Na quinta-feira (15) o secretário estadual de Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost (PSD) instituiu um grupo de estudos que vai investigar as possíveis torturas ocorridas contra os sete condenados do “Caso Evandro”, crime que ocorreu em Guaratuba em 1992. O sumiço de duas crianças segue sem respostas concretas e o surgimento de fitas que comprovam as torturas levaram o governo a mexer no caso novamente. Em entrevista exclusiva ao JB Litoral, o secretário afirma que a tortura é algo inadmissível.
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“Apareceram fitas que tem fortes indícios de que houve tortura nesse caso e tortura não é admissível. Prova adquirida sob tortura é prova que não tem validade. Portanto, fica a suspeita de que pessoas inocentes podem ter ficado na cadeia por muito tempo por um crime que possivelmente não cometeram. Por outro lado, uma frustração dos pais das crianças que não viram os criminosos, nem o responsável pela morte do Evandro e nem o responsável pelo sumiço do Leandro sendo punidos, sendo presos”, disse Ney Leprevost.
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Sete acusados
- Celina Abagge, então primeira dama do município;
- Beatriz Abagge, filha do prefeito;
- Osvaldo Marcineiro, jogador de búzios e pai de santo;
- Vicente de Paula Ferreira, ajudante de Marcineiro;
- Davi dos Santos Soares, artesão de Guaratuba;
- Francisco Sergio Cristofolini, vizinho e dono do imóvel onde Marcineiro morava;
- Airton Bardelli, funcionário da serraria da família Abagge.
A Polícia Militar (PM) apontou durante as investigações do caso que sete pessoas seriam as culpadas pelo sumiço e morte do menino Evandro, em 1992. Entre eles a primeira dama da cidade e a filha dela. As duas lançaram um livro contando a sua versão da história e falam também da tortura que teriam sofrido. Em mais de 260 páginas do livro “Malleus, conta em detalhes as torturas que as duas teriam sofrido para que confessassem o crime.
Para o secretário, os indícios são grandes e por isso o grupo vai atuar, para identificar os erros e criar projetos que minimizem este tipo de ocorrência. “Isso precisa ser revisto, para que esses erros não aconteçam no futuro e para que também a tortura seja algo execrado na história do Paraná. Acho que daqui sairão bons programas e projetos, tanto para a proteção dos direitos humanos, quanto para a proteção das crianças do Paraná que são o nosso bem mais precioso”, concluiu Ney.
A proposta do grupo é atuar em três frentes de trabalho. A primeira é relativa à tortura, certificando que a prática não seja tolerada em nenhuma situação, de acordo com a Constituição e os tratados internacionais. A segunda trata das políticas de infância, através da pauta das crianças desaparecidas. A última frente visa garantir apoio às famílias de crianças desaparecidas.
Confira a entrevista completa com o secretário:
Por Marinna Protasiewytch