Comerciantes temem novo fechamento da Ilha do Mel


Por Redação Publicado 06/09/2021 às 21h09 Atualizado 16/02/2024 às 12h32
No Porto de Embarque, turistas fazem fila para entrar na barca com destino à Ilha do Mel. Imagem: Nosso Litoral

A calma e paradisíaca Ilha do Mel foi transformada, neste feriado prolongado de Independência, em aglomerações sem o uso de máscara, que se estenderam e se intensificaram até de madrugada, dando margem a novas contaminações da Covid-19 e as suas variantes P1 e Delta. Comerciantes, que antes viam como positivo a retomada da economia, hoje estão indignados com a falta de fiscalização e temerosos com a possibilidade de um novo fechamento da Ilha do Mel.

Mesmo com restrição de 60% na entrada, em Pontal do Sul, pela Associação de Barqueiros do Litoral Norte do Paraná (Abaline) com a exigência de comprovação de reserva de no mínimo 24 horas de antecedência, a aglomeração ocorreu nas praias e bares de Encantadas e Nova Brasília, lembrando os grandes feriados de Réveillon e Carnaval de anos anteriores, quando não estávamos em uma pandemia.


Turistas sem máscaras e sem manter o distanciamento são frequentes na Ilha do Mel. Vídeo Nosso Litoral

“Se do Ponto de Embarque, em Pontal do Sul, as restrições são rigorosas e, na barca para a Ilha, os turistas são orientados para o uso da máscara, assim que eles pisam no trapiche, o descontrole começa”. O relato é de um morador de Encantadas, que prefere não se identificar. Segundo ele, as aglomerações estão por toda a parte e é raro encontrar uma pessoa de máscara.

A turista Ariane Domborovski pela primeira vez resolveu viajar durante a pandemia e se assustou com o que viu nas praias da Ilha do Mel. “Estamos com quase 600 mil mortos no Brasil e chegando aqui me deparo com comércios aglomerados e sem nenhuma fiscalização”, diz indignada. Ela e seus amigos, conta Ariane, vieram para a Ilha conscientes do uso da máscara como atitude mínima de proteção. “Estamos cuidando de nós e da nossa família, quando voltarmos para Curitiba. É uma pena que todos não pensem dessa forma”.

Comerciantes e moradores

A comerciante Rosangela Neves Velga Kovalski conta que a expectativa de uma retomada na economia deu lugar à preocupação, tanto em relação ao aumento dos casos de Covid-19, como também da constatação de que é preciso aumentar a segurança com o aumento do efetivo de policiais na Ilha do Mel. “Teria que ter uma fiscalização, exigindo o uso de máscaras. O turista pensa que por já ter tomado uma ou duas doses, ou ainda, porque já pegou Covid, que não precisa mais usar a máscara e manter o distanciamento. Desse jeito logo haverá um novo fechamento da Ilha”, diz Rosangela preocupada. 

Para o presidente da Associação dos Nativos da Ilha do Mel e Comunidades Tradicionais da Bacia de Paranaguá (Anime), Aguinaldo da Silva dos Santos, o problema maior está na falta de fiscalização. Para ele, a Prefeitura de Paranaguá teria que se impor e ter mais presença dentro da Ilha do Mel por meio de um efetivo mais consistente de policiais, principalmente em datas como essas de feriado prolongado. “Mais policiais poderiam atender as crescentes demandas, tanto de saúde, uma vez que o ‘corona’ não acabou, como das ocorrências de brigas nos bares, assaltos nas trilhas e de batidas de jet ski em voadeiras de nativos, a qual fui uma das vítimas”, diz.

Aumento do efetivo

Jean Balboni, representante da Patrulha Marítima, explica que são 12 policiais atuando, em Encantadas, sendo seis da Guarda Municipal e seis da Polícia Militar. “Estamos orientando e fazendo o nosso trabalho, na medida do possível, pois são muitas ocorrências, reflexo da quantidade de pessoas que entraram na Ilha do Mel, neste feriado”. A solução, segundo ele, seria um controle maior da entrada de pessoas e que os policiais tivessem o poder de multar os turistas, que estão infringindo os protocolos de segurança. “Apenas pedir para eles colocarem a máscara, não adianta. Na hora eles podem até colocar, mas há pouco passos dali, já a tiram de volta”.  

Vídeo Nosso Litoral