Contêineres em terreno no Vale do Sol servirão para construção de casas ecológicas, diz proprietário


Por Luiza Rampelotti Publicado 08/02/2022 Atualizado 17/02/2024

Na última semana (31), moradores do bairro Vale do Sol, em Paranaguá, denunciaram, por meio das redes sociais, que um terreno particular na região está servindo para armazenar contêineres. Com a operação de transporte dos equipamentos, veículos pesados passaram a ser vistos frequentemente entre as ruas João Groth Elias Filho e João Estival.

Com a movimentação de guindastes, retroescavadeiras e caminhões, os moradores contam que o asfalto está sendo prejudicado, que calçadas foram deterioradas e o trânsito na área ficou caótico. Além disso, eles se preocupam, especialmente, com os pedestres, ciclistas e crianças que passam, todos os dias, por ali.

Após as reclamações, vereadores tomaram a iniciativa de solicitar fiscalização da prefeitura, que mandou equipes das secretarias de Segurança (Semseg), Urbanismo (Semur) e Meio Ambiente (Semma) para a ação no bairro. A operação aconteceu na terça-feira (1) e nessa data, segundo a assessoria de imprensa, “não foram identificadas operações em andamento, nem responsáveis no local para receberem notificação”.

“Uma pesquisa da Semur identificou que são quatro lotes no local, pertencentes a uma empresa. Em contato com o proprietário, foi relatado que o terreno está locado e, em posse do contrato de locação de imóvel, abrimos um processo administrativo com as medidas cabíveis”, explica a prefeitura.

Já a Semseg, por meio da Guarda Civil Municipal, informa que está realizando rondas frequentes e contínuas para impedir a movimentação de veículos pesados na localidade. A Semma também verifica se ocorreu algum crime ambiental no terreno.  

Terminal de contêiner?

Os moradores da região passaram a reclamar sobre a possibilidade de “a região virar um terminal de contêiner”. Eliel Lima diz que “o bairro é residencial” e que o dono da empresa “deve procurar um terreno na área portuária para alugar”. Valeria Matozo também comenta: “Existe tanto lugar para fazer terminal de contêiner, querem fazer justo em bairro residencial”.

Outros residentes ainda destacam que a região foi recém-asfaltada e, com o trânsito pesado, temem que as ruas fiquem esburacadas. “Antes do asfalto ninguém queria se instalar aqui, agora que está asfaltado, o bairro bonito, querem destruir toda a rua, que não foi feita para transitar caminhões pesados e, principalmente, contêineres”, diz Elcio Patrick.

Para esclarecer se o local pode, realmente, virar um terminal de contêiner, o JB Litoral procurou o locatário do terreno, Claudemir de Souza, que informou o que está acontecendo na área. Segundo ele, o terreno serve como depósito para materiais de construção e os contêineres serão utilizados para a fabricação de casas ecológicas.

“Não tem nada a ver com porto, eu aluguei o terreno para armazenar materiais para um negócio particular de construção civil. Estou iniciando um projeto, tanto em Paranaguá quanto em Curitiba, de construção de casas ecológicas sustentáveis, com energia solar, e algumas serão fabricadas em contêiner”, explica.

Depósito provisório

Claudemir conta que a operação de transporte dos contêineres foi feita de forma “segura, com guindaste, dentro da lei, com veículos operacionais autorizados a trabalhar na área”.Desconheço proibição de armazenamento de contêineres, pois não iremos gerar tráfego pesado na região, é só um depósito provisório, por tempo determinado. Farei várias construções e esses contêineres logo serão deslocados para os locais efetivos das construções, no Jardim Paraná e Vila Garcia”, diz.

Quanto à calçada que foi danificada, ele afirma que irá consertar o dano. “Acabou sendo danificada por conta da retroescavadeira que fez a planície do terreno e, em três pontos, quebrou a calçada que estava oca devido ao terreno ter muita água. Mas ela será reconstruída”.

Já a respeito da “geração de tráfego pesado”, ele é contundente ao dizer que “isso não existe”. “Para construir uma casa, é necessário utilizar caminhões e maquinários. Nós não vamos gerar tráfego pesado, apenas construir, e tem prazo para a conclusão”, destaca.

De acordo com Claudemir, o terreno servirá como depósito de materiais de construção como areia, terra e tijolo, por, aproximadamente, um ano. Já os contêineres devem ficar no local por cerca de dois meses.

Em Paranaguá, muitos empreendimentos deixam a cidade por causa de situações como essa”, diz Claudemir. “Eu fiquei muito decepcionado com a atitude dos moradores, sem ninguém analisar nada. Muitas pessoas daquela região serão contratadas para trabalhar na construção, mas ninguém vê isso”, conclui.

Precisa de licença

Procurado, o secretário municipal de Urbanismo, Koiti Cláudio Takiguti, ressalta que, para o armazenamento de contêineres, é necessário realizar um licenciamento. “Se os contêineres são para construção, é preciso um alvará de construção. Enquanto a situação não se resolve, não pode operar, fica tudo embargado, e, se os caminhões continuarem operando, todos serão embargados e multados, pois não pode circulação de veículo pesado naquela área. Os equipamentos também ficam embargados e, inclusive, sujeitos a apreensão”, informa.