A parnanguara Emilly Micaela Marcondes tem se destacado mundialmente no futsal. Com apenas 28 anos, ela figura entre as melhores jogadoras da modalidade do mundo; em 2022, a atleta foi eleita a 6ª melhor, pelo site italiano Futsal Planet Awards.
Sua história é repleta de títulos e conquistas – bons resultados que garantiram a ela grandes oportunidades, como, por exemplo, viver na Espanha e defender a equipe de Burela FS, desde o ano passado. Lá, ela também não decepcionou, a pivô contribuiu para que a equipe fosse a campeã da Super Copa da Espanha.
Mas não são apenas por grandiosas fases que a vida de um atleta é formada. Emilly relembra que precisou ralar muito para ser reconhecida, principalmente em sua cidade.
“Em Paranaguá, já cheguei a bater nas portas por apoio e nunca consegui; fui em academias, lojas de esportes e etc. Quando saí da cidade, nunca recebi apoio ou patrocínio. Mas, obviamente, tive pessoas que me ajudaram e sempre deixo claro que voei com a ajuda de professores”, conta ao JB Litoral. Atualmente, há dois anos ela é atleta bolsista da Prefeitura, e obtém uma ajuda de custo.
Início no esporte
A pequena Emilly sempre gostou muito de brincar na rua com os amiguinhos. Aos cinco anos, ela já estava correndo pra lá e pra cá atrás da bola junto com outras crianças. Mas foi na escola que conheceu o futsal para além das brincadeiras.
“Quando entrei no colégio, conheci a professora Simone que me levava junto com a equipe das meninas para jogar torneio da escola. Depois, me convidaram para treinar na Fundação de Esportes”, relembra.
Foi por volta dos 11 anos que ela começou a ser treinada na antiga Fundação de Esportes de Paranaguá pelo ex-jogador profissional de futebol e técnico Irael Plantes, seu primeiro treinador. Foi ele quem viu o potencial da menina e apostou em sua carreira.
“Aprendi muito do futsal devido ao Irael, com quem treinei até os meus 14 anos. Sou muito grata por ele. Juntos, participamos de Jogos da Juventude e alguns campeonatos fora de Paranaguá, representando a cidade”, conta a atleta.
O técnico também nunca se esquece de sua pupila. Com o trabalho de ambos, a equipe chegou a ficar entre as quatro melhores do Campeonato Paranaense.
“Trabalhamos muito e, após esse período, a Emilly foi embora e se dedicou à sua carreira. Ver que ela está conquistando seu espaço é a minha grande felicidade. Acredito que tive uma pequena participação como treinador e como quem via o futuro brilhante que ela tinha pela frente. Emilly abraçou esse objetivo e foi à luta, se dedicou e hoje está onde está por mérito”, diz o treinador.
Fora de casa desde os 14
Por volta dos 14 anos, Emilly recebeu a primeira oportunidade para sair de Paranaguá através do futsal. Ela foi para Telêmaco Borba e, lá, conciliando o esporte e os estudos, ela concluiu o Ensino Médio e se graduou em Administração.
“Não foi nada fácil fazer essa conciliação, ainda mais quando comecei a trabalhar também. Consegui passar na prova de estágio e fui remunerada para trabalhar no posto de saúde como recepcionista, e essa foi a fase mais difícil devido aos treinos, viagens para jogar, faculdade, provas e trabalho. Mas também sinto muita gratidão e felicidade ao contar tudo isso”, comenta a atleta.
Aos 19 anos Emilly encerrou seu ciclo em Telêmaco Borba e foi jogar na Unifor, em Fortaleza (CE), onde ficou por dois anos. Depois, jogou por mais dois anos em São Paulo, pela equipe de São José dos Campos. Aos 21 anos, ela recebeu a primeira oportunidade de jogar na Espanha, no Torreblanca, onde ficou durante um ano.
Artilheira do Torneio Internacional de Futsal
Apesar de hoje viver em Burela (ES), defender o time da cidade e conciliar faculdade de Educação Física e o Futsal, Emilly é a “prata da casa”. Com todo o sucesso da ‘bagrinha’ criada na Ilha dos Valadares, ela leva o nome de Paranaguá para o mundo e representa muito bem a cidade Mãe do Paraná.
Além de jogar pela Espanha, ela também consegue dar show pela Seleção Brasileira. A última competição na qual Emilly usou a camisa verde e amarela foi no Torneio Internacional de Futsal Feminino, que aconteceu neste mês de maio, e reuniu seis delegações.
Como já era de se esperar, o Brasil foi o campeão e a atleta foi a artilheira do torneio, com oito gols, além de receber o título de atleta destaque.
“Para mim o futsal é uma profissão, e faço dele minha fonte de sobrevivência e uma paixão. Amo estar trabalhando nessa área, me vejo no futsal ainda por muitos anos. É a minha vida hoje”, conta.
Preconceito e avanços
Emilly também relembra que, desde muito nova, enfrentou o preconceito. Nas aulas de Educação Física nas escolas, ela já sofria por gostar de um esporte predominantemente masculino. Mas, anos depois, ela acredita que o cenário está melhorando – a passos lentos.
“Sabemos que o futsal vem melhorando, mas ainda não temos um calendário nacional de competições no futsal feminino e é por isso também que muitas jogadoras saem do país para jogar. A FIFA já nos prometeu o tão sonhado mundial e agora é unir forças ainda mais para que eles divulguem uma data e, então, poderemos comemorar um passo gigantesco na nossa modalidade, será o ápice e o sonho realizado não só das jogadoras atuais, mas, sim, de todas as outras que já pararam de jogar e que sempre lutaram para que esse sonho fosse possível”, conclui.
Confira os principais títulos de Emilly Marcondes
- Campeã Sul Americano com a Seleção Brasileira
- Campeã Brasileiro Univertario
- Campeã Torneio Internacional com a Seleção Brasileira
- Campeã Copa da Rainha
- Campeã Super Copa da Espanha
- Champions League
- Campeã Paulista
- Campeã Paranaense
- Campeã Cearense
- Campeã Galega