Comunidades pesqueiras sofrem com as constantes quedas de energia elétrica


Por Publicado 03/07/2020 às 12h39 Atualizado 15/02/2024 às 12h22

Em pleno século XXI, onde quase tudo é movido à energia elétrica, ficar sem ela, pode gerar grandes transtornos para muita gente. Esse é o retrato atual de algumas comunidades pesqueiras das baías de Guaraqueçaba e até de Paranaguá. Cerca de 30 ilhas compõem a região, dessas, Tagaçaba, Ilha Rasa e Ilha do Medeiros de Guaraqueçaba e a Ilha do Amparo, de Paranaguá, são exemplos dos muitos problemas que a constante interrupção no fornecimento de luz está trazendo à população.

Essas regiões são compostas basicamente por comunidades pesqueiras, onde os profissionais da pesca artesanal precisam de um local refrigerado para a armazenagem e conservação do produto. Muitas mulheres também auxiliam seus maridos fazendo a limpeza de peixes, camarões e mexilhões para o abastecimento dos restaurantes do litoral. Sem a energia elétrica que faz a atividade econômica funcionar, o sustento da comunidade fica comprometido.

De acordo com Cláudio de Andrade Corrêa, morador da Ilha do Medeiros, a cada dia que passa a situação dos moradores vai ficando mais crítica. “Há mais de um mês que a minha geladeira queimou por causa da oscilação da energia elétrica. Tentei entrar em contato com a Copel para relatar o problema, mas até agora não consegui resolver. Além disso, nós, pescadores, temos um prejuízo enorme com a perda de mercadoria e outros alimentos para o nosso consumo”, declarou o pescador.

Se durante o dia o desabastecimento de energia já é um problema, à noite, a situação piora. A Ilha Rasa é uma das mais afetadas e fica na maior escuridão, colocando em risco a segurança dos residentes. Mauro Fernandes é presidente da associação de moradores e, segundo ele, quem mais sofre com isso são as crianças. “Chegamos a ficar quatro noites consecutivas sem luz. As crianças ficam com muito medo, pois não é possível enxergar nada pela frente. Além disso, para sair de casa é preciso tomar um cuidado redobrado”, desabafa.

Os moradores pedem que sejam tomadas providências para a resolução desse problema, que há tempos aflige a região, além de um posicionamento da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), responsável pela distribuição da rede elétrica, a respeito do motivo das constantes quedas de energia.

Luz só para quem tem gerador

Indignada uma moradora, que preferiu não se identificar, disse que só tem energia elétrica as pessoas que ter gerador próprio e filmou a situação com seu celular e enviou para redação do JB Litoral. No áudio ela conta que as crianças, à noite, não conseguem dormir e choram por causa da escuridão. Disse ainda que os alimentos da geladeira estão apodrecendo, principalmente os peixes. A moradora reclama ainda que tem procurado a Copel, mas eles não atendem. “A gente liga e eles não atendem e, quando atendem dizem que amanhã resolvem, mas não fazem nada e chega às 17 horas e a luz apaga de volta. Tem gente que está vendendo suas casas e indo embora. Só Deus que sabe que dia que vem essa luz”, dispara.

Verificação do problema

Procurada pelo JB Litoral, a COPEL informou que a rede tem permanecido ligada durante a noite e em alguns momentos do dia. Porém, para que as equipes possam escalar em postes para a verificação dos isoladores, é necessário que a energia seja desligada por algumas horas para garantir a segurança dos funcionários.

De acordo com o superintendente da Copel no litoral, Sidnei Garsztka, “os trabalhos na rede de distribuição no Itaqui e demais comunidades locais já evoluíram, mas ainda não foi localizado o defeito principal”.

Ele completa, ainda, que “as equipes estão trabalhando incessantemente para identificar o defeito, atuando com drones e equipamentos de termovisão, além da necessidade de escalarmos poste por poste para a identificação”.