Instituto faz estudo para auxiliar no manejo correto da restinga, em Pontal do Paraná


Por Luiza Rampelotti
Área de restinga, em Pontal do Paraná

Área de restinga, em Pontal do Paraná

Área de restinga, em Pontal do Paraná

Com menos de um ano de fundação, o Instituto Pró-restinga já está atuando, junto à Prefeitura de Pontal do Paraná, para realizar um levantamento sobre quais são as espécies exóticas existentes na restinga da cidade. O objetivo é mapear essas espécies para, então, ensinar aos funcionários municipais como retirá-las dali e executar o manejo correto da vegetação.

A bióloga e presidente do instituto, Juliane Nonato, explica que o objetivo do Pró-restinga é atuar em harmonia com o meio ambiente e a sociedade. “A gente não é contra o corte e nem a favor, queremos ensinar o manejo correto, que é o que irá proporcionar melhorias para o meio ambiente e para a população. A restinga, na verdade, é a vegetação mais baixa, e faz toda a proteção contra ressacas e ao mesmo tempo contra problemas de saúde pública, como a dengue. As demais espécies podem ser retiradas sem prejuízo”, diz.

Segundo ela, apesar das manifestações contrárias à restinga, a população precisa entender a importância dessa vegetação. “Se não tiver a restinga, os animais não têm para ir e vão parar dentro das residências, os insetos principalmente. A dengue, por exemplo, poderia ser combatida simplesmente mantendo a vegetação nativa”, conta.

Meio ambiente X Desenvolvimento

A maioria dos participantes do Pró-restinga são alunos de Biologia, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), em Curitiba. Outros membros já são formados e, ainda, alguns realizam mestrado e doutorado. Apesar de serem estudantes na Capital, muitos deles moram no litoral ou já moraram. “A ideia de trabalho do instituto é atuar em questões ambientais e sociais, como conciliar a conservação da natureza com o bem estar social, economia e empregabilidade”, diz Juliane.

Ela fala, também, de uma questão polêmica entre os ambientalistas: a execução da Faixa de Infraestrutura, em Pontal do Paraná, e do Porto Pontal Paraná (3P). “A gente sabe que futuramente a intenção é construir a nova estrada e um porto, então nosso intuito é trabalhar junto para que os empreendimentos aconteçam, mas que haja ações de preservação, que inclusive podem contemplar formas de renda para a população”, afirma.

Segundo ela, é possível criar parques de conservação em áreas preservadas, como a restinga, para que a população usufrua desses espaços e os turistas possam conhecer. “Aqui no Brasil está crescendo cada vez mais a atividade de Bird Watching, que é a observação de aves, e isso atrai inúmeros turistas de fora do país, que veem observar a grande quantidade de espécies que a Mata Atlântica possui. A gente pode trazer isso para Pontal do Paraná, porque temos essa diversidade aqui. São atividades que permitem proporcionar o desenvolvimento para a região e, ao mesmo tempo, manter a conservação ambiental”, comenta.

A restinga existente na cidade, não só na beira da praia, como também, a restinga florestal, próxima ao Parque Estadual do Palmito, é bem conservada e permite a execução de projetos como o descrito acima.

Demais ações

O biólogo e professor universitário Carlos José Gomes, que também faz parte do instituto, comenta sobre as demais ações realizadas pelo Pró-restinga. “Em parceria com a PUC, realizamos ações de saúde em Matinhos, como ação de conscientização em relação à dengue, visitas junto à equipe de enfermagem, nutrição, fisioterapia e odontologia às pessoas acamadas, coleta de lixo na restinga, entre outros”, diz.

Segundo ele, a ideia é realizar atividades em todos os municípios do litoral. Atualmente, o trabalho também está sendo iniciado em Antonina.

Professor Carlos e Bióloga Juliane
Sair da versão mobile