Viação Rocio quita parcelas de dezembro, mas outras reivindicações fazem greve persistir


Por Cleverson Teixeira Publicado 08/02/2021 às 06h18 Atualizado 15/02/2024 às 19h24

Motoristas da Viação Rocio, empresa responsável pelo transporte coletivo de Paranaguá, estão há mais de 20 dias mantendo a paralisação, que foi iniciada no dia 14 de janeiro. A categoria reivindica pagamento dos salários, além de manutenção nos veículos e uniformes apropriados para o trabalho. A empresa conta com 155 funcionários e, desses, 97 são profissionais do volante. No dia 4 de fevereiro, o advogado da Rocio conversou com os trabalhadores, para entrarem em um acordo para a quitação salarial do último mês de 2020.

Segundo o presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Anexos de Paranaguá (Sindicap), Josiel Veiga, a Viação Rocio fez os pagamentos ainda na tarde do dia 5. “Foram depositadas, ontem (5), as duas parcelas que faltavam do nosso pagamento de dezembro e os 25% que eles falaram que não iam pagar, mas pagaram”, afirmou.

Mesmo com o recebimento desses valores, a greve continua. Ainda conforme Josiel, outras situações precisam ser resolvidas para que os ônibus voltem a circular pela maior cidade do litoral paranaense. “Agora, a luta é pelo nosso salário de janeiro, para recebermos em fevereiro, porque não nos pagaram. Queremos, também, o vale-alimentação e as horas extras que ficaram pendentes. Tem funcionário que tem até 200 horas para receber”, complementou.

Segundo os motoristas, a Viação Rocio alega passar por problemas financeiros, ocasionados pela queda de passageiros durante a pandemia. Outro motivo, de acordo com Josiel, seria o fato de a prefeitura ter suspendido a compra do cartão-transporte, que são destinados aos servidores do órgão municipal. “A empresa diz que o prefeito parou de comprar os vales-transportes dela. Eles adquiriam e entregavam para os servidores esses vales. Eu não sei qual é o motivo, mas não há mais essa compra. A Rocio fala que o dinheiro do vale-transporte era para ajudar no salário dos trabalhadores. Então, agora, com toda essa questão, ela pede uma ajuda do poder público”, concluiu o presidente do Sindicap.

Levantamento de custos

Na manhã de sexta-feira (5), foi realizada uma reunião, na sede do Poder Executivo, em Paranaguá, para apurar os custos necessários que a Viação Rocio tem durante a sua operação na cidade. O levantamento foi feito pela Comissão de Estudos, Avaliação, Auditoria e Verificação da situação econômica do serviço de Transporte Público e Urbano do município, onde estiveram presentes, o prefeito Marcelo Roque (Podemos), vereadores e secretários municipais.

Na pauta, foram comparados os valores apresentados pela empresa e os números detectados pela Comissão Técnica da prefeitura. Durante a análise de custo de operação, foi exposta uma diferença de R$ 543 mil entre o valor repassado pela Rocio, que é de R$ 1,5 milhão, e o calculado pela prefeitura, o qual chegou a R$ 957 mil.

As avaliações, segundo a Superintendência de apuração do órgão, foram feitas com base nas planilhas e nas normas do edital de concessão. Em acordo com a Viação Rocio, a prefeitura fez a contagem levando em consideração os custos de operação, administrativos e das folhas salariais.

Viação Rocio pede subsídio de mais de 775 mil

Conforme a prefeitura, a empresa de ônibus solicitou um subsídio, que é um auxílio fornecido pelos governos federal, estadual e municipal, para ajudar pessoas ou organizações que passam por dificuldades financeiras. Ainda segundo a administração municipal, devido aos estudos realizados pela Comissão do Executivo, o valor pretendido passa de R$ 775 mil. 

“Foram dados os números, chegamos no montante de R$ 226 mil. Se tiver uma arrecadação maior, o repasse vai ser menor. Cerca de R$ 930 mil é o custo da operação. Eles estavam arrecadando em torno de R$ 230 e R$ 250 mil. Então, é por meio dessa diferença que a prefeitura vai fazer o subsídio. Vamos mandar um projeto de lei para a Câmara, autorizando cobrir esses custos. Isso se a empresa entender que são esses números. Todos os dados apontados pelos nossos técnicos mostram que os valores são esses. Vamos notificar a empresa com relação a isso. Caso ela aceite, levamos para a Câmara”, disse o prefeito Marcelo Roque à imprensa, na tarde de sexta-feira (5).  

O prefeito aproveitou para destacar que o subsídio não está relacionado ao aumento de tarifa. Conforme Roque, essa questão está judicializada. “Deixamos de lado as tarifas. Entendemos que o aumento não é devido. Isso está na justiça. Mas também entendemos que o país passa um momento difícil na pandemia. E, durante o ano de 2020, houve, sim, a queda de passageiros e isso atrapalhou também a própria empresa”, finalizou.

O que diz a Viação Rocio

O JB Litoral entrou em contato com a Viação Rocio, para saber se a empresa aceitou os valores apresentados pela Prefeitura Municipal de Paranaguá. Até o fechamento desta edição, o Departamento de Jornalismo não conseguiu contato com a direção do estabelecimento de transporte público.