Clube Itiberê dos famosos bailes e do futebol campeão do Amador de 1964


Por Redação JB Litoral Publicado 24/06/2018 às 19h04 Atualizado 15/02/2024 às 03h36

No dia 5 de março de 1933 nasceu a Agremiação Esportiva Itiberê, sob o nome de “Clube Recreativo Itiberê”, por intermédio de 25 insulanos residentes no bairro que deu nome à entidade. Foram eles: Narciso Alves, Francisco Inácio de Assis, Adolfo Rocha, José Lopes da Silva, Moacyr Rodrigues, Alcides dos Santos, Teodorico dos Santos, Eleodoro Dias, João Luiz da Silva, Antonio Plínio Alves, Vitor dos Santos, Antonio Mariano, Benedito Mariano, João Mariano Filho, Arthur Mariano, Gregório Cabral, Manoel Batista, Amélio Ferreira, Pedro Siqueira, Euclides Silva, Antonio Ferreira, Francisco Horácio, Francisco Lopes, Francisco Brasílio e João Vitorino.

Seu primeiro Presidente foi Francisco Inácio que teve como pioneiros em sua diretoria o Vice-presidente Adolfo R; 1º Secretário José; 2º Secretário Pedro; 1º Tesoureiro Alcides; 2º Tesoureiro Narciso; Orador Francisco Brasílio e o Procurador Moacyr.

O Estatuto da entidade foi aprovado em 1º de maio de 1933 e registrado no dia 11 de junho do ano seguinte.  No dia 16 de fevereiro de 1934 era registrada a diretoria formada pelo Presidente Moacyr, Vice-presidente Adolfo, 1º Secretário Francisco Lopes e 1º Tesoureiro Narciso. No ano de 1963 a Agremiação Esportiva Itiberê passou a figurar nas atividades esportivas, por iniciativa do Presidente Dimas Maia, que ocupou o cargo por 15 anos.

Daí em diante o Itiberê passou a disputar o certame de futebol amador, oportunidade em que se sagrou campeão no ano de 1964, vencendo a equipe do forte Ultramar no campo do Seleto.

Houve um fato bastante lamentável na hora da entrega dos troféus, sendo oferecida ao time da Ilha dos Valadares uma taça de menor valor e amassada, provavelmente uma que se encontrava em um canto qualquer do Estádio Orlando Matos. Mesmo assim, esta atitude desrespeitosa para com a equipe insulana não tirou o brilho da festa do título inédito, pois, a humilde esquadra da ilha havia desbancado outras de maior poder aquisitivo e bem patrocinadas, como o Paranaguá Futebol Clube, Elite, Municipal, Seleto, Oceania, Ultramar e Rio Branco.

Dragão da Ilha

A partir de 1962 passaram a integrar a diretoria do “Dragão da Ilha”, o alvirrubro insulano, o Presidente Dimas Maia, Vice-presidente Zeno Mariano, 1º Secretário Dirceu Assunção, 2º Secretário Francisco Lopes, 1º Tesoureiro Amilton Alves, 2º Tesoureiro Valdomiro Alves, Diretor Social Valter Mariano, o Diretor de Publicidade Ednir Dina e o Guarda-esporte Gumercindo Gomes. Eles são considerados sócios fundadores da entidade em sua nova fase, ou seja, da agremiação nas atividades esportivas, além da social.

O “Clube Itiberê”, como sempre conhecido, foi o ponto de encontro das famílias da Ilha dos Valadares dos anos 50 até meados dos anos 80, pelos eventos que reunia grande parte da população insulana. Os bailes se tornaram tradicionais, inclusive os carnavalescos, com o clube mantendo um conjunto musical próprio, composto pelos compositores: Manoel Alexandre, Osvaldo Alves, Francisco Lopes, Zé Pinho, Zé do Trombone, Valdomiro Alves e, mais tarde, Luiz Carlos.

A primeira sede construída em madeira, por iniciativa do comerciante Hamilton Alves que, por muitos anos, esteve à frente do Clube Itiberê, promovendo bailes inesquecíveis. Sob sua direção é que foi constituída a orquestra que animava os saraus e demais eventos sociais.

O que dizem seus ex-diretores

Antonio Alexandre da Silva recorda que o Itiberê foi onde começou a jogar futebol ao lado de grandes nomes como Samuel, Aldemis e outros. “Havia uma diretoria que se preocupava com a parte esportiva e com a social. Era bastante dinâmica. O Sr. Hamilton foi uma pessoa que dedicou parte da sua vida àquele clube (sede), realizando bailes de Carnaval e de outras datas comemorativas, sempre primando pela ordem dentro do salão. As famílias tinham segurança e sabiam que estavam em um ambiente sadio, levando seus filhos maiores junto. O Clube Itiberê era o local de encontro da sociedade da Ilha dos Valadares”.

Para Luiz Carlos Floriano, o Clube significava a diversão do povo nos anos 60 e 70. “É a história de muitas pessoas que viveram naquela época e, de forma geral, de todos, pois o Itiberê representava a Ilha dos Valadares no cenário esportivo e social de Paranaguá. Infelizmente hoje vemos um patrimônio abandonado, resultado do descaso de muitas diretorias que passaram pelo clube sem nada fazer, acabando com a parte social da entidade”.

Há mais de 40 anos participando das atividades do Clube Itiberê, Edson Honório, destaca que o Clube foi uma das entidades esportivas e recreativas que mais promoveu grandes eventos, como o Carnaval de Clube, Baile do Chope, entre outros. Ressalta ainda que, quanto à participação na área esportiva, foi o único time de futebol da Ilha dos Valadares a ganhar quatro títulos de campeão amador da cidade. “Hoje o clube não participa mais deste certame por falta de incentivo. Como entidade recreativa, também foi o único a realizar grandes eventos que ficaram marcados na memória de muitos”.

Ewaldo Maia argumenta que a Agremiação Esportiva Itiberê teve muito sucesso no Campeonato Amador a partir de 1964, vindo a conquistar muitos outros títulos e, nos anos 70 e 80, promoveu um dos melhores Carnavais da cidade. Com a antiga sede, hoje destruída, perdeu-se um pouco da história do clube, pelo qual inúmeras pessoas lutaram ao longo destes anos. “Quando fui diretor, propus a troca do antigo local para outro mais adequado, mas a ideia não foi aceita e acabou acontecendo o que vemos hoje”.

Por sua vez, Expedito Honório relembra que o Itiberê era famoso pelos bailes que promovia, pelas festas tradicionais que movimentavam a Ilha dos Valadares, além de ter um time de futebol que brilhou no certame amador da cidade, sempre se destacando entre as principais equipes. “Hoje está abandonado, não tem mais uma sede social e o time não participa dos campeonatos oficiais”, lamenta o ex-diretor.