Na tarde desta segunda-feira (2), um vídeo divertido repercutiu nas redes sociais, em Paranaguá. Nas imagens, um gari imitava sons de animais enquanto coletava o lixo, nas ruas do Jardim Iguaçu.
O gari animado é Alexandre Rodrigues de Alencar, de 28 anos, que também mora no Jardim Iguaçu e trabalha, há 2 anos, na Paviservice Engenharia e Serviços, empresa que realiza a coleta de lixo na cidade.
Ele conta que o vídeo foi gravado por uma câmera residencial, nesta manhã (2), às 10h20, enquanto fazia a rota que já está acostumado. “Eu não imaginava que isso iria acontecer. Fiquei em choque quando vi toda a repercussão”, comenta.
A alegria demonstrada no vídeo é uma rotina para Alexandre, que afirma que esse é o seu jeito de ser. Casado e pai de uma filha, ele diz que é muito grato pelo seu serviço e, por isso, em todos os momentos busca demonstrar felicidade para, assim, contagiar seus companheiros e demais moradores.
Sobre a imitação do vídeo, o gari revela que não é a primeira vez – e nem a última – que ele passa pelas ruas fazendo sons de animais e agitando a todos. Seu objetivo é relembrar o pessoal de que o caminhão do lixo está passando.
Rotina de trabalho
“Em plena segunda-feira é muito lixo acumulado, então a gente acaba se estressando de ficar olhando um para a cara do outro, em silêncio. Eu sou o mais agitado de todos e agito todos os lugares. Falo que é para acordar o pessoal, para não colocarem o lixo atrasado, assim eles saem e levam o lixo pra fora”, diz.
Alexandre trabalha de segunda à sábado. Às segundas, quartas e sextas-feiras ele faz a rota do Jardim Iguaçu, a qual foi flagrada no vídeo. Terça, quinta-feira e sábado ele coleta no Cominese, Ouro Fino e arredores.
A maioria pode pensar que é desagradável trabalhar coletando o lixo de outras pessoas. Mas, para Alexandre, a profissão é motivo de orgulho. “Os outros podem pensar que é nojento pegar no lixo, mas, para mim, é uma alegria poder trabalhar nisso. Quem vai gostar de fazer isso? Mas tem que ter alguém e gosto da minha profissão. Para mim, é uma honra trabalhar nessa firma e incentivar as pessoas a terem mais amor, porque está faltando”, comenta.
Ele diz que até a vizinhança já o conhece e fica no aguardo de sua chegada. “Eles perguntam: cadê o cara do galo, do cachorro? Até as crianças ficam esperando no portão de casa. Para mim, é muito gratificante alegrar as crianças e fazer o melhor no meu serviço”, diz.
Coragem, gratidão e bom humor
O jeito divertido de ser reflete sua forma de encarar o mundo: com muita coragem, gratidão e uma boa dose de humor. Alexandre faz questão de correr mais rápido que a tristeza e o desânimo e incentiva os colegas de profissão a fazer o mesmo.
“Não posso deixar a tristeza e o desânimo baterem, porque o serviço já é cansativo por si só, mas não podemos demonstrar que estamos fracos, temos que mostrar que estamos sempre alegres, para que os companheiros olhem o sorriso, a alegria, a força e tenham a mesma energia para terminar a rota, e assim irmos embora para as nossas famílias com o mesmo amor e espírito. É o que tento transmitir para eles”, destaca.
Porém, o gari revela que ainda existe um ponto que precisa ser melhorado no serviço. As pessoas ainda descartam o vidro de maneira irregular e isso já ocasionou diversos acidentes.
“O único desrespeito que a gente enfrenta são os vidros dentro das sacolas. Pedimos para colocarem em uma caixa de papelão ou numa garrafa e eles não ouvem. Vários coletores já se cortaram por causa do vidro na sacola, é terrível isso”, conclui Alexandre, que pede para que o vidro seja descartado de forma correta.