Os pescadores Luciano Batista e Adail João Pinto, de Matinhos, foram multados em R$ 18 mil por abaterem três tubarões da espécie charcharhinus obuscurus, conhecidos como tubarão negro, na semana passada. Uma equipe do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMAmb-FV) e agentes de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Água e Terra (IAT) receberam denúncias de maus tratos aos animais. O vídeo mostrando a retirada dos tubarões das embarcações viralizou nas redes sociais e facilitou a aplicação da autuação e multa.
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De acordo com o comandante do BPMAmb-FV, sargento Rodrigo Cainelli, os pescadores foram autuados pela prática de pesca ilegal e maus tratos aos animais. “Assim que nós fomos conversar com os pescadores, fiscais do Ibama e do IAT também já estavam no local e realizaram algumas notificações. Observamos outras infrações referentes à pesca do tubarão e, nesta terça-feira (24), eles foram intimados para comparecer na nossa sede, para prestar os esclarecimentos acerca da captura destes animais”, disse.
Segundo o sargento Cainelli, ambos foram multados em R$ 3 mil reais por cada animal capturado, além de terem todo o seu material de pesca apreendido pelos órgãos fiscalizadores. “Cada pescador foi multado em R$ 9 mil e a partir de agora iremos informar o Ministério Público sobre o crime para que as medidas cabíveis sejam tomadas nessa situação”, finalizou.
Pescadores vivem um drama
Adail João Pinto é, também, presidente da Colônia de Pescadores Z4, de Matinhos, e junto ao presidente da Associação de Amigos dos Pescadores da cidade, Lopes Fabiano Ramos, estiveram na Câmara de Vereadores, na segunda-feira (24), expondo o drama vivido por eles nos últimos dias. “Foi por um acaso que foram capturados esses tubarões nas redes, durante a pesca da cavala. Todo o nosso material foi destruído pelos tubarões, fazendo com que nossas redes ficassem inutilizadas. Depois disso, recebemos uma multa de R$18 mil e o pouco que restou das redes foram apreendidas pelo Ibama e o IAT”, disse.
Lopes ainda contou que, após o caso, os filhos dos pescadores começaram a sofrer humilhações por parte de colegas de sala e de professores na cidade. “Temos que lembrar que aqui nas escolas de Matinhos, tanto do Município quanto do Estado, existem filhos de pescadores matriculados. As crianças estão sendo constrangidas e uma filha dos nossos pescadores chegou em casa chorando porque a professora de Ciências estava falando mal do pai dela na escola”, comentou.
“Vamos ter que parar de pescar”, diz pescador
Após a audiência na sede do BPMAmb-FV, em Guaratuba, Adail conversou com o JB Litoral e desabafou sobre toda a situação ocorrida, destacando que as multas e apreensão das redes e da embarcação dificultaram ainda mais o seu trabalho. “Infelizmente vamos ter que parar de pescar, porque os tubarões comeram todas as nossas redes e peixes. Os tubarões se enroscaram no nosso material e, como eles já estavam mortos, trouxemos para a praia e agora aconteceu isso, temos uma multa enorme para pagar e não temos mais rede e barco para garantir o nosso sustento”, lamentou.
Sobre a situação relatada por Lopes, a respeito do constrangimento sofrido por parte dos filhos de pescadores em sala de aula, a equipe de reportagem entrou em contato com as Escolas, Gabriel de Lara e Sertãozinho, que foram citadas por ele, para questionar sobre o episódio. No entanto, a informação recebida é a de que os diretores estão participando de uma reunião com o Núcleo Regional de Educação (NRE) de Paranaguá e não poderiam comentar sobre o caso no momento. O espaço fica aberto para que os profissionais se manifestem e a reportagem será atualizada.