Sebrae e Senac serão os responsáveis pelos cursos da futura escola profissionalizante na Ilha das Cobras


Por Marinna Prota Publicado 09/06/2021 às 09h25 Atualizado 16/02/2024 às 04h42

Por Karla Brook com informações da Agência Estadual de Notícias – AEN

A antiga casa oficial de veraneio do Governo do Paraná, localizada no Parque Estadual da Ilha das Cobras, será transformada em uma escola de gastronomia, turismo e educação ambiental para a qualificação da população litorânea, na qual o Sebrae e o Senac serão os responsáveis pelos cursos. É o que informa o Governo do Paraná, com a obra de reforma iniciando neste mês. O prazo para a execução é de um ano.

O investimento tem por finalidade a implantação da Escola do Mar, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo (Sedest) num projeto orçado em R$ 2,2 milhões. Desse valor, R$ 1,8 milhão serão aplicados na reforma estrutural das cinco edificações existentes no local e, os outros R$ 400 mil, na elaboração do plano de manejo do parque. Os recursos são oriundos de medidas compensatórias de licenças ambientais emitidas pelo órgão.

Localizada na Baía de Paranaguá, a Ilha das Cobras tem 52 hectares de área remanescente de Mata Atlântica e é parada de descanso e alimentação de tartarugas marinhas jovens. A estrutura conta com trapiche, casa de força, espaço de apoio, alojamento de pesquisadores, residências do guarda e a casa principal, mas será adaptada para receber a escola profissionalizante.

“É uma proposta simbólica. Aquilo que era para ser utilizado no lazer da família do governante passará a ser um instrumento de educação para milhares de pessoas. Gente que vai estudar e adquirir conhecimento para melhorar a vida das suas famílias”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).

Segundo a Sedest, a empresa vencedora da licitação, Dimensão Empreendimentos e Participações LTDA, já começou a se instalar na ilha. Além da reformulação da sede principal, o programa contempla a reforma de duas edificações à beira do mar. Uma delas será transformada em laboratório para pesquisas e a outra em alojamento para os próprios pesquisadores. De acordo com o projeto haverá um ponto de segurança e outro para guardar o gerador de energia elétrica.

UMA ILHA SUSTENTÁVEL

Na última semana, a Copel também confirmou o investimento de mais de R$ 4 milhões na implantação de um sistema de geração solar-fotovoltaica, associado a baterias de última geração, para fornecer a eletricidade necessária à ilha. A Sanepar vai construir uma estação de tratamento e distribuição de água.

(Arnaldo Alves / AEN) Parque Estadual da Ilha das Cobras

Segundo o diretor de políticas ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto, no projeto foi estudado a melhor maneira de uso da edificação, dentro das premissas estabelecidas pelo Estado do Paraná. Servirá, também, para dar embasamento ao convênio que será assinado com a instituição que administrará a Escola do Mar.

“Estamos prospectando e conversando com várias candidatas a parceiras. Mas para fechar precisamos detalhar, por exemplo, os custos. É isso que o plano vai nos dizer”, disse. “Apesar das características da ilha, acredito que possamos ser rápidos e fazer com que a escola comece a funcionar antes do prazo de 360 dias estabelecidos para a reforma”, explicou, Andreguetto.

A ESCOLA DO MAR

Além das capacitações voltadas para a gastronomia regional, turismo e hotelaria, a gestão estadual planeja oferecer outros cursos aos moradores da região, como o de aquicultura – produção de ostras, mariscos e camarão – e de educação ambiental. A ideia não é ter uma escola focada em um único tema, mas diversificar as atividades de acordo com as necessidades do litoral, incluindo aulas de idioma e educação ambiental.

Depois de pronto, o prédio também tem potencial para se transformar em um centro de apoio ao artesanato caiçara regional. De acordo com o Governo, há possibilidade, ainda, de abrigar um restaurante-escola aberto para a visitação de turistas, e espaços para conferências e apresentações.

Com a reforma, a estrutura existente na Ilha das Cobras deverá ser dividida em três. Na primeira ala ficará o alojamento, que conta com um espaço, de 202 metros quadrados, dividido em oito suítes com dois leitos cada. O espaço vai atender os participantes do curso e usuários da ilha.

A segunda ala tem 220 metros quadrados e será reservada para o apoio e capacitação. Além de quatro suítes que atenderão professores e equipe, vai contar com biblioteca e uma sala multiuso, que será utilizada para aulas e reuniões. A ala central vai abrigar a cozinha industrial, com uma bancada para atender até 16 alunos e um restaurante com cerca de 60 lugares. De acordo com o Governo do Estado, o Sebrae e o Senac serão os responsáveis pelos cursos.

HISTÓRICO E ABANDONO DA ILHA

Temendo uma epidemia de febre amarela à época, a Ilha das Cobras foi adquirida pelo governo federal em 1859, com o local sendo destinado ao tratamento de pessoas com doenças infecciosas, para um período de isolamento e “quarentena”.

No Estado Novo de Getúlio Vargas, virou prisão de pessoas que eram contra a ditadura. Em 1963, a ilha passou a ser usada com outra função social, quando abrigou a escola de pescadores para meninos infratores, época em que o local ficou conhecido como “mansão do diabo”.

Já em 2006, um Contrato de Cessão de Uso Gratuito entre a União e o estado do Paraná transformou a Ilha das Cobras em base de apoio aos portos de Paranaguá e Antonina. Até 2011, o governador do Paraná da época, Roberto Requião (MDB), usufruiu da ilha como casa de veraneio do Estado. Após esse período, a ilha foi abandonada na gestão de Beto Richa (PSDB).

Em setembro de 2018, a então governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), assinou um decreto dando uma nova destinação à Ilha das Cobras. Com essa assinatura, começou-se a fase de projeto para a transformação do local em Escola do Mar. A Ilha pertence à União e, por isso, foi necessário aval federal para a constituição do decreto.

Com o anúncio do início das obras, o abandono da Ilha das Cobras tende a virar parte do passado do litoral: a reforma deve ser concluída no período de um ano, como prevê o projeto do Governo do Paraná.