Médico ginecologista é acusado de importunação sexual por paciente, em Paranaguá


Por Luiza Rampelotti

Não são raros os casos de médicos homens acusados de abusar de pacientes mulheres nos consultórios ou hospitais do país. Uma das últimas situações mais famosas e polêmicas foi a do médico ginecologista obstetra Renato Kalil, acusado de violência obstétrica, assédio moral e abuso sexual por, ao menos, 6 mulheres de Salvador (BA).

Em Paranaguá, uma situação semelhante foi registrada, por meio de Boletim de Ocorrência (BO), na 1ª Subdivisão Policial (SDP), contra o médico ginecologista obstetra e servidor público aposentado do Instituto Médico Legal (IML), Amauri Bilieri, de 63 anos, na tarde de terça-feira (3). Uma mulher de 25 anos afirmou aos policiais que sofreu importunação sexual pelo profissional em sua clínica particular.

Segundo ela, ao chegar na clínica e entrar na sala do médico para realizar um exame de manutenção do dispositivo intrauterino (DIU), seu método contraceptivo, ele trancou a porta, o que acendeu um alerta. Ao longo da consulta, Amauri teria pedido para que a jovem se deitasse e retirasse a parte de baixo da roupa para iniciar o exame e, a partir daí, começou a agir “de forma estranha em relação às suas partes íntimas”, conforme consta no BO.

Em seguida, o médico teria pego um gel lubrificante e dado início ao exame com suas mãos e, na sequência, teria realizado gestos estranhos como de masturbação com uma de suas mãos na vítima”. De acordo com o Boletim de Ocorrência, a situação se repetiu por duas vezes.

Segundo o relato, na segunda vez, a mulher enviou uma mensagem de texto para o marido, que a aguardava na parte de fora da clínica, se vestiu rapidamente e pediu para que o médico destrancasse a porta do consultório e a deixasse sair. Fora da sala, o casal fez contato com a Polícia Militar via 190.

O BO destaca que Amauri chegou a pedir desculpas sobre o ocorrido e implorar para que eles não acionassem a polícia. Diante da negativa da jovem, ele teria se evadido do local antes da chegada dos policiais.

Amauri disse que desconhece o BO

Amauri é médico ginecologista obstetra e atualmente atende em sua clínica particular. Foto: Reprodução/WhatsApp

O JB Litoral procurou o médico Amauri Bilieri, que afirmou desconhecer o registro do BO contra a sua pessoa. Ele ainda tentou impedir o jornal de noticiar o caso, afirmando que não autorizava a veiculação de qualquer notícia sobre tal fato.

Desconheço qualquer Boletim de Ocorrência registrado contra a minha pessoa, razão pela qual impede que eu exerça de forma adequada o direito ao contraditório, o qual se trata de um direito fundamental previsto na Constituição Federal. Assim, só posso me manifestar de acusações da qual eu tenha ciência do seu inteiro teor. Portanto, não autorizo a veiculação de qualquer notícia sobre tal fato, vinculando a minha pessoa ou minha clínica, sob pena de responderem civil e criminalmente pela leviana conduta”, disse.

A jovem, que prefere não se identificar, também foi procurada, mas afirmou que só se pronunciará sobre o assunto após a orientação de seu advogado.

O JB Litoral ressalta que ainda não houve qualquer investigação sobre o caso, uma vez que se trata apenas de um BO. A equipe de reportagem também procurou o delegado de Polícia Civil, Nilson Diniz, para comentar a respeito de quais procedimentos serão tomados a partir de agora. Até o fechamento desta reportagem não houve retorno.

Sair da versão mobile