Produção familiar de farinha de mandioca movimenta a economia do litoral
A produção da farinha de mandioca é fonte de renda e movimenta a agricultura familiar do litoral. Os produtores, no Paraná, inclusive da região costeira, puderam acelerar os trabalhos de colheita nas últimas semanas, beneficiados pelo clima. Dessa forma, os fabricantes de farinha também foram favorecidos, de acordo com a análise do Boletim de Conjuntura Agropecuária, elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, emitido na sexta-feira (18) pelo Governo do Paraná.
A presença de maior umidade no solo, nas últimas duas semanas no Estado, foi favorável para a colheita de mandioca. Com maior oferta da matéria-prima, as indústrias e, principalmente, os pequenos produtores, retomaram com mais força os trabalhos. Durante o longo período de estiagem, o qual não atingiu o litoral, a ociosidade ultrapassou 40% no setor de transformação. Agora começou a reduzir, o que é importante para o Brasil, visto que o Paraná é o segundo produtor de raiz e o primeiro processador, responsável por 70% do amido nacional.
A área ocupada com a cultura de mandioca, na safra de 2020/21, é de 143 mil hectares, com produção estimada em 3,3 milhões de toneladas. Essa projeção significa perda de 4% na área e do mesmo porcentual em relação à produção observada na safra 2019/20, quando foram colhidas 3,5 milhões de toneladas em 148,9 mil hectares.
A FARINHA NA AGRICULTURA FAMILIAR
No litoral, no entanto, produtores da farinha de mandioca, que plantam a raiz, não tiveram diminuição na produção do último ano. A exemplo disso, está a produção da guaraqueçabana Edna Cristina dos Santos, de 48 anos. A comercialização do produto é a única fonte de renda de sua família, desde quando ela tinha apenas quatro anos de vida.
Segundo ela, a família produz, em Guaraqueçaba, cerca de 20 sacos de 40 quilos de farinha, por mês. No total, a produção anual gira em torno de uma tonelada.
“A minha mãe tem uma feirinha em Guaraqueçaba. E, ali, ela vende os sacos da farinha de mandioca para pescadores, que revendem nas ilhas. Os turistas das ilhas, que provam uma tapioca feita com a nossa farinha, por exemplo, gostam, acabam comprando para levar para casa e sempre voltam para buscar mais”, detalha Edna, sobre como se dá a comercialização da produção da família.
A 177 km de Guaraqueçaba, em Cubatão, na cidade de Guaratuba, mais uma família que planta a mandioca e produz, há décadas, a farinha, pode ser usada como exemplo dessa produção em agricultura familiar do produto no litoral. O Padre Ademar Ferreira de Maia, de 41 anos, depois de 15 anos como Missionário Redentorista da Igreja Católica, voltou ao município para cuidar dos pais, já em idade avançada, e da produção da farinha de mandioca da família.
De acordo com Padre Ademar, a família fabrica, mensalmente, cerca de 300 quilos e a produção chega a 3,6 toneladas.
Assim como em Guaraqueçaba, a farinha de mandioca feita em Guaratuba também é comercializada localmente. “Vendemos por compra direta, na Associação dos Pequenos Agricultores de Cubatão”, conta Padre Ademar.
De acordo com a prefeitura de Guaratuba, além da família do Padre Ademar, há cerca de outros 20 produtores na cidade. “O município de Guaratuba é um grande produtor da farinha de mandioca e muitos dizem ser uma das melhores do litoral. É uma produção artesanal, que vem passando de geração em geração”, declarou o técnico agrícola da prefeitura, Dagoberto da Silva.
O economista, que mora em Guaratuba, Rafael Pereira Brianchini, explicou ao JB Litoral os benefícios desse tipo de comércio. “Essa comercialização local é boa para todo o município, pois movimenta a economia local. Desse modo, todos os produtores e comerciantes da região saem ganhando, pois o dinheiro é ganho e gasto dentro da própria cidade, ou seja, ele circula e alavanca pequenos negócios”, salientou.
Por Karla Brook
