Valorização nas alturas: Ponte de Guaratuba aumenta nível dos empreendimentos no Litoral, diz governo


Por Redação Publicado 30/09/2024 às 16h33

Mesmo com previsão de só ser finalizada em 2026, a Ponte de Guaratuba tem movimentado a economia do Litoral, impactando significativamente no mercado imobiliário. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (30), pela Agência Estadual de Notícias (AEN). De acordo com especialistas do setor ouvidos pela agência, a valorização dos imóveis, tanto dos já construídos como os lançamentos, é acompanhada pelo aumento no padrão de novos empreendimentos e na mudança de perfil do público comprador.

Segundo estimativas da Associação de Corretores de Imóveis de Guaratuba (Associg), o mercado de alto padrão já cresceu cerca de 40% na cidade, mais do que o dobro do registrado em imóveis de padrão médio, com 15%. O número segue uma tendência observada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) ainda antes do início das obras, que apontava valorização de 20% no mercado imobiliário local.

MERCADO DE LUXO

Antes com um perfil de imóveis de baixo e médio padrão, a cidade agora vive um boom com a construção de edifícios de luxo, de alto padrão aquisitivo, com unidades acima de R$ 1,5 milhão, chegando a até R$ 6 milhões em empreendimentos já finalizados.

Eu vejo lançamentos com quatro suítes e espaços de convivência muito maiores. Antes, as construções visavam apenas a praia, não precisava mais do que isso para entretenimento. Agora existe um conceito de áreas de convivência com um olhar mais especial, de lugares de contemplação, de descanso, não sendo só piscina”, explica Vânia Grossi Fernandes, delegada do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 6ª Região (Creci-PR) em Guaratuba e presidente da Associg.

O valor do metro quadrado para imóveis desta categoria subiu na comparação entre os períodos pré e pós-pandemia. Em 2019, a média de preço variava de R$ 5 a R$ 6 mil. Hoje, alcança cerca de R$ 10 mil o metro quadrado. “Foi no alto padrão em que tivemos uma evolução significativa, com pessoas com poder aquisitivo maior, como os aposentados, que já têm uma renda estabelecida e que buscam uma melhor qualidade de vida”, afirma Vânia.

REFLEXOS NA REGIÃO

Para a vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guaratuba (ACIG), Cleide Areco, a obra que ligará de forma definitiva Guaratuba e Matinhos é a principal responsável pelo crescimento desse segmento. “É notável que tivemos uma mudança e isso se deve muito pela ponte. O efeito econômico já é visível, mesmo durante a fase de construção, porque isso tem gerado vários empregos”, ressalta. “Eu digo que a construção da ponte não é apenas uma obra. Ela é um símbolo de um futuro promissor que se desenha para o Litoral do Paraná.

Essa valorização dos imóveis tem acontecido, principalmente, em duas regiões de Guaratuba: a central e a de faixa de areia. Hoje são poucos os terrenos à venda nesses locais, e os que ainda não foram comprados tiveram aumento significativo no preço.

Na região central você até tem terrenos, mas quando vamos pesquisar ele já está permutado com alguma construtora. A tendência é de, mais para frente, começarem a construir um pouco mais afastado”, explica Cleide. Ela é sócia de uma imobiliária em Guaratuba e já pensa em expandir os negócios. “Tenho colegas que têm imobiliária em Caiobá que estão vindo investir em Guaratuba e vice-versa. Hoje minha empresa está só em Guaratuba, mas com a construção da ponte, de repente, poderemos atuar em todo o Litoral”.

A PONTE

As obras da Ponte de Guaratuba, que terá 1.244 metros de extensão, alcançaram 17,7% de conclusão, segundo a medição mais recente do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), do começo deste mês de setembro. A construção foi orçada em R$ 386,9 milhões. Desse montante, já foram investidos R$ 55 milhões em serviços, projetos e programas ambientais. Os trabalhos são realizados pelo Consórcio Nova Ponte e fiscalizados pelo DER/PR e podem ser acompanhados em tempo real, por meio de duas câmeras de monitoramento instaladas no canteiro de obras.

PLANO DIRETOR 

Aprovado no final de 2023, o novo Plano Diretor de Guaratuba permite empreendimentos de, no máximo, três pavimentos à beira-mar. O objetivo é evitar o que ocorreu em outras cidades litorâneas pelo Brasil, com a sombra dos prédios sobre a faixa de areia. A restrição também se aplica à baía de Guaratuba.

Já nas avenidas Paraná, Visconde do Rio Branco e Damião Botelho de Souza, é possível construir edifícios de até 16 pavimentos. Antes era permitido, no máximo, 10 andares.

*Com informações da AEN

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