Torcedor mais famoso do Litoral quer ser reconhecido pela FIFA como o maior coxa-branca do mundo


Por Redação

Por Flávia Barros e Amanda Batista

Ir a jogos de futebol e torcer pelo time do coração é algo simples para milhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, para Jairton Rocha, morador de Guaratuba, isso tem sido um grande desafio há 40 anos. Além do esforço e da organização necessária para a logística até o estádio, na maioria das vezes isso também envolve um custo elevado.

Jairton Rocha torce pelo Coritiba desde criança e tinha sonho de jogar no time. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Conhecido como Mickey, seu Jairton, de 56 anos, é famoso em todo o Brasil por sua paixão pelo Coritiba Foot Ball Club. O torcedor coxa-branca, que vive sobre uma maca devido à distrofia muscular (condição que o impede de andar e se sentar desde os 13 anos), agora busca ser reconhecido como o maior torcedor do Coritiba na premiação internacional promovida pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) desde 2016.

Prêmio e campanha

O FIFA Fan Award é uma premiação anual que busca destacar um torcedor ou torcida, independente do gênero ou nacionalidade, como o maior fã e apoiador de seu time. O concurso é escolhido por popularidade e votação.

Embora o resultado só saia em dezembro, seu Jairton já está em campanha e pede apoio de todos do Litoral para ficar entre os três finalistas do ranking. Em sua maca, o torcedor foi ao Estádio Major Antônio Couto Pereira, sede do Coritiba, assistir à partida contra o Vila Nova, pela série B do Campeonato Brasileiro, no último dia 29, e foi surpreendido com a adesão da torcida.

São vários momentos de emoção ao longo de uma vida inteira, mas o que me marcou muito foi ver no jogo entre Coritiba e Vila Nova uma bandeira com meu nome tremulando bem na minha frente, e junto a torcida Império Alviverde. Uma homenagem que jamais vou esquecer”, conta Jairton, em conversa com o JB Litoral.

Além da bandeira, uma faixa com os dizeres “The FIFA Fan Award @jairton_eterno_coxabranca” ficou posicionada atrás da maca do torcedor.

Como participar

Para Jairton, o amor pelo time o motiva a viver, e o reconhecimento internacional desse sentimento o deixará muito feliz. “O Coritiba representa para mim o ar que respiro. Sem ser coxa-branca eu seria apenas Jairton, um pouco do nada. Ser reconhecido pela FIFA representará, para mim, poder deixar para o mundo um legado onde o futebol e o amor a um clube podem superar qualquer obstáculo, transformando qualquer pessoa numa fortaleza, deixando um exemplo de perseverança e lição de vida”, defende.

Mesmo impossibilitado de sentar ou andar, ele conta com apoio e ajuda da família e amigos para ir acompanhar os jogos no estádio. Foto: Arquivo pessoal

Para apoiar seu Jairton, qualquer usuário das redes sociais pode compartilhar as postagens que falam sobe sua paixão pelo time alviverde do Alto da Glória, marcando a @FIFA e colocando a hashtag #JairtonNoFIFAFanAward. “Peço a todos os amigos e seguidores que abracem a campanha, pois quanto mais visualizações mais chances de podermos ser vistos pela FIFA”, completou Jairton.

Em casa

Há um ano, ao lado da esposa Solange, o eterno coxa-branca recebeu a equipe do JB Litoral em sua casa, em Guaratuba, que não podia ter outras cores senão verde e branco. Na ocasião, contou como começou a paixão pelo Coritiba.

Desde a infância, Jairton foi influenciado por seu pai. Seu Miguel da Rocha dizia com orgulho que, um dia, o filho se tornaria goleiro do Coxa; e não era por vaidade ou presunção, é que, aos 12 anos, ele já tinha um time com amigos do bairro e não passava um dia sem falar de futebol.

Meu saudoso pai torceu pelo Coritiba a vida inteira. Ele era muito apaixonado, e eu cresci acompanhando-o e escutando os jogos pelo rádio. Quando tinha uns 8 anos, na inocência de criança, lembro de ter perguntado: ‘Pai, quem é esse tal de Coritiba?’, no que ele prontamente me respondeu: ‘É um time de futebol, filho, o maior do Paraná!’”, lembrou o torcedor.

A interrupção de um sonho

No início da adolescência, entre um jogo e outro, Jairton sentia uma dor inexplicável no quadril. Ele ia para escola, jogava, corria, brincava e a dor permanecia. Não sabia a razão, só sentia aquele incômodo persistente que travava sua perna esquerda quando chegava o frio do inverno.

Quando minha perna doía muito, minha família me levava para o Hospital de Paranaguá. Fomos três vezes lá, nessa terceira, o médico disse que teria que me engessar porque um osso estava nascendo deformado. Colocaram gesso da ponta do pé até meu tórax por causa de uma dorzinha que a gente nem sabia o que era”, contou Jairton.

Após passar quase dois meses com mais da metade do corpo imobilizado, ele viu sua vida e os sonhos do pai se perderem junto com a vitalidade das suas pernas. Quando finalmente tiraram o gesso, as articulações dos joelhos, pés e quadris não funcionavam mais, estavam enrijecidas e os músculos atrofiados.

A campanha agora é para Jairton ser indicado para o FIFA Fan Award, uma premiação anual que busca destacar um fã ou torcida, independente do gênero ou nacionalidade, como o maior fã e apoiador de seu time. Foto: Arquivo pessoal

A mãe, Neide Rocha, ainda buscou encaminhamento médico e um meio de transporte para tentar levar o filho para a fisioterapia em Curitiba, mas, apesar dos esforços, a família morava a 130 km da capital e não conseguia arcar com as despesas. Foi então que a atrofia muscular se tornou uma sentença na vida de Jairton.

O episódio, que marcaria para sempre a vida do guaratubano, aconteceu em 1981. Também foi naquele ano que o adolescente perdeu o pai para um acidente vascular cerebral (AVC), causado por uma Embolia Cerebral.

Contudo, nem as dificuldades abalaram o amor de Jairton pelo Coritiba. Apesar das adversidades, sua perseverança e amor pelo time o motivam a viver e inspiram muitos outros. Por isso, para ele, a busca pelo reconhecimento no FIFA Fan Award representa mais do que um prêmio: é o testemunho de que a paixão de um torcedor pode superar qualquer barreira, transformando desafios em exemplos de força e determinação.

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