade do trabalho dos produtores.

As chamadas fazendas de ostras do Cabaraquara, em Guaratuba, produzem a especiaria considerada a terceira melhor do mundo (Foto/Rafael Soveral – Prefeitura de Guaratuba)

“A qualidade da ostra se dá por conta da região, do espaço geográfico mesmo. A baía de Guaratuba é rodeada de serras, são 24 rios que desembocam por aqui. Eles trazem água doce, matéria orgânica e algas que vão se misturando com a água salgada que entra pela boca da barra. Isso acaba tendo uma condição boa de algas que fazem parte da dieta da ostra. Além de ser uma região de proteção ambiental com baixa ocupação humana, faz com que a nossa qualidade da água seja excepcional”, explicou Nereu de Oliveira, maricultor e representante da AGUAMAR.

São vários restaurantes que trazem experiências únicas de contato com a natureza e consumo de frutos do mar (Foto/Rafael Soveral – Prefeitura de Guaratuba)

Caminho das Ostras


Localizado na baía de Guaratuba, o “Caminho das Ostras” reúne os principais maricultores do município e que há mais de 20 anos começaram a produção da especiaria por ali. Com diversos restaurantes e fazendas do molusco, a rota ficou conhecida por fornecer, ao turista e também aos apreciadores do fruto do mar, uma grande variedade de pratos.

“As ostras podem ser provadas no nosso restaurante, com mais de 20 combinações. Tem vários tipos de queijo, gratinadas, in natura na caminha de gelo. Além disso, nós vendemos a dúzia para que as pessoas possam fazer em casa. Os pratos variam entre R$ 40,00 e R$ 53,00, já a dúzia é vendida a um preço médio de R$ 30,00”, explicou Nereu de Oliveira que é proprietário do Sítio Sambaqui, um dos restaurantes e produtores mais tradicionais da região.

Maricultura chegou a Guaratuba há 20 anos (Foto/Rafael Soveral – Prefeitura de Guaratuba)


Segundo a AGUAMAR, são produzidas, por ano, entre 50 e 80 mil dúzias de ostras na região do Cabaraquara. Com uma história tão rica e uma fama internacional, o molusco deve entrar para o seleto grupo de produtos com indicação geográfica do litoral paranaense. Porém, a expectativa é de que isso aconteça dentro de alguns anos, pois é necessário um arquivo histórico e uma série de comprovações para que o certificado seja emitido.

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