Na manhã da última sexta-feira (18), um acidente náutico na Baía de Paranaguá, entre Pontal do Sul e a Ilha do Mel, tirou a vida de Jhon Lenon Francisco Correia, de 33 anos. Morador da Ilha de Superagui, em Guaraqueçaba, e marinheiro que atuava como taxista náutico, Leno, como era mais conhecido, morreu instantaneamente após a lancha em que estava ser atingida por um barco da Praticagem. Ele deixou três filhos, de 11, 8 e 4 anos.
O velório aconteceu no último sábado (19), no Cemitério Municipal Nossa Senhora do Carmo, em Paranaguá, reunindo amigos e familiares para as últimas homenagens. A fatalidade gerou grande comoção entre os moradores da região e provocou indignação nas redes sociais, onde familiares e amigos expressaram dor e revolta. Muitos questionaram a responsabilidade da Praticagem no incidente.
Revolta popular
Entre os inúmeros comentários nas redes sociais, a velocidade dos barcos da Praticagem foi apontada como um fator recorrente em acidentes na região. Populares relatam que é comum os barcos navegarem em alta velocidade, o que aumenta os riscos de colisões com embarcações menores. “Esses acidentes com a Praticagem acontecem toda hora por causa da velocidade que eles andam“, comentou um dos moradores.
Diante da situação, o JB Litoral entrou em contato com a Capitania dos Portos do Paraná para averiguar a existência de denúncias ou registros formais sobre esses incidentes. No entanto, de acordo com a Capitania, “não existem registros de acidentes entre a Praticagem de Paranaguá e outras lanchas“. Moradores e pilotos das ilhas da região alegam que muitos desses casos não são denunciados oficialmente, dificultando uma resposta mais incisiva das autoridades.
Protestos por justiça
Na última segunda-feira (21), familiares e amigos de Leno realizaram um protesto em frente à sede da Praticagem de Paranaguá. O ato, que pedia justiça pela morte do marinheiro, reuniu moradores da Ilha de Superagui e de outras regiões próximas, que pediam por respostas e medidas para evitar que tragédias semelhantes voltem a ocorrer.
Juliane Francisco, tia de Leno, foi uma das vozes mais emocionadas durante o protesto. Em entrevista ao JB Litoral, ela desabafou sobre o impacto da perda na família. “Mataram meu nego querido e levaram minha vida junto com ele. Não é possível que ele vá embora assim“, lamentou. Ela relatou momentos de grande dor no velório, especialmente quando o filho mais novo de Leno, de apenas 4 anos, perguntava para onde levariam o pai, dizendo que queria ir junto.
Uma vida dedicada à família
Juliane também fez questão de lembrar da importância de Leno para sua família, especialmente para os três filhos que ele deixa. “Ele sempre foi um ótimo pai, mesmo após a separação. Sempre esteve perto dos filhos, cuidando deles e mantendo uma boa relação com a ex-esposa“, contou a tia.
A busca por justiça agora é o foco principal da família. “Estamos esperando por justiça. O artigo 121 do Código Penal define como crime tirar a vida de uma pessoa. Eles podem alegar que foi sem intenção, mas não foi. Nesse caso, a lancha se tornou uma arma que tirou a vida do meu sobrinho“, declarou Juliane, ressaltando que a Polícia Civil já está investigando o caso.
Para ela, a forma como a situação foi conduzida, especialmente a suposta omissão de socorro por parte dos envolvidos, é inaceitável. “Nossa família continuará incansável. Isso não vai ficar assim. Tiraram a vida do meu sobrinho, e para piorar, na hora do ocorrido, eles passaram por cima do barco dele e foram diretamente para a empresa sem prestar socorro. Omitiram o socorro, algo que nem com um animal se faz“, disse, revoltada.
Exigências por mudanças
Juliane também cobrou que a Praticagem capacite melhor seus funcionários e reforce os protocolos de segurança no mar. “Espero que essa empresa ensine como se comportar no mar, para que nenhuma família tenha que passar pelo que estamos passando hoje. Minha irmã, a mãe dele, está destruída, com o psicológico abalado; seus filhos ficaram sem o pai. A família inteira está em choque. Meus irmãos estão desesperados, os filhos de Leno choram, e a ex-esposa está inconsolável. É uma verdadeira tragédia. Nossa família está despedaçada, e eu não tenho palavras para acalmar minha irmã“, finalizou.
*Com informações Maickon Chemure e Luiza Rampelotti