Diretora do CMAE fala sobre o aumento no número de casos de autismo em Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 02/06/2022 Atualizado 17/02/2024
CMAE - Centro Municipal de Avaliação Especializada

Desde 2017, os alunos da rede municipal de ensino de Paranaguá contam com o Centro Municipal de Avaliação Especializada (CMAE), que disponibiliza equipe técnica pedagógica formada por professores especialistas em Educação Especial, assistente social, psicólogos, psicopedagogos, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogos, neuropediatra e psiquiatra. O espaço busca facilitar os encaminhamentos realizados pelas escolas sempre que for notada alguma dificuldade de aprendizagem nos estudantes.

No CMAE, são ofertados serviços especializados de apoio, suporte e identificação de necessidades educacionais especiais, avaliação psicoeducacional multiprofissional, visando o desenvolvimento das potencialidades e melhoria do desempenho escolar e social dos alunos da rede municipal. Além disso, também acontecem projetos de prevenção à saúde do professor e atendimento clínico na área da neuropediatria e psiquiatria.

O CMAE segue um protocolo para atendimento aos estudantes da rede municipal de ensino, que são encaminhados para avaliação por apresentarem distúrbios ou transtornos de aprendizagem. Para isso, eles devem estar matriculados em escolas municipais, Centros Municipais de Educação Infantil e/ou instituições de ensino filantrópico. A equipe escolar é a responsável por encaminhar e apresentar ao CMAE os documentos pessoais e específicos do desempenho educacional e comportamental do estudante que, por sua vez, seguirá um cronograma organizado de acordo com as vagas disponíveis”, explica a diretora Irazilda Bisson Dalago.

Irazilda CMAE
Irazilda Dalago é a diretora do Centro Municipal de Avaliação Especializada de Paranaguá. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Aumento de casos de autismo em Paranaguá


De acordo com ela, é possível observar que, nos últimos anos, o número de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), matriculadas na rede municipal de ensino, tem aumentado consideravelmente. O dado pode ser compreendido melhor após análise da informação divulgada pelo Center of Diseases Control and Prevention (CDC), órgão de saúde ligado ao governo dos Estados Unidos, que apresentou, em dezembro de 2021, um relatório apontando que uma a cada 44 crianças nascidas é diagnosticada com TEA. Anteriormente, entre 2000 e 2002, a estimativa era de uma a cada 150 crianças.

Para Irazilda, o aumento nos casos se deve a alguns motivos, entre eles, a forma de diagnóstico que, nos últimos anos, foi alterada e obteve melhora nos critérios, o que determinou que não somente casos graves e moderados, mas, também, os leves, pudessem ser diagnosticados. “E esse aumento não é só em Paranaguá, mas a nível nacional. Atualmente, temos também um número maior de médicos e demais profissionais especializados em TEA, o que facilita o encaminhamento das suspeitas do transtorno ou, ao menos, de que há algo errado com o desenvolvimento de algumas crianças e que pode significar autismo”, pontua.

Equipe do CMAE, que foi inaugurado em 2017. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Ela ainda destaca que a difusão dos conceitos adequados do transtorno e que a obtenção de mais recursos em apoio ao TEA está ligada ao crescimento no número dos diagnósticos. “Não é uma doença, não tem cura, possui critérios definidos de forma clínica e observacional, de diagnóstico multidisciplinar centrado na avaliação médica e que necessita de tratamento precoce. Esses conceitos estão sendo impulsionados através das mídias, dos trabalhos de ONGs, de grupos de pais e mães, e por meio de ações como a do dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Também temos mais recursos apoiando o TEA na forma de pesquisa, na formação de centros especializados em atendimento de autismo, e na forma da Lei Federal Berenice Piana, que garante muito dos direitos aos quais os pais dos autistas tanto buscam e necessitam alcançar para seus filhos”, esclarece.

Centro de Autismo
Em Paranaguá, existem 212 alunos com autismo na rede municipal de ensino. Foto: Prefeitura de Paranaguá

212 autistas na rede municipal de ensino


A diretora informa que, atualmente, 212 estudantes com diagnóstico de transtorno do espectro autista estão matriculados na rede municipal de Paranaguá. Além disso, existem outras 10 crianças em processo de investigação e em observação e, ainda, a suspeita de outras 27 crianças.

Ela explica que a criança ou adolescente com suspeita de TEA, avaliada pela equipe multiprofissional do CMAE, passa por um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes, dentre elas, entrevistas através de anamnese, relatório educacional, observações, testes informais e formais, análise clínica com neuropediatra ou psiquiatra. A conclusão do diagnóstico se dá com encaminhamentos para as devidas intervenções e orientações para serem realizadas no âmbito familiar e escolar.

Paranaguá é uma das poucas cidades do Paraná a possuir um Centro Educacional Municipal de Referência ao Transtorno do Espectro Autista, que atende os alunos matriculados nas modalidades da Educação Infantil e Ensino Fundamental I da rede municipal. “O Centro de Autismo de Paranaguá está se tornando referência para outras cidades. Depois de receber visitas técnicas de profissionais de prefeituras da região litorânea, a equipe recebeu profissionais da prefeitura de Palotina”, finaliza Irazilda.