Morar em outro país é um desafio para qualquer pessoa, imagine para uma criança, sem conhecer o idioma local e sem intérprete para ajudar na comunicação. Essa foi a realidade da parnanguara Jullia Mattar Souza, de 14 anos, que se mudou para a China com sua família aos 7 anos. Apesar das dificuldades, neste ano, Jullia foi eleita uma das alunas de destaque em sua turma.
A mudança para o outro lado do mundo aconteceu devido ao trabalho de seu pai, o ex-atleta do Rio Branco Sport Club. Baiano recebeu uma oportunidade de liderar uma escola de futebol no país. A mãe de Jullia, Esther Mattar, disse ao JB Litoral que a adaptação foi bem difícil. “A escola que ela está tem, em média, 10 mil alunos, são seis andares e cada sala de aula tem entre 50 e 60 alunos. Então, a adaptação dela não foi fácil. Como não tem intérprete, ela foi na garra mesmo”.
Devido a pandemia da Covid-19, em 2020, a jovem ficou dois anos sem estudar. “Saímos do Brasil quando ela tinha sete anos. Por seis meses ela estudou na cidade de Macau, mas morávamos em Zorra e era muito longe. Então, ela ficou seis meses parada, perdeu um ano, praticamente. Quando voltamos, ela ficou sete meses estudando e veio a pandemia. Ou seja, perdeu mais dois anos. Ela voltou a estudar em 2022 e teve que se virar para aprender inglês e mandarim”, explicou.
A parnanguara contou com a ajuda de professores e amigos. “As professoras foram sempre muito solícitas. Sempre ajudaram muito a Jullia. Além disso, ela tem amizade com as meninas, que gostam dela. Ela recebe muita cartinha da escola, muitos mimos dos alunos. A escola dela é uma benção pra gente.”, destacou Esther.
Com a média 9.5 a 9.8, todo esforço foi recompensado quando a escola divulgou os alunos destaques do bimestre, e Jullia estava entre eles. “A escola manda a foto de quem são os destaques da turma. Ou seja, quando acabam as provas e chegam as notas, eles chamam os destaques na frente da turma e, ao mesmo tempo, mandam foto para os pais. Quando eu abri o celular, olhei e já falei: a Jullia tá ali! Nossa, a gente se enche de orgulho, né?”, disse a mãe, toda orgulhosa.
Nova cultura
Jullia estuda em tempo integral, das 7h30 às 17h. Segundo a mãe, a grade curricular chinesa não é muito diferente da brasileira, mas além do português e matemática, os alunos aprendem trabalhos manuais, robótica e cidadania. “Aqui eles focam muito em ensinar os alunos a costurar, ciências tecnológicas e a manter a sala de aula limpa e organizada”.
Questionada sobre a possibilidade de voltar para o Brasil, Esther conta que a filha só quer retornar para visitar a família. “Ela ama morar na China. Se você perguntar se ela quer voltar para o Brasil, ela fala que só quer ir para visitar a família mesmo, porque ela sente muita falta das irmãs e da avó. Mas ela ama a China. Quer fazer uma faculdade de Mandarim e se formar aqui”.
Jullia gravou um vídeo em chinês falando sobre as escolas na China. Confira abaixo: