Comunidades pesqueiras sofrem com o desabastecimento de energia elétrica


Por Redação JB Litoral Publicado 13/07/2020 Atualizado 15/02/2024

Por Andresa Costa

Renato e Leocádio relatam o problema da comunidade junto a Copel

Não é de hoje que os moradores da cidade de Guaraqueçaba reclamam da falta de abastecimento de energia elétrica da região.
O JB Litoral tem trazido esse assunto em diversas reportagens na edição impressa, contudo, após a passagem do ciclone bomba no dia 30 do mês passado, a situação dos moradores ficou ainda mais difícil. Com familiares residentes no município e uma intensa participação na comunidade, o nativo Renato Leite, esteve na redação e contou como foram os últimos dias para quem mora nas sete comunidades pesqueiras de Guaraqueçaba: Mariana, Massarapuã, Almeida, Ponta do Lanço, Ilha Rasa, Ilha das Gamelas e Tromomô. De acordo com ele, apenas na sexta-feira (10), ao final da tarde, a rede elétrica foi restabelecida.

“São pessoas que vivem da pesca e precisam armazenar seus produtos para vender e sustentar suas famílias. Não podemos simplesmente ser esquecidos”, lamenta Renato.

Mesmo antes do fenômeno meteorológico ter deixado os moradores do local mais de uma semana sem luz, as reclamações já eram constantes. Irmão do vereador Paulo Afonso (PP), Leocádio José Teodoro Dias, que também possui familiares na cidade e acompanhou Renato Leite, disse que uma das principais consequências da falta de energia é a falta de água.

“Precisamos da eletricidade para fazer o motor funcionar e puxar a água. Meus pais têm mais de 70 anos, como vão viver sem água e luz?”, queixou-se Leocádio. De acordo com o morador, a Copel utiliza empresas terceirizadas para reparos nas Ilhas e a média de tempo para cada trabalho é de até três dias. “Para chegar até as Ilhas, as equipes dependem do clima. Com o mar agitado, os barcos não navegam e às vezes precisamos esperar por muito tempo até alguém chegar e arrumar as redes elétricas”, declarou.

AÇÃO COLETIVA

Cansados das frequentes quedas de energia, os moradores se uniram e realizaram uma ação coletiva contra a Companhia Paranaense de Eletricidade (Copel). Mais de 400 famílias participam dessa petição, solicitando o ressarcimento de todos os eletrodomésticos queimados e melhorias nas redes elétricas que abastecem a região. De acordo com Leocádio, o local tem uma estrutura de sustentação dos fios muito antiga, há mais de 30 anos não é feita a substituição. “Como os postes que comportam a rede elétrica ainda são de madeira, muitos apodrecem e caem, trazendo ainda mais transtorno para nós. Já pedimos inúmeras vezes que sejam trocados por postes de fibra, mas ninguém toma providências”, declarou o morador. Renato reitera que nenhum morador é obrigado a participar dessa ação coletiva e destaca a importância de se participar dela, levando em conta, o que considera, valores abusivos em algumas contas.


Ele cita, por exemplo, uma dona de casa de Ilha Rasa, que, em janeiro deste ano, recebeu uma conta no valor de R$ 513,49. Renato ressalta ainda que Copel está economizando até no papel da emissão da tarifa. “A Copel não tem fornecido a fatura e os moradores tem que ir até Guaraqueçaba e Paranaguá em uma lan house tirar a fatura para pagar”, denuncia o nativo.

Valor da conta é outro problema dos moradores. Usuária da Ilha Rasa recebeu mais de R$ 500 de luz

COPEL

Procurada pelo JB Litoral, a COPEL informou que continua trabalhando na região e que, na medida do possível, a rede tem permanecido ligada durante a noite e em alguns momentos do dia. Porém, para que as equipes possam escalar em postes para a verificação dos isoladores, é necessário que a energia seja desligada por algumas horas para garantir a segurança dos funcionários. De acordo com o superintendente da Copel no litoral, Sidnei Garsztka, “o último desligamento foi devido ao temporal que provocou muitos e complexos danos a nossa rede, que em vários trechos precisou ser reconstruída”.

Ele completa ainda que “a empresa está trabalhando sempre para que a energia não falte, e se falta que seja restabelecida o mais breve possível. Infelizmente, Guaraqueçaba é extremamente arborizada e nas regiões insulanas o acesso as nossas linhas é mais difícil.