Em Pontal do Paraná, pessoas em situação de rua e catadores de materiais recicláveis estão recuperando a dignidade por meio do Programa de Abordagem e Inclusão Assistencial (PRAIA). Os inscritos no projeto recebem bolsa-auxílio de até R$ 205, com o intuito de possibilitar a segurança alimentar e incentivar a autonomia financeira.
Desde dezembro do ano passado, a prefeitura realiza o PRAIA através da abordagem social das pessoas, busca ativa e encaminhamentos. Em parceria com as demais pastas, a responsável pelo programa é a Secretaria Municipal de Assistência Social.
O projeto promove atividades que visam a participação do público-alvo em oficinas e atividades laborais para a conservação e manutenção de espaços públicos, colaboração em eventos e ações sociais – além de reuniões de reflexão, com o objetivo de desenvolver um processo de aproximação, escuta e construção de vínculo entre os beneficiários e a equipe técnica.
Para cada pessoa abordada e que decide participar do programa, é elaborado um plano individual de ação. Os integrantes são inseridos e encaminhados com prioridade nos atendimentos dos serviços públicos, especialmente os relacionados à saúde e educação, como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), e qualificação profissional.
Além disso, a partir de avaliações, são identificadas as potencialidades de cada beneficiário, que é encaminhado para a realização dos trabalhos disponíveis. Com isso, o integrante tem direito a bolsa de capacitação/reinserção profissional como subsídio, alimentação, transporte e acompanhamento técnico da equipe.
Na quarta-feira (15), por exemplo, os integrantes do projeto deram início à manutenção externa da Agência do Trabalhador, em Praia de Leste. A lavagem e pintura da faixada, bem como do piso da entrada, da placa de identificação e a construção de uma nova rampa de acesso na calçada e de um banheiro adaptado para cadeirantes, está sendo realizada pelos participantes.
Programa inovador
De acordo com o diretor do programa, Osli Antonio Ferreira de Lara, atualmente, estão inscritas 24 pessoas no programa, que recebem entre R$ 185 e R$ 205 pelo trabalho realizado de segunda-feira a sábado, em meio período, das 8h às 14h. A construção do Centro PRAIA, localizado no Jardim Canadá, em abril, foi feita pelos inscritos.
“A nossa proposta é construir o senso de preservação e o pertencimento territorial nessas pessoas. A bolsa-auxílio serve para garantir a dignidade delas, auxiliar na recuperação da autoestima, segurança alimentar e dos direitos inerentes a esses cidadãos. Queremos incluí-los nos serviços socioassistenciais, por meio das ações práticas ofertadas e na inserção produtiva no mercado de trabalho”, explica Osli.
Segundo o secretário municipal de Assistência Social, William Pereira, o Poder Público tem buscado parcerias com cooperativas e instituições de qualificação profissional visando a realização de ações de capacitação, formação cidadã e oficinas de meio ambiente e sustentabilidade. Além disso, o setor privado pode contribuir disponibilizando vagas para a inclusão no mercado de trabalho.
“Trata-se de um programa inovador. Estamos aperfeiçoando e ampliando nossa capacidade de atendimento. Hoje já dispomos de um espaço de referência para atender ao projeto, desenvolver atividades e estamos reforçando nosso quadro de funcionários e oficineiros. De modo geral, o PRAIA apresenta efeitos satisfatórios. Tenho certeza de que nossos esforços em busca da promoção social trarão muitos resultados positivos”, diz.
Oportunidade de mudar de vida
Um dos participantes do programa, o ex-morador de rua Fábio Valério, conta sobre sua experiência com a ação. “Andei por vários lugares e há pouco tempo cheguei no Litoral e conheci o projeto PRAIA, do qual faço parte. Graças a Deus conheci o programa e passei a participar, com isso, consegui alugar uma casa juntamente com minha companheira e o filho dela e estou sendo feliz”, diz.
Cícero Luiz da Silva também foi beneficiado com a experiência. “Com o projeto PRAIA consegui mudar a minha vida, consigo pagar meu aluguel e sair da rua”, conta.
O diretor do projeto, Osli, comenta que muitas pessoas começam a fazer parte do projeto, mas não conseguem continuar. “Tem aqueles que entram e não conseguem ficar, e a gente não tem como exigir. Mas aquela pessoa em situação de rua que quer mudar de vida, que tem vontade, o PRAIA é uma grande oportunidade. Os participantes tomam o café da manhã, recebem a refeição ao meio-dia, participam de oficinas, de cursos, recebem sua bolsa. Então todos que fazem parte estão muito felizes”, finaliza.