Por Gabriela Vizine
Uma transmissão ao vivo no Facebook da página pessoal de uma dentista de Pontal do Paraná, litoral do Estado, gerou grande repercussão na internet. Na ocasião, a profissional Luciane Novisk sugere mudanças na forma como os prefeitos do litoral estão lidando com os desdobramentos da pandemia do coronavírus e questiona o posicionamento das prefeituras diante dos diagnósticos positivos de pacientes infectados pela COVID-19. O vídeo foi publicado na segunda-feira (06) e obteve 161 mil visualizações e 3.656 compartilhamentos até o presente momento.
Luciane é bem ativa nas redes sociais e expressa seus argumentos com assiduidade. Na transmissão, a dentista aborda questões como número de leitos disponibilizados para pacientes de coronavírus, frequência nas alterações das medidas dos decretos municipais da região e isolamento domiciliar. “A repercussão foi uma surpresa. Recebo inúmeros convites de amizades nas redes sociais e mensagens com relatos de casos atendidos, posicionamentos como o meu e de pacientes positivados”, conta. “Vejo a pandemia como uma guerra biológica e para tanto o planejamento detalhado é importantíssimo”, argumenta Luciane.
Ela também indica que as prefeituras deveriam disponibilizar um hotel para locar pacientes contaminados para que desta forma, o vírus não seja transmitido a outros membros da família. “O correto seria que o portador da COVID-19 cumprisse a quarentena em local adaptado para isso. Boa parte da nossa população vive apenas com um único banheiro. Como se isolar sem usar o mesmo banheiro que os demais membros da família?” questiona.
Segundo o boletim da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) divulgado nesta quinta-feira, 9, os sete 7 municípios do Litoral, que compõe a primeira região 1ª Regional de Saúde (Paranaguá) somam 1.251 casos confirmados decorrentes de COVID-19. Paranaguá possui (823) pessoas contaminadas. Já Antonina (48), Guaraqueçaba (1), Guaratuba (93), Matinhos (68), Morretes (103), e Pontal do Paraná (115).
Embora muitos comentários na rede social compartilhem da mesma opinião da dentista, outros não são tão favoráveis e observam os questionamentos com cautela. “É exatamente o que penso, “lockdown” somente pontual e com acompanhamento profissional e não essa imposição do medo com fechamento de tudo. Isolamento somente do foco”, interage um internauta. “No início se tivessem levado a sério o isolamento não estaríamos vivendo isso. Me mostre um lugar ou país que estão colocando (isolando) os positivados e se nesse local cada um tem banheiro individual. Entendo sua indignação, mas observo de outra forma”, opina outro usuário.
PREFEITURA
Por meio de nota, a Prefeitura de Paranaguá se manifestou e informou que respeita todas as opiniões, entretanto diz que muitas das questões do vídeo compartilhado são infundadas. A prefeitura também cita que um comitê de combate à pandemia foi criado desde que os casos começaram no país.
“Lamentamos colocações como se a criação de leitos de UTI fosse responsabilidade do município. Não é, porém o município tem mantido contato com outros prefeitos, assim como o Governo do Estado para ampliar este atendimento, pois é responsabilidade do Estado”, declara a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Paranaguá.
A Assessoria acrescenta que leitos de UTIs estão sendo criados e que o Brasil encara o mesmo problema: a falta de profissionais para atuar dentro destes espaços. “É preciso ter muito cuidado com o que se diz em redes sociais porque nem todos têm todo conhecimento que envolve os setores organizados. A preocupação é com vidas e por isso segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde. Ainda leva em conta a realidade do município. A profissional diz que decreto não cura. Mas é importante lembrar que, infelizmente, não há remédio e nem vacinas que curem esse vírus ainda”, salienta.