Matinhos abre licitação para contratar R$ 158 mil em serviços de chaveiro, mas não recebe nenhuma proposta


Por Flávia Barros

Aprovados devem entregar os documentos nas datas certas, sob pena de desclassificação no concurso.

Mesmo já pagando pouco mais de R$ 13 mil por mês em serviços de chaveiros, a prefeitura de Matinhos lançou, em novembro passado, o edital para a contratação anual de serviços de chaveiro, pelo qual pagaria R$ 158,7 mil em um ano. Segundo o edital, o objetivo do certame seria a contratação de empresa para execução de serviços de chaveiros para atendimento das secretarias municipais. O pregão eletrônico ocorreria em 14 de dezembro, mas não houve empresas interessadas e o certame deu deserto.

Diante do silêncio e “desinteresse” dos chaveiros da cidade e região, o JB Litoral procurou saber da prefeitura quais eram as justificativas da contratação e sobre como foi realizada a cotação dos serviços e valores. De acordo com a administração municipal, o pregão resultou deserto, ou seja, não houve propostas e teria sido um pedido de todas as secretarias, a começar pela Educação. “A justificativa reside no fato da necessidade de manutenção dos prédios públicos, veja-se que somente na Educação são mais de 20 prédios, entre escolas, creches, departamentos – esporte, cultura, etc. A cotação é realizada pelo setor de compras das secretarias que estavam interessadas, e, após isso, a Secretaria de Administração faz a média dos valores”, disse a administração por meio da assessoria de comunicação.

COTAÇÃO NAS ALTURAS

Que os serviços de chaveiros são fundamentais na sociedade e também para os prédios e serviços públicos, disso ninguém duvida e nem cabe questionamento. A questão é que o objetivo das administrações públicas é sempre aliar a qualidade do serviço ao menor preço ofertado, é a lógica que rege os processos licitatórios e a contratação das empresas que vencem os pregões, oferecendo o menor valor e cumprindo todos os requisitos estabelecidos. Ocorre que nem foi preciso ir muito a fundo na pesquisa para alguns valores chamarem a atenção da reportagem. Como o principal e mais requisitado serviço de quem procura um chaveiro: fazer cópias simples de chaves. Pois bem, no edital de licitação, consta que a prefeitura de Matinhos pagaria R$ 32,67 por uma cópia simples de chave. Seriam 452 cópias, o que daria R$ 14.766,84. Já pela cópia de chave tipo tetra, o valor pago ficaria mais baixo do que a cópia simples, R$ 26,67.

PREÇO “SURREAL”, ATÉ QUATRO VEZES MAIOR

Diante desses dados, a reportagem do JB Litoral fez uma cotação com três chaveiros da cidade e obteve os seguintes valores:

Todos cobraram menos pelo valor cotado pela prefeitura para fazer a cópia da chave tipo tetra. Mas, o que chamou mais a atenção, foi a diferença na estimativa dada pela prefeitura no valor da cópia simples. O preço que a prefeitura estava disposta a pagar é, nada mais, nada menos, do que quatro vezes maior que a média do valor cobrado na cidade.

POR QUÊ?

O JB Litoral acessou o andamento do processo, no Portal da Transparência, e verificou que a licitação está sendo encaminhada para arquivamento. No entanto, mais um detalhe chamou a atenção da reportagem, no parecer do processo, depois que ninguém se prontificou a participar do pregão. O parecer, assinado pela diretora de apoio jurídico interno, Emelen Suélen da Cunha, recomenda que “a Administração realize investigação quanto ao não comparecimento de interessados a fim de se verificar se não há a necessidade de correção ou alteração das condições estabelecidas no certame que restou deserto, situação em que deverá ser realizado novo certame corrigindo as falhas originais, não sendo nesse caso possível a contratação direta”, diz o documento, sugerindo que pode ter havido “falhas”.

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