Locomotivas do porto de Paranaguá serão utilizadas para passeios e atração na Estação Ferroviária


Por Luiza Rampelotti

3 locomotivas foram doadas pela Portos do Paraná. Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

Há cerca de 50 anos, a operação portuária nos portos do Paraná se dava de forma totalmente diferente da realizada atualmente. Antes, locomotivas realizavam as manobras nos vagões carregados e descarregados no porto de Paranaguá.

Com a mudança no formato de operação portuária, com cada vez mais tecnologia, as máquinas ficaram sem utilização, guardadas em um galpão no Dom Pedro II. Porém, a partir de agora, três delas, de modelo Toshiba, construídas no Japão no início da década de 70, estão sendo doadas pela Portos do Paraná para a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em Curitiba, e para a prefeitura de Paranaguá.

A doação, concluída na segunda-feira (27), foi possível graças a convênios firmados pela empresa pública, mediante autorização das entidades reguladoras, que entenderam que o aproveitamento cultural ou comercial dos equipamentos será mais interessante do que a simples alienação dos bens como sucata. Por isso, em breve, as locomotivas deverão ser utilizadas como atração turística na Estação Ferroviária do município e, ainda, em atividade, realizando passeios turísticos no Litoral.

Esse projeto foi construído entre o Porto, a ABPF e a prefeitura de Paranaguá. O objetivo é preservar esse patrimônio de forma adequada. As locomotivas serão reformadas e muito bem cuidadas, afinal são parte da nossa história e cultura”, disse Vinícius Mello, gerente de Administração na autoridade portuária.

Ele explica que, em julho, a Portos do Paraná realizará uma reunião com todos os envolvidos para definir, junto à coordenação de educação do Estado, como se dará o procedimento com relação aos passeios turísticos. “Esses passeios serão feitos pela Maria Fumaça, no trajeto entre Morretes e Antonina”, diz.

Passeios para alunos das escolas públicas do Litoral

De acordo com o diretor financeiro da ABPF, Eduardo Scuissiato, as locomotivas, de 58 toneladas cada, foram adquiridas na época pelo Departamento de Portos e Vias Navegáveis, sendo destinadas somente para manobras em pátios ferroviários com pequenos aclives. Ele afirma que o objetivo da associação é reformar e instalar o freio automático em duas máquinas e utilizá-las como trem de turismo, além de garantir toda sua conservação.

Como contrapartida, a associação deve oferecer passeios educativos para alunos das escolas públicas do Litoral. A outra locomotiva ficará na cidade, servindo como atrativo histórico e turístico.

Essas locomotivas rodaram por mais de 30 anos pelo porto de Paranaguá. Hoje, como a operação mudou, elas pararam, mas ainda serão um ponto de referência histórica do que aconteceu com a cidade, a transformação. As pessoas veem o trem na rua, mas não imaginam que no passado também haviam outros modelos de trem”, comenta Eduardo.

Locomotiva aberta à visitação

A doação dos bens exigiu o cumprimento de uma série de trâmites administrativos. “Fazia alguns anos que a Portos do Paraná tentava dar uma boa destinação, que não fosse para sucata. Procuramos a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), fizemos um projeto e conseguimos realizar a alienação necessária”, diz Régis Batista do Nascimento, coordenador de Patrimônio e Seguros da Portos do Paraná.

Ele destaca que a intenção da empresa pública com a doação é atender a demanda social e econômica do Litoral do Paraná, auxiliando no fomento do turismo, especialmente, em Paranaguá, onde se encontra a Estação Ferroviária que receberá uma locomotiva.

A secretária municipal de Cultura e Turismo, Maria Plahtyn, explica que a locomotiva recebida pela prefeitura será restaurada e ficará aberta à visitação. “Já estamos firmando parceria para o restauro com a Unespar, que já é parceira no restauro de alguns itens do acervo da Estação Ferroviária”, diz.

Ela ainda ressalta que o recebimento da máquina contribuirá para o resgate histórico, que é um processo identitário que contribui com a autoestima da comunidade, promovendo a salvaguarda da cultura local e, consequentemente, fomentando o turismo.  

As máquinas foram usadas por mais de 30 anos no porto de Paranaguá. Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
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