Peças exclusivas, diferenciadas e ecologicamente corretas: saiba como o trabalho inédito vem mudando a vida de mulheres parnanguaras


Por Flávia Barros Publicado 18/06/2024 às 09h17
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O projeto começou em abril do ano passado com a capacitação de mulheres atendidas nos CRAS Vila Garcia e Valadares. Foto: Juan Lima/JB Litoral

São mulheres cada vez mais capacitadas e fortalecidas. Elas viram nascer a arte em momentos difíceis, por meio do Programa Paranaguá Protegida e Inclusiva, que contempla o Projeto Sustentável Repense, e já foram até notícia aqui no JB Litoral, durante o processo de capacitação. Agora, as mulheres atendidas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) Vila Garcia e Ilha dos Valadares foram além e já têm local físico e fixo onde vendem as biojoias e as ecojoias feitas por elas, no Mercado Municipal de Paranaguá. Na semana passada, elas também expuseram seus trabalhos durante a 17ª Semana Municipal do Meio Ambiente.

O que são

Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, o projeto leva aos CRAS cursos de biojoias e ecojoias para as populações vulnerabilizadas, por meio do trabalho manual, promovendo a geração de renda, cooperativismo, autoconfiança, autoestima, dentre outros benefícios. As biojóias são desenvolvidas a partir de diversos materiais naturais como sementes e fibras, disponíveis na flora da Mata Atlântica. O curso não se limita à capacitação técnica para a montagem das peças, mas também ensina sobre o cultivo das plantas, extração, preparo e conservação dos materiais, valorização regional, economia circular e estimula o empreendedorismo sustentável.

Já as ecojoias são confeccionadas com outros materiais descartados, como as cápsulas de alumínio de café.

Além do espaço cedido pela Prefeitura, no Mercado Municipal, as produções são vendidas no receptivo de turistas de cruzeiros, durante a temporada, em Paranaguá, pela internet, e nas feiras e eventos promovidos pelo Município.

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 Entre os materiais utilizados para a confecção das peças estão as capsulas de café. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Importância social

O curso oferecido nos CRAS começou em abril do ano passado e atende às mulheres que vêm de um contexto de vulnerabilidade social. A iniciativa está amparada na Lei de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10), utilizando-se de uma variedade ampla de resíduos diversos.

O principal objetivo é fomentar essas oportunidades, identificar as mulheres que têm o potencial de empreendedorismo e estimular através de oficina, formação e inclusão produtiva. No Mercado Municipal, em nosso stand elas produzem as matérias-primas, principalmente no âmbito da economia circular, mas também sustentável, para que elas possam ter o próprio recurso e o seu autossustento”, destaca a secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, em conversa com o JB Litoral.

Colaborativo e 100% reciclável

As peças são leves, lindas e devidamente etiquetadas, com os valores e os nomes das autoras de cada uma. “Tudo que elas vendem vai diretamente para a conta delas. Tudo aqui é feito dentro do conceito da economia circular. Quando você não quer mais alguma peça, você desmonta e manda para a reciclagem. Não tem tinta, não tem cola, nada que impossibilite a reciclagem do produto”, explica a diretora de Política de Diversidade da secretaria de Assistência Social e designer de produtos sustentáveis, Silvana Toledo.

São peças com fino acabamento e feitas dos mais diversos materiais. Aqui, além de ter certeza de que tudo é reciclável, quem compra também adquire peças completamente artesanais e fomenta a economia local. Agora mesmo as meninas estão também dedicadas a fazer brindes empresariais; apresentamos os projetos e as empresas adquirem as peças, é um novo segmento”, detalha Silvana.

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O Repense é coordenado pela diretora de Política de Diversidade da secretaria de Assistência Social e designer de produtos sustentáveis, Silvana Toledo. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Matéria prima e mudança de vida

Para nunca faltar materiais com os quais as peças são desenvolvidas, o projeto firmou parcerias com condomínios e empresas. “Agora, com as escolas, vamos fazer coletas de bijuterias quebradas. Assim como também foi com as cápsulas de café, em que retiramos da natureza 10 mil cápsulas. Dessas, 6 mil foram para o aprendizado delas”, finaliza a diretora de Política de Diversidade.

Foi durante o atendimento no CRAS da Vila Garcia que a diarista Bruna Aparecida dos Santos foi apresentada ao projeto e, agora, tem uma nova fonte de renda. “É um prazer imenso poder fazer parte desse projeto. Aprendi muito e eu amo o que faço. Tanto que ajuda muito no sustento da minha casa, da minha família. E, hoje em dia, vivo mais através desses produtos que eu faço do que como diarista. É muito gratificante, pois sempre tem novidades e as pessoas elogiam muito o nosso trabalho. Vende bastante”, relata ao JB Litoral.

Bruna também conta que já está adaptada às facilidades das vendas pela internet. “Além da loja que a Prefeitura cedeu para a gente, que é nosso principal ponto de venda, eu vendo pelo Facebook e pelo WhatsApp também. Nunca imaginei que seria capaz de fazer lindas joias e tudo mais, mas esse curso mudou minha vida”, completa Bruna, que mora com o marido e os quatro filhos do casal na Vila Garcia.

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Moradora da Vila Garcia, a diarista Bruna Aparecida dos Santos foi apresentada ao projeto e, agora, tem uma nova fonte de renda. Foto: Juan Lima/JB Litoral

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