Com investimentos de R$ 130 milhões, novo Terminal de Celulose da Klabin ainda não tem previsão para ser construído


Por Luiza Rampelotti Publicado 02/09/2020 às 18h20 Atualizado 15/02/2024 às 15h18

É fato que a pandemia do novo coronavírus provocou abalos nos mercados globais e paralisou atividades econômicas no mundo todo, com impactos na produção industrial, comércio, emprego e renda. Em Paranaguá, os efeitos negativos também estão sendo observados na lentidão da realização de novos investimentos previstos para este ano.

Um exemplo está relacionado ao início das obras no Terminal de Celulose do porto de Paranaguá, que foi arrematado pela Klabin, em leilão, no ano passado, e teve sua concessão assinada em fevereiro deste ano. Ao todo, a empresa anunciou investimentos de cerca de R$ 130 milhões, que deveriam ser realizados até 2022.

No entanto, a assessoria de imprensa da Klabin, em entrevista ao JB Litoral, afirmou que, no momento, não é possível fazer uma previsão de quando as construções, para a instalação do novo empreendimento, devem começar.

Em função das movimentações e dos trabalhos de toda a sociedade no combate à pandemia, algumas atividades foram impactadas e, naturalmente, esse cenário implica em readequações nos cronogramas. Entretanto, a empresa reforça que está trabalhando para que o início das obras e da operação sejam o mais breve possível”, disse.

Ela informa, ainda, que no pico das obras de construção, a previsão é que sejam gerados 180 empregos. Para a operação, a estimativa é que o novo terminal propicie cerca de 200 postos de trabalhos diretos e indiretos.

Novo terminal na extremidade Oeste do Cais Comercial do porto, área chamada PAR01

EIV está em análise técnica

A empresa é a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil e poderá explorar a área para movimentação de celulose no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) por 25 anos, prorrogáveis por mais 45. O novo espaço adquirido tem 27.530 metros quadrados e ainda não conta com nenhuma estrutura física, mas tem capacidade de movimentar 1,2 milhão de toneladas de produto por ano, com característica híbrida, operando celulose em fardos e bobinas de papel.

A ocupação da área se dará por meio da construção de armazéns e proporcionará o aumento da capacidade de movimentação de cargas do porto, localizado na cidade, e das receitas portuárias. Para a implantação, estavam previstas duas fases, sendo a primeira para obtenção das licenças e construção, que deveriam começar neste ano.

Vale destacar que para a implantação do terminal ser iniciada, é necessária a aprovação do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), realizado pela empresa, pelo Poder Público. Segundo a Prefeitura de Paranaguá, o novo empreendimento já possui Certidão de Uso e Ocupação do Solo e o Termo de Anuência Prévia, emitido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA).

Além disso, informa que a Klabin já protocolou o EIV, que se encontra em fase de análise técnica, e que o alvará de construção será emitido somente após a aprovação do estudo.

Terminal já estava nos planos desde 2013

Desde 2016, a Klabin mantém uma Unidade de Logística de Papel e Celulose no porto da cidade, com capacidade de movimentar 1 milhão de toneladas de matéria-prima por ano, projetado para atender a produção da Unidade Puma, fábrica da companhia localizada em Ortigueira (PR), a aproximadamente 350 quilômetros de distância do município. Porém, desde 2013, a empresa buscava a instalação de um terminal portuário em Paranaguá. Naquela época, o então governador Beto Richa (PSDB) e a companhia assinaram protocolos de intenções que se referiam a novos investimentos e, o acordo fechado com o governo do Paraná, previa a instalação desse terminal portuário na cidade, uma ferrovia e linhas de transmissão de energia, além da pavimentação de estradas.

Mas, somente em agosto de 2019, com a realização do leilão do terminal portuário destinado ao transporte de celulose, pelo Ministério da Infraestrutura por meio do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), a Klabin, única a oferecer proposta pela área, arrematou o arrendamento portuário, com a oferta de outorga de R$ 1 milhão.

Mais trens na cidade

O novo terminal funcionará como armazém e gerará somente tráfego de veículos ferroviários, de acordo com o setor ambiental da empresa, durante reunião com o Conselho Municipal de Meio Ambiente, em janeiro deste ano. Novos ramais ferroviários serão acomodados e permitirão a transferência de fardos para caminhões que seguirão para o carregamento dos navios.

Atualmente, a Unidade de Logística da Klabin funciona no KM 5 da BR-277, denominada Avenida Ayrton Senna da Silva, e os trens que descarregam no local não influenciam na interrupção do trânsito nas vias públicas, já que os ramais ferroviários não passam por ruas dentro do município. A empresa informa que, mesmo após a construção do terminal, a unidade seguirá em operação. “Os dois armazéns fazem parte da estrutura logística necessária para sustentar o plano de expansão da companhia”, diz. Porém, com o novo terminal em operação, o traçado ferroviário atual, de ligação ao porto de Paranaguá, que passa por, aproximadamente, 10 ruas, será utilizado. Segundo a empresa, a composição que descarregará os produtos no Terminal de Celulose é pertencente à companhia, e já é operada atualmente. “A composição que sairá de Ortigueira e terá como destino o futuro terminal da empresa tem 70 vagões e a frequência será a cada dois dias”, diz.