Instituto Peito Aberto: nove anos de amor e esperança para mulheres em luta contra o câncer


Por Luiza Rampelotti

Instituto Peito Aberto completou nove anos de atuação em 6 de junho. Foto: Carlos França

Neste mês, o Instituto Peito Aberto, em Paranaguá, completa nove anos de existência, representando um farol de esperança para mais de 300 mulheres que enfrentaram o diagnóstico devastador do câncer. Desde sua oficialização, em 6 de junho de 2014, o local tem oferecido suporte emocional e uma rede de cuidados profissionais para mulheres em tratamento, gratuitamente.

Com uma equipe dedicada de 37 profissionais voluntários, o Instituto Peito Aberto vai além do apoio emocional, fornecendo assistência de saúde multidisciplinar, que inclui fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, dentistas e encaminhamento para advogados. Além disso, são oferecidos serviços terapêuticos como aulas de dança, pilates, remada e massoterapia. A filosofia é clara: promover um ambiente de cura e bem-estar integral para as pacientes.

A idealizadora do Instituto, Fabiana Parro, expressa sua gratidão ao refletir sobre os nove anos de trabalho incansável. “É um grande prazer chegar a essa marca junto com uma equipe que abraçou essa causa e faz a diferença na vida de tantas mulheres. Sabemos que há muito a ser feito, pois a cada ano mais mulheres são diagnosticadas, e o que mais nos preocupa é que esse diagnóstico ocorre em pacientes cada vez mais jovens. Por isso, trabalhamos em duas frentes: acolher as mulheres diagnosticadas e promover a prevenção para alcançarmos diagnósticos precoces, o que aumenta significativamente as chances de cura da doença“, revela Fabiana ao JB Litoral.

106 mulheres são atendidas atualmente

Atualmente, o Instituto Peito Aberto atende 106 mulheres e suas famílias, proporcionando suporte técnico e psicológico durante o tratamento oncológico. O caminho começa com o apoio da assistente social e a conexão com uma ex-paciente, que estabelece um vínculo especial, demonstrando que é possível superar a doença. Em seguida, as pacientes são cadastradas e encaminhadas para os projetos que melhor atendem às suas necessidades, com os profissionais especializados disponíveis.

Após vencer um câncer de mama, em 2012, Fabiana Parro decidiu criar o Instituto para ajudar outras mulheres. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Além dos cuidados médicos e psicológicos, o Instituto realiza oficinas de costura e confecção de perucas. Com a ajuda de voluntárias, são produzidos artigos vendidos para financiar o material utilizado na fabricação manual das perucas, que são feitas com cabelos doados de pessoas de todo o Brasil.

Ao longo dos últimos nove anos, mais de 350 perucas já foram entregues para pacientes em todo o país, proporcionando um grande impulso à autoestima das mulheres em tratamento. “Os projetos das perucas e dos lenços valorizam muito a mulher. Nosso objetivo é elevar a autoestima dela, para que ela possa enfrentar o tratamento da forma mais tranquila possível. Queremos fortalecer essas mulheres para que elas possam dizer, no futuro: eu venci!“, ressalta Fabiana.

Mulheres que enfrentam o câncer de mama ou qualquer outro tipo de câncer podem obter as perucas produzidas e doadas pelo Instituto. Atualmente, existem mais de 300 perucas disponíveis em seu banco de reservas. Fabiana convida todas as mulheres que estão passando por esse desafio a entrar em contato e escolher a peruca que mais lhes agrada.

Muito mais que assistencialismo

A entidade, declarada de Utilidade Pública pelo Município em 2018, tem como objetivo principal mostrar às pacientes que é possível enfrentar a doença e sobreviver com qualidade de vida, tanto durante o tratamento quanto após. O diferencial do Instituto Peito Aberto é oferecer um suporte mais qualificado, indo além do simples assistencialismo. “Nosso acolhimento e atendimento são realizados por profissionais da área da saúde, para garantir uma recuperação mais rápida para essas mulheres“, afirma Fabiana.

O Instituto Peito Aberto é mantido através de doações e do trabalho voluntário de pessoas comprometidas com a causa. Além disso, conta com parcerias estabelecidas com empresas locais em Paranaguá, que apoiam a missão da instituição.

Experiência própria

A criação do Instituto Peito Aberto se deu devido à experiência própria de Fabiana, que enfrentou câncer de mama em 2012 e, então, decidiu dedicar-se a ajudar outras mulheres a superarem o diagnóstico doloroso. “Recebi um tratamento diferenciado durante o meu processo de cura, e agora meu objetivo é proporcionar a outras mulheres a mesma qualidade que eu tive“, declara Fabiana.

Uma das barreiras que muitas mulheres enfrentavam é a dificuldade de acesso ao tratamento médico devido à falta de recursos para viajar até Curitiba, que era o local mais próximo para receber tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até 2020. “Quando essas pacientes não conseguiam seguir o tratamento, começamos a observar sequelas. Foi então que decidimos atuar durante o processo de tratamento, oferecendo suporte técnico especializado. Comprovamos que, dessa forma, essas mulheres se recuperam mais rapidamente e podem retomar suas vidas normais, incluindo retornar ao trabalho. Queremos que essas mulheres possam voltar à sua rotina o mais rápido possível“, explica Fabiana.

Felizmente, o cenário mudou e, desde 2020, Paranaguá conta com a Unidade Avançada do Hospital Erasto Gaertner, que oferece tratamento oncológico para pacientes residentes no município e região litorânea, reduzindo as dificuldades de locomoção. Essa nova unidade reduziu significativamente as dificuldades de locomoção e ampliou o acesso ao tratamento, proporcionando uma esperança renovada para as mulheres que enfrentam essa doença tão desafiadora.

Atualmente, o Instituto Peito Aberto atende 106 mulheres e suas famílias, proporcionando suporte técnico e psicológico durante o tratamento oncológico. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
Sair da versão mobile